Decoração

10 destaques e 3 tendências da principal feira de design autoral do Brasil

Aléxia Saraiva
13/02/2020 12:45
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Vasos cerâmicos de Célia Canosa na Paralela Design. Foto: divulgação

Identidade e personalidade. Mais do que tendências, essas são as palavras que melhor definem a Paralela Design, principal feira de design autoral brasileiro. Ela funciona como uma vitrine do setor, e conta com a curadoria de Marisa Ota há 19 anos. Nesta edição, são mais de 50 expositores no pavilhão Oca do Ibirapuera, em São Paulo. A feira segue até esta sexta-feira (14).
A sustentabilidade e a preocupação com as matérias-primas são um dos principais elos de ligação entre as marcas. O que se percebe é que o processo criativo dos designers tem se voltado cada vez mais para o respeito aos materiais – seja trabalhando com upcycling, ressignificando materiais antes pouco utilizados ou buscando explorar novas expressões de matérias-primas mais clássicas.
HAUS circulou na feira em seu primeiro dia e levantou 10 destaques que se dividem em três tendências. Confira a seguir:

Ângulos

Ângulos retos, agudos, obtusos. Com ou sem inclinação, os contornos e os fechamentos de diferentes peças ganham protagonismo e se transformam nos seus diferenciais.
Um exemplo são os vasos criados pelo designer Paulo Goldstein. Cada modelo é desenhado para receber uma espécie específica de planta, pensando em como potencializar a anatomia vegetal.  “Os vasos complementam a beleza da natureza”, ele conta. Os modelos trabalham latão, aço e cobre, com solda prata.
O modelo V1, desenhado para folhas da espécie estrelítzia, ocupa 1,20 m no total – pensando vaso e folha como um só objeto. Foto: Gui Gomes
O modelo V1, desenhado para folhas da espécie estrelítzia, ocupa 1,20 m no total – pensando vaso e folha como um só objeto. Foto: Gui Gomes
Já o designer Tiago Curioni, do Across the Ocean, orbita entre o design brasileiro e o português. Com uma filial em Porto, Portugal, ele apresentou uma série de lançamentos na feira. Um dos seus destaques é a Pipa, primeira cadeira de madeira da marca. Feita em tauari e com seis opções de tonalidade, ela salienta seus fechamentos, criando eixos que se cruzam.
Cadeira Pipa, por Tiago Curioni, é lançamento da Paralela 2020. Foto: divulgação
Cadeira Pipa, por Tiago Curioni, é lançamento da Paralela 2020. Foto: divulgação
Outro lançamento são as mesas Talvegue, palavra da língua portuguesa que significa “linha de maior profundidade no leito de um rio”. Criada pelo arquiteto Marllon Morais e pelo designer Rodrigo Queiroz, ambos do mineiro Estúdio Dentro, as peças contrastam metal, madeira e vidro, trazendo versatilidade no uso.
Foto: divulgação
Foto: divulgação
No estúdio Knót, da arquiteta Renata Gutierrez e do marceneiro James Rowland, o destaque vai para a Linha Circular, de linhas simples e inspiração nórdica. Acostumados a desenhar móveis, eles se desafiaram a levar à Paralela uma linha de objetos menores, que trabalham diferentes angulações. São cinco novas peças no total, incluindo mesas de apoio e um espelho-penteadeira.
Linha Circular, lançamento da Knót. Foto: divulgação
Linha Circular, lançamento da Knót. Foto: divulgação

Cerâmicas, porcelanas e o acaso no processo

“Celebração”. Essa é a palavra que Denise Braune, ceramista — e também ex-professora e ex-advogada, escolheu as peças que expõe em sua primeira Paralela. No entanto, ela é já é veterana em feiras: nos últimos três anos, já participou de feiras na Romênia e na Bélgica, onde inclusive foi premiada. Para ela, a cerâmica é uma analogia da própria vida. Rearranjando as peças, é possível se criar novas perspectivas para os mesmos objetos. “O que era apoio de um vira uma coroa para o outro”, ela diz, enquanto mexe nos objetos.
Embora já tenha feito um curso de cerâmica quando era adolescente, foi muitos anos depois, em 2012, que decidiu se dedicar a ela com seriedade. “Essa matéria tem um magnetismo próprio, a gente é absorvido por esse material”, confidencia. Altos e baixos fizeram parte da consolidação de suas peças. Para a Paralela, trouxe o resultado de seu último processo criativo. Os tons terrosos, não tão distantes da própria matéria-prima da cerâmica, são propositais: “mostram as coisas como elas são”.
Um projeto de mãe e filha artistas plásticas deu origem ao ateliê Le Motif. Camila W. Rubini de Souza e Marta Mercedes W. Rubini misturam os processos da porcelana à pintura. Mas um terceiro elemento ajuda a criar a autoria das peças: a própria queima das peças, que absorve tintas e muda texturas segundo a própria “vontade”. O resultado é, invariavelmente, único.
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Estreantes na Paralela, três séries foram lançadas na feira: a Movimentos Dourados, com vasos finalizados em ouro; a Série Giverny, com flores inspiradas nos jardins d’água de Monet; e a Encontros, que une a porcelana à pintura.
Série Giverny. Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Série Giverny. Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Para Bárbara Penaforte, a inspiração da linha Geometria veio de uma viagem ao Vale do Catimbau, em Pernambuco. Sempre pautada por temáticas brasileiras, dessa vez foi a linha das árvores que deu origem a vasos e azulejos de cerâmica que flertam com a geometria. As cores vivas são o ponto alto do trabalho, esbanjando personalidade.
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
As porcelanas coloridas de Celia Canosa têm um toque especial em sua criação: o corante é incorporado ainda na massa da porcelana, integrando a totalidade do processo. Sua nova linha geométrica trabalha tonalidades fortes, brincando com a química que envolve o design das peças. O interior das peças é finalizado com vidrado cerâmico.
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo

Sanfonados

As luminárias de Mel Kawahara foram originalmente criadas para o papel. Para dar mais durabilidade ao produto e criar uma textura marmorizada, ela transpôs os desenhos para o polietileno Tyvek, mais resistente. Arquiteta de formação, ela propõe em suas peças uma inversão do processo criativo da arquitetura: em vez de projetar para construir depois, ela se questiona sobre quais formas pode se chegar a partir do material, respeitando limitações.
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
A luminária Eclipse, assinada por Maurício Klabin, é um dos destaques do Deezign.com.br, marketplace de decoração estreante na Paralela. O objetivo da marca é valorizar o design democrático e autoral.
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Há dez anos, a paulistana Crafta Inteligente aposta no papelão reciclado como uma matéria-prima para móveis e objetos decorativos. Depois de se consolidar na área de cenografia – os móveis utilizados na ambientação da própria Paralela são da marca -, a aposta é em objetos decorativos. Nesta edição da feira, são 31 novos modelos: oito vasos, nove cachepôs, cinco mesas de apoio e nove boleiras. Outros materiais utilizados nos produtos também são sustentáveis, como a cortiça e a fórmica de PET.
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo
Foto: Aléxia Saraiva/Gazeta do Povo

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