Artista transforma quatro contêineres em casa e ateliê

Penelope Green / NYT
11/01/2017 17:01
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(Matthew Johnson/The New York Times) | NYT

Lars Fisk já sobreviveu a dois furacões nos quatro contêineres de carga que considera sua casa. A estrutura, que ficava no cantinho do estacionamento do Costco, ao lado do Parque de Esculturas Socrates de Long Island City, no Queens, foi transferida, no ano passado, para um terreno estreito e cheio de mato em Red Hook, no Brooklyn.
Para se preparar para o próximo furacão, Fisk, 45 anos, escultor hábil que faz arte pública há duas décadas – e é o diretor de arte da jam band de Vermont, Phish, criando seus espetáculos elaborados à la Bread & Puppet Theater há quase o mesmo tempo – já está escolhendo os suportes.
Empilhados de dois em dois, lembrando peças de Lego, os contêineres fazem as vezes de uma casa simples, de um dormitório, que o dono decora com toques caseiros – como a espreguiçadeira de couro Eames, a estante cheia de badulaques sobre a escada estreita, a arte folk nas paredes forradas de madeira, o tapete puído, as claraboias e plantas penduradas em cachepôs de macramê. Uma grua fixa desponta pelas portas duplas de aço do andar superior, para içar móveis e objetos de arte.
Two of artist Lars Fisk's four shipping containers that make up his home, on a weedy lot he rents in the Red Hook neighborhood of New York, Aug. 17, 2016. The thrifty sculptor of public art, best known for his penchant to playfully render familiar objects as spheres, says he has learned to be economical. (Matthew Johnson/The New York Times)
Two of artist Lars Fisk's four shipping containers that make up his home, on a weedy lot he rents in the Red Hook neighborhood of New York, Aug. 17, 2016. The thrifty sculptor of public art, best known for his penchant to playfully render familiar objects as spheres, says he has learned to be economical. (Matthew Johnson/The New York Times)
Porém, com tudo fechado, jamais alguém pensaria que eles guardam algum resquício de vida doméstica – do tipo que serve perfeitamente às necessidades do talentoso e engenhoso Fisk, que diz “ter dado um jeito” na eletricidade e na água e paga um aluguel modesto pelo terreno. “Praticamente toda a casa é feita de sobras; a única coisa mais caprichada é o piso de madeira, que era da sede de uma fazenda na Pensilvânia”, explica ele.
Quando se faz arte pública como Fisk, aprende-se a ser econômico. “Tem sempre um jeito para dar uma segurada no estilo de vida, nas despesas, nas expectativas”, garante.
A second-story room, which includes a jib crane for hauling items up from the ground, in artist Lars Fisk's home that is made of four shipping containers stacked on a weedy lot he rents in the Red Hook neighborhood of New York, Aug. 17, 2016. The thrifty sculptor of public art, best known for his penchant to playfully render familiar objects as spheres, says he has learned to be economical. (Matthew Johnson/The New York Times)
A second-story room, which includes a jib crane for hauling items up from the ground, in artist Lars Fisk's home that is made of four shipping containers stacked on a weedy lot he rents in the Red Hook neighborhood of New York, Aug. 17, 2016. The thrifty sculptor of public art, best known for his penchant to playfully render familiar objects as spheres, says he has learned to be economical. (Matthew Johnson/The New York Times)
Artist Lars Fisk works on his 15-foot tall "lot" ball, inspired by a Costco parking lot he once lived near, at his studio in New York, Aug. 17, 2016. Fisk, whose work is most often found outdoors, is exhibiting inside for a change, with a solo show called "Mr. Softee," opening Sept. 8 at the Marlborough Chelsea gallery. (Matthew Johnson/The New York Times)
Artist Lars Fisk works on his 15-foot tall "lot" ball, inspired by a Costco parking lot he once lived near, at his studio in New York, Aug. 17, 2016. Fisk, whose work is most often found outdoors, is exhibiting inside for a change, with a solo show called "Mr. Softee," opening Sept. 8 at the Marlborough Chelsea gallery. (Matthew Johnson/The New York Times)
O artista Lars Fisk trabalha em na Lot Ball, inspirada por um estacionamento que ele já viveu perto. A maioria do trabalho do escultor pode ser encontrado ao ar livre. (Matthew Johnson/The New York Times)
Durante sete anos ele foi o gerente do estúdio e das instalações do Parque de Esculturas Socrates, um antigo aterro transformado em espaço de arte, museu e parque público, vivendo nos contêineres doados que o parque usa para armazenamento e espaço de trabalho.
