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Arquitetura

Reforma em apartamento dos anos 1950 reorganiza planta com estilo contemporâneo

Roberta Braga
27/05/2020 11:00
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Foto: Eduardo Macarios | Eduardo Macarios

Um apartamento em um edifício de 1958 localizado no centro de Curitiba, em uma das esquinas da Praça Osório e com vista para o icônico Edifício Asa, não poderia afastar-se das características intrínsecas ao espaço: história e vivacidade. Esse foi o ponto de partida da arquiteta Aline Roman para o projeto de reforma do imóvel de 190 m² que precisava conciliar as necessidades da vida contemporânea e também o estilo pessoal do novo habitante do espaço.
“O morador não vive no Brasil há muitos anos e resolveu voltar ao país e morar em Curitiba. Procurou por imóveis antigos por saber o valor histórico dessas edificações e por ser um entusiasta da boa arquitetura e da preservação de sua memória”, conta a arquiteta, que concluiu a reforma do espaço no começo desse ano.
Foto: Eduardo Macarios
Foto: Eduardo Macarios
A primeira mudança envolveu uma nova distribuição das antigas áreas de serviço, que foram abertas para a área social. “A planta possuía uma organização bem definida em área de serviço (cozinha, quarto e banheiros de serviço), área íntima e área social. O que foi proposto e executado foi o conceito de planta aberta, com espaços integrados para garantir menos limites construídos entre os ambientes”, ressalta Aline. O quarto de serviço foi acoplado à lavanderia e o banheiro de serviço transformou-se em um lavabo.
Além disso, a planta original trazia três quartos, e um deles foi aberto para ampliar a sala. “Uma boa surpresa durante a reforma foi que, ao abrir um dos quartos para a sala, descobriu-se uma viga em ‘Y’, que marcou o espaço como um grande pórtico modernista.”
Foto: Eduardo Macarios
Foto: Eduardo Macarios
A cozinha também foi integrada à sala, o que conferiu melhor aproveitamento da luz natural. Foram retirados os ladrilhos amarelos por estarem em más condições. “Utilizamos nas bancadas, piso e paredes o acabamento em microcimento que é rápido, limpo e traz a pureza dos materiais. A bancada que divide a sala e a cozinha é um mármore verde em placa inteira. Optamos por materiais de verdade por irem ao encontro da solidez do edifício, garantirem durabilidade e fugirem de modismos”, pontua.
Foto: Eduardo Macarios
Foto: Eduardo Macarios
O piso em imbuia foi revitalizado por completo e os mármores do piso dos dois banheiros foram utilizados como soleiras nas áreas onde houve demolição de alvenaria. “Essa marcação foi uma das formas de se manter uma arqueologia do local. É possível perceber onde existia uma parede pois ela está marcada por esta soleira de mármores verdes e rosas que faziam o acabamento dos banheiros. E mais interessante foi perceber que os pilares da área externa do edifício são revestidos por esse mesmo mármore. Mantivemos assim, através do acabamento, a força da história do local, além de termos reaproveitado um material tão precioso”, observa a arquiteta.
Foto: Eduardo Macarios
Foto: Eduardo Macarios
Outro destaque do imóvel é que a área social – sala de jantar e de estar – possui todas as janelas voltadas para o edifício Asa. “É possível vislumbrar as dezenas de pessoas que vão e vem entre as janelas, o movimento real, de pessoas dentro de um edifício tão importante para Curitiba”, ressalta Aline.
O acesso à área íntima é guiado por um painel em pau-ferro feito em lâmina natural. “Não se percebe que nele há três portas que levam para a área íntima. Além disso, o painel emoldura o estar e a madeira traz a sensação de acolhimento. Então, a sala que poderia parecer tão grande e desolada não perde seu aconchego”, pontua Aline.
Foto: Eduardo Macarios
Foto: Eduardo Macarios

Mobiliário

Na disposição do mobiliário, a arquiteta privilegiou móveis soltos e que podem ser trocados de lugar. “Nós mudamos cotidianamente e acredito que temos que ter essa liberdade em nosso lar.”
O novo morador, que aprecia design de mobiliário brasileiro, optou por garimpar peças em diversas plataformas na internet e em antiquários. Os sofás da sala são de Percival Lafer, um dos maiores ícones do design de mobiliário. Foi um achado do próprio cliente. O mesmo aconteceu com a mesa de jantar, as cadeiras, as luminárias, o biombo e as tapeçarias.
“É um projeto que se propõe a ser mínimo, utilizar materiais de verdade, design de qualidade e obras de arte na medida certa. As peças devem ser escolhidas porque mexeram com a alma – e não porque combinam com a paleta de cores do sofá, em uma arquitetura que se aproxima mais da arte”, propõe.
Foto: Eduardo Macarios
Foto: Eduardo Macarios

Quartos e espaço de trabalho

Os outros dois dormitórios do apartamento foram abertos um para o outro, tornando-se integrados, mas com acessos independentes pelas portas mimetizadas no painel de pau-ferro. “Foi uma escolha do cliente para que pudesse usar um dos quartos para dormir e o outro como um escritório. Quando ele recebesse visita, a porta-camarão que divide os dois dormitórios pode ser fechada e o escritório vira um quarto de hóspedes. Foi uma solução para que o quarto de hóspedes não ficasse isolado ou que seu acesso se desse somente pela sala.”

Banheiros

A área de um dos banheiros, que era bastante pequeno, foi ampliada para que pudesse atender melhor ao segundo dormitório. “Um pedido do morador foi a acessibilidade em todos os banheiros, que contam com portas de 90 cm.”
Foto: Eduardo Macarios
Foto: Eduardo Macarios
No piso e na parede, a arquiteta optou pelo microcimento. A sobra da peça de mármore foi utilizada nos tampos da bancada e nos nichos para banheiros. Toda parte hidráulica foi trocada por encanamento de cobre. As louças e metais também foram substituídos por modelos mais atuais, que proporcionam economia de água.

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