Decoração

Entrevista com o designer e artista plástico Henning Kunow

Eloá Cruz, especial para a Gazeta do Povo
18/12/2014 02:08
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Foi por amor a uma brasileira que Henning Kunow, 34 anos, decidiu deixar a Alemanha para viver no Brasil. E Kunow já sabia que viria a atravessar o oceano anos antes, em um sonho que teve com o Brasil e sua atual esposa. Logo que chegou ao país tropical, a luz do sol, as cores e a natureza exótica daqui o inspiraram a criar e pintar em aquarela. Das cores e traços livres da técnica acabaram surgindo seus tapetes, verdadeiras obras de arte. O estilo único ganhou reconhecimento rápido com o segundo lugar no 27° Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira na categoria Têxteis com o tapete Grau.
Como foi a sua adaptação profissional aqui?
Quando cheguei ao Brasil, fiquei muito impressionado com as cores. Na Alemanha é diferente: a luz, o clima, as pessoas. No Brasil a luz é tropical e lá é fria, o que impacta nas cores. As pessoas que nascem aqui não veem muita diferença, mas, por causa disso, minha experiência com a aquarela mudou. Sempre pintei, mas acabei aproveitando para transformar essa paixão em outras coisas como tapetes. Eu os aplico nos projetos de interiores, faço um conceito das cores na decoração.
Como é o seu processo de criação?
Estudo primeiro as cores que me interessam. Se existe algum lugar que chama a atenção, tento descobrir porque isso ocorre. Faço fotos, pinto coisas em um bloco. Depois transformo isso em desenho técnico e, às vezes, com o auxílio da loja onde vendemos as peças, mudamos um pouco as cores. O importante é que o traço vem da aquarela, vem do pincel. Se você pinta com a mão, mesmo fazendo quadrados, vai ter um traço único. Em Bauhaus é tudo quadrado, retangular, mas esse traço com a mão livre é mais humano. E é assim que eu inovo.
Como você aproveita sua experiência profissional alemã aqui?
Lá eu fazia mais trabalhos em arte, workshops, exposições em Bauhaus. Tenho essa formação alemã no design, com foco na produção e reciclagem do produto, e, desde que cheguei aqui em 2011, consigo combinar esse conhecimento com a arte. Dá para usar computadores, ferramentas, mas também os conceitos da arte. Com esses dois suportes, faço uma coisa nova. Foi o que aconteceu com os tapetes. Eles não são muito valorizados na decoração, mas eu queria usar a peça para fazer uma coisa forte, que mexesse com quem visse.
E como você vê o mercado curitibano para o design?
Aqui, há muitos tapetes em cores básicas, como o cinza, branco e bege. Nas casas, nos projetos de arquitetos, predominam os neutros. As cores são aplicadas em quadros, peças de Murano. No meu conceito é o contrário, você coloca o colorido primeiro e depois pode escolher os móveis por causa do tapete, que já tem as cores. E se você não pirar muito, vai combinar.

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