Nos fins de semana, ficava horrorizado e hipnotizado pelas cenas que via da janela da cozinha: e se chocava com o contraste entre o campus do Socrates, área que dava a impressão de ser, segundo suas palavras, “rústica, sem-lei e coberta de mato”, e o espaço imenso da loja, mais parecida com um caixote gigante, “um trecho de asfalto imaculado pontilhado de anúncios, a sinalização para os carros e a multidão entrando e saindo”, segundo sua descrição.
Fisk chegou a entrar ali para comprar comida para os gatos umas duas ou três vezes – pois três animais que viviam no Socrates acharam seus contêineres tão confortáveis que decidiam se mudar para lá. E quando levou a residência para Red Hook, no ano passado, os felinos foram junto.
A operação foi simples: dois caminhões, uma empilhadeira e um dia de trabalho para levar e colocar os quatro contêineres no lugar. Por mais graciosa que seja, a casa não conta nem com metade do capricho que tinha no Queens, versão com direito a solário e até varanda. “Não cabia no caminhão, então tive que limar”, simplifica Fisk.
A room inside Artist Lars Fisk's home that is made of four shipping containers that are stacked on a weedy lot he rents in the Red Hook neighborhood of New York, Aug. 17, 2016. The thrifty sculptor of public art, best known for his penchant to playfully render familiar objects as spheres, says he has learned to be economical. (Matthew Johnson/The New York Times)
A room inside Artist Lars Fisk's home that is made of four shipping containers that are stacked on a weedy lot he rents in the Red Hook neighborhood of New York, Aug. 17, 2016. The thrifty sculptor of public art, best known for his penchant to playfully render familiar objects as spheres, says he has learned to be economical. (Matthew Johnson/The New York Times)
Depois de 10z anos em Burlington, Fisk se mudou para Nova York para cursar Belas Artes em Columbia; a seguir, fez a peregrinação a Joshua Tree, na Califórnia, para trabalhar com a artista Andrea Zittel em seu experimento desértico de decoração de contêineres.
Em 2008, o Socrates, onde Fisk se destacou como artista e expositor, lhe ofereceu um emprego e um contêiner. “Uma combinação irresistível”, confessa ele. No primeiro ano, transformou-o em seu escritório de campo, instalando um chuveiro à base de energia solar e uma cozinha externa. “Era bem básico”, relembra.
Depois de cinco, já tinha acrescentado mais três contêineres, além de um solário e varanda no anda superior. Hoje tem um banheiro seco (chamado Incinolet, é elétrico e queima os dejetos, transformando-os em cinzas) e uma banheira com pés de garras. Há um mosquiteiro sobre a cama que ele mesmo fez. Quando faz calor, dorme com as portas duplas abertas.
“Viver num contêiner não é ideal, mas é barato.” Os vazamentos são uma constante (embora Fisk garanta gostar do barulho da chuva batendo no metal), como também a condensação no inverno. “Se a temperatura externa é muito baixa e a interna, muito alta, a variação faz as paredes suarem o tempo todo”, explica.
Artist Lars Fisk works on a "subway" ball, with tiling like that inside the city's 23rd Street Station, at his studio in New York, Aug. 17, 2016. Fisk, whose work is most often found outdoors, is exhibiting inside for a change, with a solo show called "Mr. Softee," opening Sept. 8 at the Marlborough Chelsea gallery. (Matthew Johnson/The New York Times)
Artist Lars Fisk works on a "subway" ball, with tiling like that inside the city's 23rd Street Station, at his studio in New York, Aug. 17, 2016. Fisk, whose work is most often found outdoors, is exhibiting inside for a change, with a solo show called "Mr. Softee," opening Sept. 8 at the Marlborough Chelsea gallery. (Matthew Johnson/The New York Times)
Fisk também descobriu que água quente é um luxo sem o qual não pode viver e que 76 centímetros é a largura mínima com que seu corpo tem que lidar, seja na escadaria ou no batente da porta. Além disso, as dimensões padrão de 6 x 2,4 x 2,6 m são mirradas demais – e é por isso que decidiu montar a casa no esquema dois em cima e dois em baixo.
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