Mostra Casa Na Toca

Decoração

Casa deslumbrante na Patagônia chilena tem bistrô-estufa e cozinha de marcenaria. Inspire-se com 9 ambientes

Luan Galani
03/02/2021 17:34
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Sala de estar projetada por Maurício Magarão Arquitetura. | VRound/Divulgação

A meta principal de toda casa ou apartamento é servir de refúgio pleno para seus moradores. Um espaço para se reconectar com tudo aquilo que te faz ser quem você é. Seja receber seus amigos, cuidar da sua família e de você, ou até mesmo tudo isso junto e misturado. E durante a crise recente do novo coronavírus isso ficou cristalino, não é verdade?
Pensando nisso, a tradicional mostra de decoração e design Casa Na Toca, que em anos anteriores aconteceu de forma presencial em São Paulo e no Rio de Janeiro, acontece em 2021 excepcionalmente de forma virtual até 11 de abril. A inspiração foi a mágica Patagônia chilena, onde a modelo Pati Beck e o fotógrafo Gustavo Zylbersztajn estão construindo seu lar. Mais precisamente na cidade de Futaleufú, próximo do lago Lonconao.
A modelo Pati Beck e o fotógrafo Gustavo Zylbersztajn com seus dois filhos, Ben (3 anos) e Cora (recém-nascida), em Futaleufú, na Patagônia chilena, onde estão construindo uma casa e diversos anexos.
A modelo Pati Beck e o fotógrafo Gustavo Zylbersztajn com seus dois filhos, Ben (3 anos) e Cora (recém-nascida), em Futaleufú, na Patagônia chilena, onde estão construindo uma casa e diversos anexos.
A exibição conta com 25 ambientes em 3D, projetados por arquitetos e designers, como Bel Lobo, Leila Bittencourt, Paula Neder e Paola Ribeiro. HAUS selecionou 9 destaques para inspirar a decoração da sua casa. Em comum: espaços que destacam a madeira como revestimento, os tons terrosos, janelas e vidros em tamanhos generosos para emoldurar a paisagem, peças artesanais e iluminação natural.

Sala de estar e varanda

Uma família de espírito livre e aventureiro, com grande senso estético, apaixonada por natureza. Que acredita em um mundo mais sustentável e valoriza ao extremo a convivência qualitativa de pais e filhos.
Os arquitetos Mauricio Magarão e Alice Lindenberg focaram no perfil do casal Beck-Zylberstajn para desenhar a sala e a varanda da casa principal que, juntas, somam 52 m². A primeira providência foi ampliar a integração dos dois ambientes, removendo uma parede e trocando-a por vidro, criando um ângulo mais aberto, dialogando com a geometria do teto e conduzindo o olhar para a incrível vista.
Sala de estar projetada por Maurício Magarão Arquitetura.
Sala de estar projetada por Maurício Magarão Arquitetura.
A partir daí, moldaram uma grande bancada em pedra natural e incluíram peças decorativas, um grande futon e a lareira. “Acreditamos que o elemento fogo, que é muito presente e valorizado em culturas andinas, deveria estar no coração do ambiente”, observa Mauricio. No mobiliário, há grandes nomes do design, como Ricardo Fasanello, Jader Almeida e Sergio J. Matos. O tapete com estampa do arquiteto mineiro Gustavo Penna é lançamento da El Espartano, e as luminárias são do Maneco Quinderé.

Sala de jantar

Uma sala de jantar com ares de galeria de arte. A arquiteta Isabela Fraia contou com o olhar e a seleção de obras de artistas parceiros do escritório de design Superbacana+ para montar ali um acervo com trabalhos de Feco Hamburger, Paula Juchem, Guga Szabzon e Renato Dib.
Sobre o aparador de pedra, uma escultura de parede do artista Ildeu Lazarinni. São obras de  diferentes texturas e técnicas artísticas, que ganham destaque ao lado de uma grande estante tingida de verde musgo, recheada de uma coleção de cerâmicas e vasos que trazem a vegetação local. Para a mesa, Isabela escolheu um mix de diferentes cadeiras, modernas ou mais tradicionais - sem faltar lugar também para as crianças se sentirem incluídas no papo.
E ainda tem um cantinho para leitura, com poltrona bem confortável e luminária. “O forro em pinus e o grande painel de vidro com a vista recortada, quase como mais um quadro na pequena galeria, deixam o espaço ainda mais iluminado e atraente. Lugar gostoso para muitos encontros da família em volta da mesa”, ressalta a arquiteta.

