Arquitetura

Teatro Guaíra recebe pintura que pode danificar sua arquitetura original

Luan Galani
08/03/2017 18:02
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Pichações frequentes e orçamento enxuto obrigaram a administração atual do Teatro Guaíra a repintar parte de sua fachada histórica. Foto: Luan Galani/Gazeta do Povo

O Teatro Guaíra está de cara nova. Mas isso não é motivo para comemorar. Há poucos dias as granilhas da base da fachada da Rua Tibagi receberam uma camada de tinta, o que pode danificar a arquitetura original de 1954, tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná, caso as tintas não sejam removíveis. A informação foi passada para a HAUS pelo arquiteto Mario Sampaio.
De acordo com a diretora-presidente do teatro, Monica Rischbieter, as pichações frequentes e o orçamento enxuto obrigaram a administração a recorrer à pintura como solução paliativa.
“O ideal seria a recuperação das áreas externas, mas não existe possibilidade financeira para isso agora”, confidencia Monica. “As granilhas do projeto arquitetônico original nunca deveriam ter sido pintadas, mas, em algum momento, em alguma outra gestão, elas começaram a ser pintadas.”
Existe um plano de restauro das áreas externas desenvolvido pelo escritório PJJ Malucelli Arquitetura, mas por falta de financiamento o projeto nunca foi para frente. Agora o teatro está em busca de parceiros para revitalizar suas fachadas.
Para o arquiteto e urbanista Fábio Domingos Batista, especialista em patrimônio histórico e cotidiano urbano, que está preparando um livro sobre o engenheiro paranaense Rubens Meister, autor do projeto do Guaíra, não há problema na pintura como uma solução temporária. Mas alerta: “A tinta aplicada tem de ser reversível. Do contrário, a pintura pode se tornar um problema ainda maior que o picho”.
Como o restauro imediato não é possível, outra possibilidade aventada seria limpar as pichações com jatos de areia. Porém, de acordo com o arquiteto e urbanista Cláudio Forte Maiolino, diretor da Albatroz Construção e Restauro e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o jato de areia foi abolido dos processos de restauro por danificar ainda mais as superfícies.
“A pintura faz com que o revestimento texturizado perca a linguagem natural, a cor e a textura”, frisa Maiolino. “Nesse caso, o melhor seria uma película que permitisse limpar as pichações com frequência”.

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