Artesanato

Decoração

9 marcas curitibanas de cerâmica autoral com peças de decoração e moda

Vivian Faria, especial para a HAUS
04/03/2020 11:00
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Cerâmica é usada por artesãos para criar peças de decoração, utilitários e bijuterias. | Rodrigo Ramirez / Divulgação

Se a cidade de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, é referência quando o assunto é a produção em escala de louça em cerâmica, com cerca de 30 indústrias, Curitiba mostra uma outra possibilidade do trabalho com o material. Por aqui, a cerâmica é usada por artesãos para a fabricação autoral de peças utilitárias, decoração e moda. Um trabalho que tem sido cada vez mais apreciado e valorizado por consumidores em busca de peças exclusivas e que veem na produção artesanal uma forma de trazer arte e design para diferentes momentos do dia a dia.
Vasos, esculturas e peças de decoração transformam ambientes e trazem mais charme para os lares. Os acessórios, como brincos e pingentes, rompem com um padrão de uso de materiais nobres e delicados. Mas são os utilitários, com pratos, canecas, cumbucas e artigos de mesa, que mais atraem artesãos e consumidores. “Você pode fazer o que a tua criatividade permitir”, comenta a arquiteta e ceramista Dani Costa, da Arquitetura da Mesa, sobre as possibilidades que o trabalho com a argila proporciona. Para produzir peças tão diferentes, os profissionais adotam técnicas e processos variados, desde a modelagem à mão até o uso do torno.
O ponto comum é o entendimento de que o processo artesanal resulta em peças singulares, mesmo que os modelos possam ser repetidos, pois deixa marcas no que está sendo produzido – algumas das quais podem até ser transformadas em características de uma linha de peças.

Mercado crescente

O crescimento do mercado da cerâmica artesanal não é fácil de mensurar. Porém, de acordo com quem se dedica à atividade há alguns anos, o "boom” é recente e pode ser notado pela presença cada vez maior de marcas de cerâmica artesanal em lojas de objetos de design, feiras de produtos feitos à mão e também nas redes sociais. “Nos últimos dois ou três anos, apareceu bastante gente produzindo cerâmica e fazendo muita coisa bacana. E isso em um momento em que parecia haver um desinteresse e pouco incentivo”, diz o designer e ceramista Leo Aguiar, da La Oficina Cerâmica. Aguiar refere-se à não realização de eventos como o Salão Paranaense e o Salão Nacional de Cerâmica.
Mesmo com foco na cerâmica artística, eles serviram como incentivo à produção artesanal de artigos a partir da argila. As últimas edições de ambos os salões foram realizadas em 2016, quando também foi promovida a última exposição organizada pelo grupo Cerâmica Contemporânea Curitiba. Mesmo sem os eventos, o trabalho de divulgação da arte da cerâmica relacionado a eles parece ter plantado a semente do movimento visto hoje. Além disso, o crescimento do mercado “feito à mão”, associado a uma maior conscientização sobre consumo e à valorização de produtos locais também ajudou a fomentar o interesse das pessoas em trabalhar com o material e a comprar cerâmica. “Anos atrás, tínhamos um anseio pelos importados. Abriram as importações e fomos bombardeados, passamos a consumir muito mais. Daí veio toda essa questão do consciente, do vegano, da fashion revolution e parece que não queremos mais o industrial, que estamos todos suspirando pelo artesanal, pelo autoral”, reflete a ceramista Márcia Campetti.
Outro ponto entendido como um impulso para o mercado da cerâmica artesanal é o crescimento e a valorização de outros setores que utilizam produtos cerâmicos, como a gastronomia. “Em Curitiba, houve um crescimento no número de cafeterias e da preocupação dos restaurantes com a louça”, avalia a
ceramista Julie Inada.

Conheça (alguns dos) novos ceramistas curitibanos

ÁUREA DESIGN LAB

Depois de anos trabalhando como analista de marketing, Calla Morais retornou ao design com sua marca de joias cerâmicas. Boa parte delas é feita em porcelana e pertence a alguma linha com características específicas que permitem a repetibilidade – embora, pelo trabalho artesanal, cada peça seja única. Perfil no Instagram: @aureadesignlab

ARQUITETURA DA MESA

O nome entrega o foco do trabalho da marca: utilitários de mesa. Há uma linha, a esférica, que é mais “solta” e conta com peças que apresentam marcas da produção, como sobras e marcas de pano. Mas,
em geral, o trabalho segue linhas e formas geométricas mais puras. As peças são feitas em cores desenvolvidas pela própria ceramista Dani Costa. Perfil no Instagram: @arquiteturadamesa

ESTÚDIO BOITATÁ

Estúdio que foca em peças escultóricas únicas inspiradas na natureza e com ar minimalista (poucas cores, argila aparente), mas produz algumas peças “comerciais” em série e louças mais artísticas para restaurantes. Comandado pela jornalista Dani Carazzai e pelo fotógrafo Rodrigo Ramirez. Perfil no Instagram: @estudioboitata.

ENTORNO CERÂMICA

A marca trabalha com utilitários, desde os de cozinha até as louças de banheiro e artigos como porta-novelo. Há uma linha básica que sofre modificações – seja em detalhes ou na cor – com o passar do tempo. Julie Inada, que trabalhava como designer de móveis, comanda a produção. Perfil no Instagram: @entornoceramica.

MARTTI CERÂMICA

A argila é o “material precioso” das joias – anéis, brincos, colares e pulseiras – produzidas pela arquiteta Márcia Campetti. Cada peça é idealizada e, por vezes, pré-projetada, mas o acaso tem papel fundamental na criação delas – e, a partir de então, o processo é repetido para a formação de conjuntos. Perfil no Instagram: @martti.ceramica.

MOSCA CERÂMICA

A Mosca Cerâmica foca em utilitários de mesa, mas produz também outros produtos como incensário, cinzeiros, vasos para plantas e filtros de água. A marca, que é comandada por Paula Mosca, trabalha com as cores branco, preto, rosa claro e azul. Perfil no Instagram: @moscaceramica.

ROSALINA CORAZZA

As peças produzidas pela ex-fotógrafa Rosalina Corazza seguem uma linha “utilitária artística”. A ideia é que as peças de mesa também sejam vistas como objetos de arte e apreciadas pela sua singularidade.
Ainda assim, a ceramista está desenvolvendo coleções que reúnem peças com características semelhantes. Perfil no Instagram: @corazzarosalina.

SPIRAL CERÂMICAS

Cristina Odebrech trocou a medicina veterinária pela cerâmica para fazer vasos para ikebanas e plantas. Mais tarde passou a produzir também utilitários como pratos, cumbucas, açucareiros e moringas. Os produtos são, em geral, modelados à mão, apresentando um formato mais irregular. Perfil no Instagram: @spiralceramicas.

LA OFICINA CERÂMICA

Sob comando do designer Leo Aguiar, o ateliê foca em utilitários de mesa desenvolvidos a partir de
requisitos e conceitos do design – inclusive a aceitação das marcas dos processos nas peças. Futuramente, deve desenvolver outros tipos de utilitário, como louça para banheiro. Perfil no Instagram: @laoficinaceramica.

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