Decoração

Luxo na Câmara: deputados federais podem se sentar em poltronas de até R$ 140 mil

Carolina Werneck*
09/08/2017 21:30
Thumbnail

Considerando-se apenas o item "cadeiras", a Câmara Federal dos Deputados tem um acervo com 21 peças de design assinado, que passam dos R$ 350 mil. Fotos: Câmara dos Deputados/Rui Faquini/Reprodução

Um vídeo postado no Facebook da Câmara Federal dos Deputados acabou sendo apagado pela página depois de gerar polêmica. No material eram exibidos vários modelos de cadeiras de design assinado que compõem o acervo da instituição.
Nomes de figurões da arquitetura e do design, como Oscar NiemeyerMies Van der RoheCharles Pollock, são os responsáveis por algumas das cadeiras ostentadas no vídeo. Todo esse glamour na decoração não poderia sair barato. Mesmo com o vídeo apagado da página oficial da Câmara na rede social, é possível ver os itens por meio do site do acervo da casa. Elas ficam em áreas comuns, salas de reuniões e espaços cerimoniais.
HAUS, então, entrou em contato com especialistas de prestígio em antiguidades e mobiliários modernos de Curitiba para descobrir quais os valores das peças enumeradas no acervo.
De acordo com Cristiano Ross, do Antiquário Cristiano Ross, “muitos desses móveis foram reeditados. Mas esses [da Câmara] são de época e foram fabricados antes de perderem a patente e virarem domínio público”. Esses fatores naturalmente contribuem para que os valores relacionados às cadeiras sejam ainda maiores. Além disso, os itens desenhados por Niemeyer são originais de época e, “além de não terem caído em domínio público, os móveis dele estão entre os mais cobiçados por colecionadores de móveis modernos brasileiros do mundo todo“.
Cristiano Ross e Guilherme Simões de Assis, da SIM Galeria, fizeram uma pesquisa e conseguiram descobrir os preços de 15 das 21 peças que aparecem no site da Câmara. O total passa dos R$ 350 mil, sendo a mais cara a poltrona Paris, de Oscar Niemeyer, que tem um valor de mercado de R$ 140 mil a unidade.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Câmara Federal não se manifestou até as 18h desta quarta-feira (9). Na noite desta quinta-feira (10), a Câmara enviou uma nota, que segue na íntegra.
“O prédio da Câmara possui diversas obras que promovem a integração arte-arquitetura, em uma concepção de palácio-museu proposta pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A Casa não só possui um acervo cultural que preserva a memória do Brasil, de Brasília e do próprio Parlamento, como cuida desse patrimônio e o disponibiliza para conhecimento de todos. Pelo portal da Casa na internet, o cidadão pode visualizar o acervo cultural sob a guarda do Museu da Câmara. Os milhares de turistas que vêm conhecer o Palácio do Congresso Nacional todos os anos também têm acesso ao mobiliário assinado pelos designers, pois os móveis compõem os ambientes das áreas de circulação da Câmara, como Salão Verde, Salão Negro e Salão Branco. Recentemente, seguindo o intuito de maior democratização do acervo cultural, foi lançado um canal da Câmara no Google Arts & Culture, onde qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, pode conhecer as obras que fazem parte desse acervo, além de permitir um tour em 360° pelas dependências da Casa.
Desta forma, a Câmara pretende cada vez mais ampliar o acesso ao seu patrimônio cultural e não esconder, como menciona a matéria. O vídeo postado no Facebook da Casa foi retirado momentaneamente devido a um erro de informação. A cadeira Barcelona estava identificada como Chaise-Longue.
As cadeiras de design mencionadas na matéria foram adquiridas na década de 70, em uma época em que as peças eram de linha comercial, seguindo a concepção de Niemeyer. Ao longo do tempo, as cadeiras foram valorizadas pelo mercado de antiquário. Essas peças originais fazem parte do patrimônio da Câmara, e por isso não são comercializadas. A manutenção constante e a restauração, quando necessária, são realizadas por servidores da Casa. Nem todas as cadeiras são originais; algumas são cópias, uma vez que todos os modelos já estão em domínio público.”

