Arquitetura

Trincas, fissuras e rachaduras: saiba como identificar e resolver o problema

Sharon Abdalla
18/09/2017 20:19
Thumbnail

Foto: Gilberto Abelha/Arquivo/Gazeta do Povo | Gilberto Abelha - Jornal de Londrina

Depois do terremoto que atingiu a região de Curitiba na madrugada desta segunda-feira (18), alguns imóveis acordaram com fissuras, rachaduras e trincas. Se não tratadas, tais “patologias” podem comprometer a estrutura da construção e a segurança de seus habitantes. Em casos mais graves, por exemplo, podem ocorrer até desabamentos de parte do imóvel.
Os motivos que fazem com que os “tracejados” apareçam nas paredes, vigas e lajes são diversos, indo de infiltração a tremores de terra, como explica Marcelo Solera, coordenador técnico da Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis da Prefeitura de Curitiba (Cosed).
IMOVEIS INTERDITADOS NO CENTRO - LONDRINA - 26/03/10 - Cinco imóveis, no Calçadão do centro de Londrina, foram interditados por rachaduras nas paredes. A causa ainda não foi descoberta. Na foto: rachaduras na Valluê Boutique. Gilberto Abelha / Agência de Notícias Gazeta do Povo
IMOVEIS INTERDITADOS NO CENTRO - LONDRINA - 26/03/10 - Cinco imóveis, no Calçadão do centro de Londrina, foram interditados por rachaduras nas paredes. A causa ainda não foi descoberta. Na foto: rachaduras na Valluê Boutique. Gilberto Abelha / Agência de Notícias Gazeta do Povo
“O trânsito de veículos, a execução de uma obra vizinha onde seja feita a escavação ou compactação do terreno ou qualquer outra trepidação no solo pode causar modificações na edificação e [favorecer] o surgimento das fissuras”, acrescenta.

Qual é qual?

Apesar da nomenclatura distinta, em linhas gerais as fissuras, trincas e rachaduras são a mesma coisa: aberturas alongadas que se estendem pelas paredes ou partes estruturais da construção, como vigas, pilares e lajes. O que as difere é o tamanho e o “tempo de vida” desta abertura.
Assim, a fissura é primeiro estágio da patologia e corresponde a aberturas finas (de até 1 mm) e alongadas, geralmente superficiais. A trinca, que vem na sequência, ocorre quando esta abertura aumenta (entre 1 e 3 mm) a ponto de dividir a estrutura, como as paredes, em duas partes distintas. Já as rachaduras são caracterizadas por aberturas (acima de 3 mm) através das quais podem passar o vento e a água das chuvas, por exemplo.
IMOVEIS INTERDITADOS NO CENTRO - LONDRINA - 26/03/10 - Cinco imóveis, no Calçadão do centro de Londrina, foram interditados por rachaduras nas paredes. A causa ainda não foi descoberta. Na foto: Rachaduras na Mãos e Pés Cabelereiro. Gilberto Abelha / Agência de Notícias Gazeta do Povo
IMOVEIS INTERDITADOS NO CENTRO - LONDRINA - 26/03/10 - Cinco imóveis, no Calçadão do centro de Londrina, foram interditados por rachaduras nas paredes. A causa ainda não foi descoberta. Na foto: Rachaduras na Mãos e Pés Cabelereiro. Gilberto Abelha / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Para verificar se há ou não evolução da abertura, a dica do coordenador técnico da Cosed é marcar com um lápis suas extremidades e medir sua largura com uma régua, anotando a data da medição. A cada dez dias, em média, a pessoa pode fazer o acompanhamento desta medida, para observar se ela cresceu em extensão e/ou em largura.

Riscos

Se não tratadas, as trincas, fissuras e rachaduras podem comprometer a estrutura do imóvel, com riscos até de desabamentos parciais ou colapso da construção, em casos mais graves. E não é apenas o tamanho da abertura a responsável por identificar a gravidade da patologia, como lembra Vera Lúcia de Campos Correa Shebalj, perita e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Paraná (Ibape-PR). “Às vezes uma abertura pequenininha é mais perigosa do que uma brecha”, completa.
Foto: Gilberto Abelha/Arquivo/Gazeta do Povo
Foto: Gilberto Abelha/Arquivo/Gazeta do Povo
A direção da abertura é outro ponto que deve ser avaliado. Trincas, fissuras e rachaduras horizontais ou verticais não costumam estar relacionadas a problemas estruturais do imóvel e geralmente têm como agentes causadores a dilatação térmica, infiltração ou sobrecargas existentes na estrutura do imóvel, como explica Solera.
“As aberturas com ângulo de 45° são as mais preocupantes, pois podem ser decorrentes de recalque [afundamento parcial] da fundação. Elas podem aparecer nas paredes, vigas, lajes ou pilares e, quando forem grandes, significar que o recalque já afetou a estrutura do imóvel”, alerta o coordenador.

Como solucionar?

O primeiro passo para eliminar uma fissura, trinca ou rachadura com segurança é identificar o que está causando a abertura. Para isso, o proprietário ou o morador deve contratar um engenheiro habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, capaz de avaliar se se trata ou não de um problema estrutural e o que será necessário executar para frear e corrigir a patologia.
“Quando o corpo dá algum sinal devemos procurar um médico. Com o imóvel acontece o mesmo. A trinca e a fissura são os sinais que ele dá”, acrescenta Vera Lúcia.
A Cosed realiza vistoria em imóveis localizados em Curitiba que apresentem problemas graves relacionados a trincas, fissuras e rachaduras com o objetivo de verificar se elas representam risco eminente a seus ocupantes. A vistoria pode ser solicitada pelo telefone 156. “Nós verificamos se há risco estrutural eminente e, em caso positivo, notificamos o responsável pelo problema”, explica Solera.

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!