Decoração

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10 erros comuns em projetos de apartamentos pequenos e como resolvê-los

Sharon Abdalla
07/12/2020 19:33
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50, 30, 16 m². Com metragens cada vez mais reduzidas, os apartamentos pequenos se multiplicam em quase todas as grandes cidades. E os motivos para isso são vários, indo da escassez (e necessidade de melhor aproveitamento) dos terrenos ao que "cabe no bolso" do comprador, além da opção dos moradores por uma vida mais prática, simples e minimalista.
Desta escolha vem o desafio: decorar ambientes cada vez menores de forma que eles se tornem confortáveis, funcionais e respondam a todas as necessidades diárias que seus antecessores atendiam, muitas vezes em pelo menos 80 m² ou 100 m².
"É possível [adaptar uma vida] a um apartamento pequeno. A primeira etapa para isso é passar pelo processo de autoconhecimento", aponta a arquiteta Júlia Guadix, da Liv’n Arquitetura. Entram aí a definição de necessidades, desejos e coisas de que se pode abrir mão para fazer com que esta "nova vida" caiba em poucos metros quadrados.
Outra dica é estar atento a detalhes que, mesmo pequenos, podem interferir, e muito, na qualidade do ambiente. Confira os 10 erros mais comuns em projetos de apartamentos pequenos, listados por Júlia e pela designer de interiores Izabella Armelin, e saiba como evitá-los ou resolvê-los.

Não aproveitar cada cantinho

Quanto menor a metragem de um apartamento, mais "valioso" é cada centímetro disponível para armazenamento. Assim, não tirar proveito da marcenaria planejada está no topo da lista dos erros mais comuns nos projetos. Além de otimizar o uso do espaço, ela permite que os móveis assumam multifunções, como a de uma divisória, servindo de guarda-roupa em um dos lados e de estante em outro, por exemplo.
Outra opção é apostar em móveis multiuso, como sofás-cama ou camas embutidas na parede, que ocupam espaço no ambiente apenas na hora de dormir.

A ordem é integrar

Paredes ocupam área útil, além de "pesarem" visualmente o ambiente. Então, ignorar a possibilidade de derrubá-las e de integrar os espaços pode contribuir para a sensação de pequenez do apartamento.
"Se puder, crie painéis vazados, ripados para atuar como divisórias. Eles substituem as paredes de forma mais leve, trazendo a sensação de amplitude a partir da visão do todo, mas com ambientes separados", sugere Izabella.

Cores são necessárias

"Pintar as paredes de branco amplia os ambientes". "Usar cores escuras fazem o espaço parecer menor". Na verdade, depende. O branco não é a solução para tudo, assim como os tons escuros não estão proibidos. Mas o exagero de ambos pode, sim, comprometer a estética do projeto e contribuir para a sensação de confinamento dos espaços.
"Se você pinta as paredes com tons mais escuros, é importante que os móveis sejam um pouco mais claros e vice-versa, sempre dentro da mesma paleta de cores", orienta a designer de interiores.

Esquecer-se das texturas

Da mesma forma que o branco chapa o ambiente, paredes sem textura contribuem para minimizá-lo. Tijolinho, concreto aparente, cimento queimado, papel de parede e outros revestimentos que tenham variação de tonalidade e textura contribuem para a sensação de profundidade visual dos ambientes.
"A textura convida o olhar a percorrer o [ambiente]. O branco a pessoa olha e já viu. A textura ela aprecia por mais tempo, passa a sensação de que o espaço é maior, enriquece o ambiente", diz Júlia.

Nem grande, nem pequeno

Cortinas, tapetes e almofadas dão acabamento e contribuem para potencializar o conforto de quem usufruiu dos espaços. É preciso, no entanto, que eles sejam bem dimensionados para que seu volume ou tamanho sejam proporcionais ao ambiente. Tapetes pequenos, por exemplo, diminuem visualmente o espaço. O mesmo ocorre com cortinas volumosas em excesso.

Luz, pra que te quero

Área menor não é sinônimo de menos necessidade de lâmpadas. Logo, esqueça a ideia de deixar apenas o ponto elétrico central, também conhecido como "ponto do engenheiro", como única opção de iluminação do ambiente.
"Não tem espaço para uma luminária de piso? Lance mão de uma arandela, um abajur, da iluminação acoplada à marcenaria. É possível fazer [um projeto de iluminação] sem rebaixar o forro, o que perde pé-direito. Pode-se distribuir pontos de luz com eletroduto metálico, desviadores, fios encapados com tecido", sugere Júlia.
A temperatura da cor também deve ser levada em consideração. "As pessoas têm por conceito que a cozinha, por exemplo, tem que ter luz branca. Na verdade, não. [O que vai iluminar] é o fluxo luminoso, [e não a temperatura da cor da lâmpada]. Se você especifica uma lâmpada dicroica mais potente, ela vai clarear, mas com luz amarela, e fazer com que aquele ambiente fique mais aconchegante", acrescenta Izabella.

Reflexo

"Usar espelhos aumenta o ambiente". Nem sempre. A designer de interiores confronta a máxima ao lembrar que o uso apenas decorativo, sem levar em consideração o posicionamento e também o tamanho da folha, pode ter o efeito oposto e contribuir para diminuir ainda mais o espaço.

Olhe para o chão

Assim como na linha dos olhos, com a eliminação das paredes, a sensação de continuidade pode ser mantida, também, com a escolha acertada do piso. Aqui, o erro é apostar em revestimentos com cores muito escuras. Portanto, dê preferência aos tons amadeirados ou mais claros, como cinzas e beges, em porcelanatos, laminados ou vinílicos. Usar o mesmo piso em toda a casa é outra dica para potencializar a sensação de amplitude.
"Uma coisa que parece bobagem, mas que faz muita diferença, é a altura do rodapé. Em geral, fala-se que em apartamentos pequenos devem-se usar rodapés com 5 cm ou 7 cm e que, quanto maior o espaço, mais alto ele deve ser. Mas, na verdade, um rodapé baixo em um espaço pequeno reforça a sensação de tudo muito miudinho, além de não valorizar tanto o espaço. Quando se usa um rodapé alto (15 cm), além de valorizar o ambiente, ele também traz sensação de amplitude", acrescenta Izabella. 

Solto e flexível

A marcenaria é, sim, aliada dos espaços pequenos, mas isso não significa que os móveis soltos não tenham espaço neles. Especialmente quando o assunto são assentos, mesas de apoio, de jantar e outros itens capazes de modificar o layout dos ambientes sem grandes esforços.
"Isso é importante se a pessoa vai receber amigos ou fazer ginástica dentro de casa, por exemplo. É possível pensar na flexibilidade do layout mesmo em espaços pequenos", aponta Júlia.

Menos é mais

É possível adaptar o imóvel pequeno à rotina do morador, mas o inverso também é necessário. Afinal, dificilmente um imóvel com pouca metragem quadrada será capaz de comportar uma biblioteca física com centenas de volumes, uma coleção de móveis de design ou diferentes jogos de louça, um para cada tipo de ocasião.
"Para a pessoa estar confortável, é preciso focar no essencial. E o essencial muda de pessoa para pessoa. Não dá para pensar em uma cozinha com 30 panelas em um apartamento de 30 m². Então, ela precisa conhecer do que não abre mão e do que pode abrir para ter mais circulação, espaço livre, mais respiro dentro da casa", finaliza Júlia.

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