Entenda e aproveite a cidade com base na geometria urbana

Key Imaguire Junior
25/09/2016 22:44
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As cidades estão cheias de geometrias que nem sempre percebemos: na arquitetura, nos traçados, nos usos, no céu. Foto: Marialba RG Imaguire/Divulgação

Geometrias Urbanas

O antropólogo J.G.C.Magnani propõe estudar a cidade em categorias de análise espaciais como “circuito” e “trajeto”,“mancha” e “pedaço” – definidos pelo uso sistemático e hábitos de deslocamento das pessoas na malha urbana.
Sem qualquer pretensão científica, apenas dentro da intenção de registro que é uma crônica, a percepção da presença de elementos geométricos no nosso uso da cidade pode nos ajudar a entendê-la melhor – e, é claro, vivê-la mais conscientemente também.
Comecemos pelo mais básico elemento geométrico: o ponto. Ele tem seu correspondente imediato no vocabulário cotidiano: “fulano faz ponto no bar do Popadiuk” – podendo significar que é pontual como se dependesse do relógio-ponto, como da frequência regular ao local que, na malha urbana, corresponde à definição “ponto de encontro de duas retas”, isto é, a rua com sua numeração.
Ponto de ônibus ou de táxi tem a mesma conotação: local de parada fixo e sinalizado. Mas também pode ser o local de convergência para qualquer finalidade: ponto de venda de algum artigo, praça dos skatistas, ponto do cafezinho…
Já uma linha, por definição, é dinâmica: acontece pelo deslocamento de um ponto. Mas não é necessariamente um percurso: pode ser uma sequência de edificações, de equipamento urbano, de veículos. Alinhamento de árvores, de postes – unidos pela linha do fio – e assim por diante.
Há linhas que são percursos e, portanto, dinâmicas – agora estão ali, agora não estão mais – o antigo “footing”, desfiles, passeatas. Tenho particular simpatia pelos percursos individuais a pé, dando conta de uma atividade costumeira: percurso para ir trabalhar, comprar o pão, visitar alguém, passear com o cachorro…
Embora seja um conceito geométrico, a área não depende de forma – antes, raramente a tem definida. Como na geometria, o encontro de duas linhas – ruas – já define uma área. Um boteco de esquina é um ponto que irradia sua presença pelas linhas que o definem. Mas há áreas definidas por vários pontos: por exemplo, estabelecimentos comerciais de mesmo tema, em ruas próximas: naquela área, há vários sebos.
O conceito seguinte, evidente, seria o de volume: mas não se lida com muita intimidade com ele. Usamos com mais desenvoltura a ideia de espaço para designá-lo: ter espaço para tal ou qual atividade, “Espaço das Artes”, espaço para ensaio, espaço para isso ou aquilo. E, minha nossa, com que irresponsabilidade usamos o espaço atmosférico…
São recursos básicos que podem ajudar a entender – e usar com mais propriedade – esse organismo de altíssima complexidade que é uma cidade. Tentei usar só os conceitos positivos, mas todos sabemos o quanto isso é relativo em nossas urbes modernas: “ponto” pode ser de venda de droga; “linha” pode ser fila de congestionamento de carros; “área” pode ser de risco ou de poluição; “espaço” pode ser para atividades não mencionáveis…

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