É provável que você já tenha visto uma boiserie, mas sem saber que ela era batizada desta forma. A técnica consiste em um tipo de moldura utilizada nas paredes e que está em alta nos projetos de decoração.

A boiserie (se pronuncia “boazerrí”) surgiu na França, entre os séculos 17 e 18, com função estrutural: revestir as estruturas da construção para garantir conforto térmico e acústico. Com o passar do tempo e a evolução dos sistemas construtivos, o acabamento tornou-se dispensável para a estrutura, mas não deixou de lado sua importância estética. Além disso, a técnica se transformou e ganhou diversas adaptações e releituras. “Boiserie é, hoje, um termo bem genérico. Todo ou qualquer revestimento de parede – seja ele de parede inteira ou de meia parede – pode ser classificado desta maneira”, explica Sérgio Valliatti, do escritório Valliatti & Patrão Arquitetura.

Segundo o arquiteto, a boiserie pode ser classificada de duas maneiras: clássica ou contemporânea. “O estilo clássico remete mais à arquitetura francesa, com as molduras formando quadros nas paredes. Já o estilo contemporâneo é mais livre e as paredes podem ser revestidas num estilo ripado, em que as lâminas de madeira formam frisos, revestindo toda a parede”, explica.

Se originalmente a boiserie era feita exclusivamente de madeira (o nome, inclusive, deriva da palavra “bois”, que significa madeira em francês), hoje o acabamento aparece em diversos materiais: gesso, poliestireno, isopor e até mesmo mármore. O elemento também pode ser encontrado no mercado pelo nome de rodameio. “O poliestireno é um material que tem um bom custo-benefício, ele é resistente, dá um bom acabamento e o custo é mais baixo em comparação com os demais. Mas a escolha do material também vai depender do gosto do cliente, do estilo do projeto e da área onde será instalada a boiserie”, orienta Valliatti. O profissional acrescenta que, para instalação em áreas úmidas, o poliestireno é uma excelente opção.

A arquiteta Andréa de Paula, do Studio de Paula, afirma que a boiserie pode ser instalada em qualquer cômodo. “Não há uma regra sobre o tipo de ambiente e nem sobre o estilo da moldura. Tudo vai depender do gosto. Este é um recurso muito interessante, também, para destacar apenas uma parede de um cômodo”, avalia.

Inspirada por perfis e fotos de decoração do Pinterest, a blogueira Luana Sales instalou as suas próprias boiseries. “Após muita pesquisa sobre os materiais e estilos, eu resolvi colocar a mão na massa. Escolhi fazer de poliestireno, pois me pareceu ser um material mais simples para trabalhar”, afirma Luana. A vitrinista Priscila Kolberg, idealizadora de um perfil de decoração, inspirou-se em perfis europeus sobre o tema e também instalou as suas próprias molduras de poliestireno. “Não deu muito trabalho, foi até simples de fazer. Só precisa tomar bastante cuidado com as medidas”, alerta.

Você quer mudar o visual de um cômodo na sua casa? Confira algumas dicas para instalar as boiseries:

Pesquise bem o material, o acabamento e o estilo de boiserie que você quer instalar. Lembre-se que o gesso é um material mais frágil e pode quebrar se não for instalado corretamente.

Procure fazer um desenho de como você quer que a boiserie seja instalada na parede e de qual área da parede a moldura irá ocupar. O desenho ajuda a visualizar melhor o projeto. “Fazer quadros de boiserie e colocar papel de parede dentro destes quadros dá um efeito bem bacana ao espaço. Outra opção é instalar boiserie em meia parede e instalar papel de parede na parte superior”, ensina Valliatti.

Tirar as medidas pode parecer trabalhoso, mas é fundamental para que a instalação fique boa e não falte material. Por isso, é necessário medir bem as peças e fazer a marcação na parede antes de instala-las. “Às vezes a gente fica ansioso para ver tudo pronto e acaba pulando etapas, mas essa é uma fase bem importante”, alerta Luana Sales.

Outra questão na hora de tirar as medidas é fazer o corte adequado. Para formar a moldura, será necessário fazer um corte nas pontas em ângulo de 45°, assim as peças se encaixam. “Utilizei um arco de serra e uma caixa de meia-esquadria para fazer o corte em ângulo”, orienta Priscila Kolberg.

De acordo com o arquiteto Sérgio Valliatti, a boiserie clássica requer equilíbrio e simetria no espaço. “Para este estilo é bem importante que o mobiliário seja solto e que o ambiente seja simétrico. Por isso, o ideal é não utilizar a boiserie clássica em ambientes com armários embutidos e móveis planejados, pois estes itens podem tirar ou diminuir a simetria do espaço. Já a boiserie contemporânea não exige essa simetria”, ensina.

Uma dica importante é a altura do pé-direito: quanto mais baixo, mais cuidado deve-se ter na escolha da boiserie. “Originalmente, as molduras eram utilizadas em construções palacianas, com ambientes enormes. Hoje em dia, como as construções são menores e com pés-direitos mais baixos, a boiserie pode acabar diminuindo ainda mais o ambiente”, alerta Valliatti. Para minimizar este problema, o profissional afirma que o ideal é utilizar boiseries de parede inteira ou molduras mais verticais, evitando a divisão em meia parede. “Essa divisão cria uma linha horizontal que achata ainda mais o espaço”, diz.

A cor é sempre uma questão bastante pessoal. Mas para não ter erro, Valliatti ensina duas boas combinações: pintar a boiserie de branco, na mesma cor do teto, ou pintá-la na mesma cor da parede.

A tonalidade das cores também deve combinar com o estilo do projeto. De acordo com a arquiteta Andréa de Paula, os tons pastel são mais clássicos, já as cores vibrantes remetem a um estilo contemporâneo.

*Especial para a HAUS.