Cozinha

Um dos focos para criar a cozinha de 19 m² da casa principal foi pensar em um espaço onde a família toda pudesse se reunir e preparar as refeições em conjunto, com elementos para agradar pais e filhos. Na ilha central, há uma lousa na altura certa para estimular a interação com Ben e Cora. E ao longo de todo o projeto de marcenaria, o arquiteto Rodrigo Ferreira incluiu tablados retráteis - basta puxar para criança subir e ficar na altura da bancada.
Os tampos em pedra sintética são resistentes, práticos, e não mancham. Na parede, o tecido emborrachado e impermeável foi desenvolvido especialmente pela designer Juliana Pelegrinello, que pesquisou a fauna e a flora da Patagônia para desenvolver a estampa.
Repare na cadeirinha infantil de alimentação: parece um balanço, mas é fixada no teto com cabo de de aço. Para decorar, muitas prateleiras para colocar as plantinhas com vasos da Selvvva, livros e potes para organizar os grãos. “Pati e Gustavo compram produtos orgânicos no mercadinho local, a granel, e armazenam em potes de vidro. Aqui não há plástico”, explica Rodrigo. O projeto privilegiou as cores azul, amarelo e terra, em harmonia com a paisagem. O espaço tem direito ainda a uma varanda, sobre um deck de 9 m², com mesa apoiada em um carretel e muitas plantas e temperos.

Quarto do menino

Ben, de 3 anos, é o dono do pedaço de 12 m², com área para brincar, ler e dormir. A arquiteta Bianca Assuf desenhou uma estante leve e assimétrica, com direito a módulo em forma de casinha/foguete e baús divertidos, com rodízios, para armazenar os brinquedos. Tudo isso ao alcance do pequeno, o que torna a tarefa de organizar parte da diversão e também um incentivo para que a criança participe nas tarefas do dia a dia.
A cama com trama azul na cabeceira e nos pés, leva cor ao ambiente, assim como o verde das mesas e cadeiras. O enxoval, papel de parede, pôsters e caixas forradas, trazem um mix de estampas geométricas, além de retratar os animais da região, a data de nascimento do Ben, mapa, selos e imagem de rosa dos ventos fazendo referência ao estilo viajante e aventureiro da família.
Ben tem ainda uma mini oficina mecânica (Coelho na Lua). A arquiteta tirou partido dos materiais simples e rústicos, deixando a estrutura aparente de madeira, criando um mezanino com lugar para arte, pintura e exposição de desenhos, e também um canto de leitura com nicho para relaxar, junto ao janelão - atividade que Ben adora.

Quarto da menina

Na vida real, Cora acaba de nascer para completar a família de Gustavo, Pati e Ben. No mundo virtual, ela ganhou um quarto de 12 m² dos mais acolhedores, recheado de madeira, algodão, linho, palha, rattan e muito verde.
A marcenaria, com um design leve, quase invisível, foi criada pela arquiteta Tatiana Machado, à frente da Elefante Design, com um cantinho de descanso, leitura, amamentação e contemplação, tudo isso com direito à bela paisagem emoldurada. É ali que ficam colchonetes sobrepostos, perfeitos também para espalhar no chão e virar espaço de brincadeiras.
No futuro, esse nicho pode ser adaptado para virar a caminha de Cora. Tirando partido do pé direito alto, Tati fixou prateleiras como um roda-teto, apoiando ali vasos de plantas, livros e quadros, em uma composição descontraída.

Banheiro das crianças

O convite aqui é tomar um banho olhando o céu. A arquiteta Andrea Maximo, junto com sua equipe do Estúdio Asas, cobriu de vidro boa parte do box e incluiu um brise delicado entre as janelas e a claraboia, para controlar a entrada de luz. O box semi aberto facilita a movimentação de pais e filhos na hora do banho, e a estrutura metálica, que serve de moldura para o vidro, faz às vezes de toalheiro e puxador.
Como o Ben e Cora são bem novinhos, foram pensadas soluções diferentes para atender a dupla. “Buscamos incentivar a autonomia, com a escadinha sob a pia, ganchos e espelho em alturas mais baixas e apoio para banheira e bacia, facilitando o acesso. Uma ampulheta no box ajuda no controle do tempo e lembra sobre a importância de economizar água” conta Andrea.
Sobre a bancada, uma pequena banheira se transforma em trocador e, futuramente, quando a Cora crescer, servirá de baú. O aconchego fica garantido com a escolha da madeira clara como revestimento, o tijolinho branco e ladrilho hidráulico verde, tendo como base o piso em tom de concreto.

