Arquitetura

Por que a UFRJ recusou R$ 300 milhões para reforma do Museu Nacional

HAUS*
18/04/2019 21:00
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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil | Tomaz Silva/Agência Brasil

Destruído pelo fogo, o Museu Nacional já recebeu uma oferta milionária do Banco Mundial para reforma e modernização de sua estrutura. Essa história só veio à tona porque o dono dela diz estar revoltado com o descaso que culminou na destruição de 90% do acervo da instituição no incêndio de 2 de setembro de 2018, que está sob apuração da Polícia Federal.
Israel Klabin, 91, ex-presidente do grupo Klabin (papel e celulose), foi quem conseguiu o cheque de US$ 80 milhões do Banco Mundial para financiar a reforma do museu em meados dos anos 1990. Na cotação atual, o valor seria o equivalente a R$ 332 milhões.
Desde o incêndio que atingiu suas instalações em setembro do ano passado, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, recebeu cerca de R$ 1,1 milhão em doações. A título de comparação, foram prometidos mais de R$ 3 bilhões em dois dias para a reconstrução da Catedral Notre-Dame, na França, que pegou fogo na segunda-feira (15).
Foto: Mauro Pimentel/AFP
Foto: Mauro Pimentel/AFP
Klabin disse à reportagem do Journal Brazil que chegou a trabalhar no pré-projeto que seria apresentado à instituição financeira para o recurso ser liberado. No entanto, o dinheiro nunca saiu do papel por um veto da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a responsável pela gestão da instituição museológica.
Segundo Klabin, o Banco Mundial impôs uma condição para autorizar o recurso: a UFRJ teria de entregar a administração do museu, que passaria a ser uma organização social.
Na prática, o museu se tornaria uma associação privada sem fins lucrativos que presta serviços de interesse público. “Os professores e membros influentes da UFRJ foram contra”, disse o empresário.
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
A UFRJ foi procurada pela Folha de S.Paulo, mas, até esta publicação, não havia se manifestado sobre as declarações de Israel Klabin.
O empresário tinha trânsito com o então presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, também seu amigo, e com o setor público – Klabin foi prefeito do Rio entre 1979 e 1980.
O empenho de Klabin em reformar o palácio tinha também um motivo mais de ordem afetiva. Foi na então Universidade do Brasil, hoje conhecida como UFRJ, que o executivo cursou engenharia civil e matemática.
Pelos entraves que barraram a reforma, e, agora, com o incêndio que destruiu o museu, o executivo disse ao Brazil Journal que está com raiva do Brasil.
“Sabe o que vai acontecer agora? Vai acontecer a mesma coisa com o Jardim Botânico, com a Biblioteca Nacional e várias outras instituições herdadas por um governo incapaz e ineficiente. Estamos vivendo em um estado cartorial. O Brasil inteiro nas mãos de governos ineficientes cuja gestão é sempre politizada.”
A firefighter stands at the entrance of Rio de Janeiro's treasured National Museum, one of Brazil's oldest, on September 3, 2018 a day after a massive fire ripped through the building. - The majestic edifice stood engulfed in flames as plumes of smoke shot into the night sky, while firefighters battled to control the blaze that erupted around 2230 GMT. Five hours later they had managed to smother much of the inferno that had torn through hundreds of rooms, but were still working to extinguish it completely, according to an AFP photographer at the scene. (Photo by Carl DE SOUZA / AFP)
A firefighter stands at the entrance of Rio de Janeiro's treasured National Museum, one of Brazil's oldest, on September 3, 2018 a day after a massive fire ripped through the building. - The majestic edifice stood engulfed in flames as plumes of smoke shot into the night sky, while firefighters battled to control the blaze that erupted around 2230 GMT. Five hours later they had managed to smother much of the inferno that had torn through hundreds of rooms, but were still working to extinguish it completely, according to an AFP photographer at the scene. (Photo by Carl DE SOUZA / AFP)
*Matéria publicada originalmente dia 04/09/2018. Com Folhapress.

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