Eat, pray, love

Daniela Busarello
29/10/2015 00:00
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Comer, Rezar, Amar é um belo título de livro, uma bela filosofia de vida. À sonhar e à realizar. A cada mês, quando me concentro para escrever para vocês,  minha inspiração passa pela observação do que está acontecendo no aqui agora. L’air du temps. Naturalmente surgem conexões com memórias do passado. Gosto de saber que se conectam sensações, lembranças e que assim criam-se novas histórias. Estou falando de design e arquitetura, mas, também da vida, pois tudo está ligado. O espaço é o nosso cotidiano e por isso tenho tanto amor por esta profissão. É amor à vida!
Eat: “The fantasies of Charles”, by Charles Kaisin, 2012
Charles Kaisin é belga, um poeta do design e da vida. Ele criou uma mesa-floresta que acolhe 36 pessoas. São três metros de uma prancha horizontal em carvalho maciço e pés de troncos de árvores. Esta criação foi protagonista de um jantar que ele ofereceu na feira de arte de Bruxelas há alguns anos. Os convidados foram recebidos com 36 cadeiras-ninhos onde estavam passarinhos que seriam soltos na natureza no dia seguinte. Havia ainda 36 livros que continham uma pílula de ginseng no seu interior, conhecido por melhorar a qualidade de vida e proporcionar a longevidade. Na lombada de cada livro, uma letra, que juntas formavam a frase : “Tudo pertence àqueles que sabem desfrutar”. O toque final , um piso-tapete dourado para fazer com que todos “levitem” na atmosfera poética-onírica.
Pray: Coro da Igreja de Saint Hilaire em Melle, by Mathieu Lehanneur, 2011
O coro de uma igreja romana se transforma em um espetacular espaço-metamorfose em mármore. Harmonia e contraste. Uma ode à arquitetura existente: mármores e alabastros esculpidos em curvas sacras, em baixo e alto relevo – o púlpito, o altar, o batistério. Curvas que vão e vêm, criam surpresas e descobertas. As linhas horizontais que se harmonizam com as verticais dos pilares da arquitetura românica. Um diálogo harmônico, separado por quase um século de criação. Lehanneur é conhecido por trabalhar com ciência e poesia. É o que resulta aqui : um cenário introspectivo, artístico e emocionante que eleva seu visitante ao Nirvana.
Love: arquitetura efêmera Dior, by Raf Simons 2015
Do dia para a noite se descortina uma arquitetura efêmera na emblemática cour carrée do Museu do Louvre : uma “colina de lavandas”, um “abraço”, uma miragem para os convidados do desfile primavera-verão 2016 da marca. Através de um portal quase tímido, penetra-se em um espaço branco imaculado, com luminárias high-tech, que no meu imaginário lembram OVNI’s. Raf Simons, o diretor artístico da Dior se inspirou da paisagem feminina, delicada e naif do sul da França, com seus campos de lavandas e girassóis. Toda esta poesia cenográfica tem uma precisão técnica que “desaparece”, mas que é importante ressaltar para entender a dimensão espacial : uma estrutura de 4 mil m2, 160 toneladas, elevada à 18 metros de altura “vestida” com 400 mil galhos de Delphinium azul. Mas agora, esqueça estes números e se deixe levar pelo perfume.

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