Suíte do casal

A suíte ampla, com pé direito duplo, traz a estampa do papel de parede da Occre, na parede de fundo, como um jardim estilizado. A partir dessa paleta de tons, que vai do cru ao verde oliva, a designer de interiores Paola Ribeiro foi desenhando cada textura: desde os tapetes sobrepostos, à roupa de cama - tie dye em tons de bege e cáqui - e cortinas de linho, além do minibercinho de fibra natural.
Os móveis, escolhidos em total harmonia estética, ajudam a compor um ambiente relaxante com o clima de “refúgio”, tema da mostra. Para criar um cantinho de leitura e aproveitar a vista (e o céu, de dia e de noite) emoldurada no teto de vidro, Paola montou um mezanino, sob medida para Gustavo e Pati relaxarem lendo um livro, ou fazendo a prática de ioga e meditação.

Sala de convívio da família

Para unir o conforto e as necessidades da rotina da família Beck-Zylbersztajn, a arquiteta Maria Rita Cappellano apostou num ambiente versátil, com uma bancada de trabalho orgânica, com alturas diferentes para incluir os pequenos - assim, enquanto os pais trabalham, os filhos podem pesquisar, desenhar. Tudo ali do lado.
A partir dessa marcenaria, moldada em pinus, surge o desenho de um banco de leitura, colado ao vidro, com a incrível vista da natureza. Na parede ao lado, papel com imagem de mapa da marca argentina Enamoradas del Muro. Conceitos da educação Montessoriana e Pikler inspiraram o ambiente, que traz elementos para incentivar atividades motoras e a autonomia das crianças.
Por isso, Maria Rita apostou em uma copinha de apoio, perfeita para instigar a família a preparar um lanche juntos. Há ainda um canto com ares de ateliê, sob medida para colocar a mão na massa, com tintas, recortes de colagens, e a prancha de equilíbrio de madeira.
Uma toca formada embaixo da escada e camuflada pelas cordas, junto com um túnel, um painel sensorial nas paredes e espelho compõem esse ambiente lúdico. E para deixar a diversão mais completa, subam até o mezanino, com o maxi tricô no piso, muitas almofadas espalhadas para descansar e ler, e cordas fazendo a função de guarda-corpo.

Loft para hóspedes

Os hóspedes mais frequentes dessa cabana de 45 m² - batizada de “Focas lodge” - são um casal de documentaristas brasileiros, na faixa dos 40 anos, e sua filha de 7 anos. Entusiastas do ecossistema local, a família frequenta a casa de Pati e Gustavo para pesquisar a fauna da Patagônia, além de, claro, descansar e curtir longas caminhadas pela região.
A arquiteta Carmen Zaccaro criou para eles um loft relaxante em tons de cinza e rosa, além de cores contrastantes pontuadas nas obras de arte com curadoria da Gam Molduras. No térreo, ficam as salas de estar e jantar, o banheiro com teto verde, a cozinha com armários suspensos e portas de madeira e vidro - e prateleiras deixando os utensílios à mostra -, além de um pequeno home office.
Tudo integrado e desenhado por Carmen, expert em marcenaria. Uma escada tipo “casinha na árvore” dá acesso ao mezanino, onde estão os quartos, com a cama baixa, tipo tatame, de casal, posicionada estrategicamente ao lado da janela.

Área externa com bistrô na estufa

A proposta partiu de um desafio: transformar em um bistrô a estufa montada em estrutura metálica e vidro, onde Pati e Gustavo estão desenvolvendo uma plantação orgânica. As arquitetas Alice Varella (AIA Estúdio), Paula Daemon (Linha arquitetura) e Tatiana Felner (IDIPI) investiram na ideia e foram pesquisar referências em lugares remotos - como a Escandinávia -, com um contexto próximo ao da Patagônia.
Nos 30 m², apostaram no conceito onde cozinhar e cultivar caminham juntos. Os materiais e texturas que desenham móveis dialogam com a natureza local, e privilegiam a madeira rústica e bruta, o ferro e os tons terrosos, presentes na natureza. Uma grande bancada foi desenhada para o fogão, incluindo oito lugares para sentar, além de armários que organizam utensílios, louças e objetos.
No terreno em volta, há uma fogueira cercada por um banco, uma mesa grande em pedra contornando uma árvore local e a horta. Repare ainda no volume do banheiro e um tanque, em um módulo revestido em chapa perfurada de aço. As cadeiras e poltronas, assinadas por nomes como Jader Almeida e Sergio Rodrigues, foram garimpadas no Arquivo Contemporâneo, e as luminárias, pendentes, feitas por artesãos Mapuche, da PET lamps.

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