Arquitetura

Roteiro apresenta história e detalhes da arquitetura de 240 escolas públicas do Paraná

Luan Galani
12/06/2018 14:00
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Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo | GAZETA

Pense na escola em que você estudou quando criança. Muito provavelmente ela era ornamentada (do tipo eclético ou art déco, com arcos e capitel, por exemplo), em formato de U, com um grande pátio interno, janelões à esquerda e as salas distribuídas nos braços laterais do prédio. Faça o teste. Mas como quase todas as nossas escolas chegaram a essa configuração de ouro? Por que esse modelo foi escolhido como a melhor solução?
Foto para matéria da página da Haus no caderno G. Na foto o Colégio Julia Wanderley. Escola.
Foto para matéria da página da Haus no caderno G. Na foto o Colégio Julia Wanderley. Escola.
Todas essas questões são abordadas no livro “A Arquitetura das Escolas Públicas do Paraná: 1853-1955”, da arquiteta Elizabeth Amorim de Castro, que se debruçou sobre a história e a arquitetura centenárias de mais de 240 escolas do estado. O lançamento será nesta terça-feira, 9h, no Museu da Escola Paranaense, no Batel, e na sexta-feira (15), às 10h30, no auditório da UTFPR do Ecoville. O livro não está à venda, mas será enviado para várias instituições e bibliotecas do Paraná. Também pode ser acessado gratuitamente pelo site Memória Urbana, que contém as publicações da pesquisadora.
O trabalho é viabilizado pelo Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice) e pela Companhia Paranaense de Energia (Copel). Originalmente a pesquisa foi uma tese de doutorado defendida na Universidade Federal do Paraná em 2010.
O estudo também fez um resgate importante de fotos antigas das instituições de ensino do estado, que antes estavam dispersas. “Foi um garimpo iconográfico que ultrapassou a defesa da tese”, conta Amorim. “As escolas são um lugar de memória de muita gente. Mas cada vez mais as pessoas se afastam delas, não considerando como sua. E isso precisa mudar.”
De acordo com Amorim, a partir da República, com a chegada do grupo escolar como o conhecemos hoje (diversas salas de aula reunidas em um único edifício, com laboratório, biblioteca etc), em 1903, diversas questões pedagógicas e higienistas influenciaram os projetos. “A necessidade de ter cada vez mais escolas fez os projetos serem padronizados pela Secretaria de Educação”, explica.
Em geral, a planta em U se consolidou por garantir a separação dos alunos em gêneros, cada qual na sua ala, e, no centro, o núcleo administrativo, como a sala do diretor e um salão nobre. A separação oficial se deu até 1920. Mas alguns lugares continuaram com a prática. O próprio Colégio Estadual do Paraná, com planta em forma de E,  separava os alunos por gênero em 1950: meninas pela manhã e meninos à tarde.
Além da ventilação, Amorim esclarece que janelões à esquerda da sala foram feitos para facilitar a escrita dos alunos, em sua maioria destros, para não criar sombras sobre os papéis.
O ecletismo domina as escolas do Paraná nos anos 1920. Em 1930, com a gestão de Manoel Ribas, o governo decide por uma mudança de postura. As escolas se tornam art déco, mas a planta continua a mesma de antes. “A roupagem é que mudou. Mas a tipologia continuou a mesma”, sentencia Amorim.

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