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Arquitetura

Siga o roteiro e surpreenda-se com a riqueza arquitetônica da Rua XV de Novembro

Mariana Domakoski, especial para HAUS
27/02/2017 15:59
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Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Há 50 anos, uma ação controversa do então prefeito Jaime Lerner levava à inauguração do que se tornou um dos mais famosos e conhecidos cartões-postais de Curitiba: a Rua XV de Novembro, que completa seu cinquentenário nesta quinta-feira (19).
Das crianças pintando no calçadão - que impediram o protesto de um clube de automóveis que era contrário ao fechamento da via para veículos à época - ao comércio de rua, da ligação das praças Osório à Santos Andrade, dos caminhos que levam às casas, serviços, encontros e reencontros, das floreiras sempre coloridas, das apresentações do Natal do Palácio Avenida. São tantos e diversos os usos ao longo dessas cinco décadas que é difícil encontrar entre os moradores da capital e turistas quem não tenha uma lembrança ou um local preferido na XV de Novembro.
Em nossa homenagem a essa jovem, que muito ainda tem a contribuir e ensinar à cidade, visto a diversidade - em muitos sentidos - que exala diariamente, HAUS recupera um passeio arquitetônico pela XV de Novembro, realizado na companhia do arquiteto Guilherme de Macedo, do escritório Lona Arquitetos, e do colaborador do escritório Breno Burrego, em um tranquilo feriado de carnaval. Confira!

O começo (ou o fim?)

O ponto de partida escolhido não foi o relógio da Praça Osório, a Boca Maldita ou o bondinho. Não estava na parte mais turística da rua. Para inciar a caminhada, eles optaram por uma parte mais próxima à Praça Santos Andrade, voltada ao comércio e que reúne em poucas quadras exemplares de vários momentos importantes da arquitetura de Curitiba. São construções art-déco, ecléticas, neo-góticas e modernistas convivendo lado a lado.
Roteiro de perímetro pouco visitado da Rua XV é uma boa forma de conhecer a história arquitetôniva da cidade.   Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Roteiro de perímetro pouco visitado da Rua XV é uma boa forma de conhecer a história arquitetôniva da cidade. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
No cruzamento entre a XV e a Av. Marechal Floriano, em frente a um painel de Poty Lazzarotto, está localizado um edifício de esquina projetado por Rubens Meister, responsável pelo Teatro Guaíra. É possível perceber semelhanças com outras obras do engenheiro, como os pilares em cruz que também estão na Rodoferroviária, de sua autoria. “Outra marca de Meister é o uso dos materiais crus, ele não tenta escondê-los”, aponta Burrego. O recuo, obrigatório pelo Plano Massa para ampliar a área do pedestre, e o pé-direito alto para acomodar comércio no térreo também se fazem presentes.
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Um pouco adiante, em direção à Santos Andrade, os dois edifícios da rede Marisa. Lado a lado, um é eclético, com uso de ferro na fachada, e, o outro, art-déco, cheio de geometrização e verticalidade. “Na época do ecletismo, ainda não havia tecnologia suficiente para instalação de grandes volumes saindo do prédio”, explica Macedo. Por isso, há apenas pequenas saídas com guarda-corpos em metal.
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Seguindo o caminho, está um prédio de 1893 que sedia uma agência do Itaú. Eclético com traços neogóticos, traz elementos característicos do estilo, com destaque para as esquadrias de madeira nas janelas.
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
“A partir desse ponto, começa uma predominância de casarões das décadas de 1920 e 1930, bem eclética”, afirma Macedo. Um dos exemplos é o edifício que abriga a Confeitaria das Famílias.
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Do outro lado da rua, dois edifícios grudados permitem uma comparação clara de estilos. Um, eclético, é uma junção de elementos de vários estilos, com arcos e floreiras em relevo. O outro tem a sobriedade do art-déco, com mais geometria. Neste último, que já abrigou as Livrarias Ghignone, a porta de madeira original foi mantida, mas não leva a lugar algum. Ao lado, uma placa com o poema “A Porta”, de Nireu Teixeira.
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Adiante, no cruzamento com a Rua Barão do Rio Branco, quatro imponentes se encaram, cada um em uma ponta a esquina. Três edifícios art-déco de frente para um eclético. Um deles é a antiga sede do Clube Curitibano, com uma marquise de quase dois metros. Em frente, outro com a estética tem uma loja da Tim no térreo, com muita geometria e verticalização. “Nesse é legal perceber a apropriação do edifício: cada andar optou por um tipo de grade. Umas são horizontais, outras, verticais”, ressalta Macedo.
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Ao virar para o sentido oposto da XV, outro edifício art-déco mostra como o concreto armado permitiu o aproveitamento das esquinas e a brincadeira volumétrica. Todos os três “encaram” o prédio eclético da outra esquina, com mais ornamentos e a inscrição da data de construção: 1926.
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Sem sair do lugar, dá para ver o Edifício Augusto Hauer, uma das marcas de uma estética mais modernista na rua. Possui pilares em formato triangular e janelas maiores. Suas diferenças volumétricas promovem sombreamentos.
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Adiante, um prédio que pode ser considerado proto-moderno, com janelas de pano inteiro de vidro e frisos que evitam que elas fiquem manchadas durante as chuvas. “Isso mostra um capricho na construção”, afirma Macedo.

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