Veja a história e o preço de cada uma das peças que ficam à disposição dos deputados federais

Cadeira e banqueta Barcelona

Cadeira e banqueta desenhados pelo arquiteto alemão naturalizado americano Ludwig Mies van der Rohe em 1929. Feita em aço cromado e couro, pode custar R$ 22 mil no mercado. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Cadeira e banqueta desenhados pelo arquiteto alemão naturalizado americano Ludwig Mies van der Rohe em 1929. Feita em aço cromado e couro, pode custar R$ 22 mil no mercado. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Cadeira e banqueta desenhados pelo arquiteto alemão naturalizado americano Ludwig Mies van der Rohe em 1929. Feita em aço cromado e couro, pode custar R$ 22 mil no mercado. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Chaise-Longue Charlotte

Esta é a Chaise-Longue Carlotte (LC4). O design foi assinado por Le Corbusier em 1928. Em aço cromado e couro, atualmente custa R$ 18 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Esta é a Chaise-Longue Carlotte (LC4). O design foi assinado por Le Corbusier em 1928. Em aço cromado e couro, atualmente custa R$ 18 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Esta é a Chaise-Longue Carlotte (LC4). O design foi assinado por Le Corbusier em 1928. Em aço cromado e couro, atualmente custa R$ 18 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Cadeira Tulipa

Projetada em 1956 por Eero Saarinen, arquiteto finlandês que emigrou para os Estados Unidos. É uma de suas obras mais famosas, fabricada em alumínio, fibra de vidro, plástico e tecido. Uma unidade pode custar R$ 2,5 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Projetada em 1956 por Eero Saarinen, arquiteto finlandês que emigrou para os Estados Unidos. É uma de suas obras mais famosas, fabricada em alumínio, fibra de vidro, plástico e tecido. Uma unidade pode custar R$ 2,5 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Projetada em 1956 por Eero Saarinen, arquiteto finlandês que emigrou para os Estados Unidos. É uma de suas obras mais famosas, fabricada em alumínio, fibra de vidro, plástico e tecido. Uma unidade pode custar R$ 2,5 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Poltrona e banqueta Alta

Formando um dos itens mais caros da lista, estas duas peças são de autoria de Oscar Niemeyer. A data de criação é 1970, os materiais são a madeira laqueada prensada e o couro. Custa R$ 80 mil no mercado atual. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Formando um dos itens mais caros da lista, estas duas peças são de autoria de Oscar Niemeyer. A data de criação é 1970, os materiais são a madeira laqueada prensada e o couro. Custa R$ 80 mil no mercado atual. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Formando um dos itens mais caros da lista, estas duas peças são de autoria de Oscar Niemeyer. A data de criação é 1970, os materiais são a madeira laqueada prensada e o couro. Custa R$ 80 mil no mercado atual. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Cadeira Thonet

Esta simples cadeira feita em madeira foi desenhada pelo alemão Michael Thonet em 1859. Ele inventou uma máquina para fabricar móveis com madeira curvada. Uma unidade da Cadeira Thonet custa R$ 1 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Esta simples cadeira feita em madeira foi desenhada pelo alemão Michael Thonet em 1859. Ele inventou uma máquina para fabricar móveis com madeira curvada. Uma unidade da Cadeira Thonet custa R$ 1 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Esta simples cadeira feita em madeira foi desenhada pelo alemão Michael Thonet em 1859. Ele inventou uma máquina para fabricar móveis com madeira curvada. Uma unidade da Cadeira Thonet custa R$ 1 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Cadeira Brno

Outra obra de Ludwig Mies van der Rohe, desta vez datada de 1930.  A Cadeira Brno é produzida com aço cromado e couro e pode custar R$ 2 mil a unidade. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Outra obra de Ludwig Mies van der Rohe, desta vez datada de 1930. A Cadeira Brno é produzida com aço cromado e couro e pode custar R$ 2 mil a unidade. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Outra obra de Ludwig Mies van der Rohe, desta vez datada de 1930. A Cadeira Brno é produzida com aço cromado e couro e pode custar R$ 2 mil a unidade. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Poltrona Paris

Parceria entre Oscar Niemeyer e sua filha, Anna Maria Niemeyer, a Poltrona Paris foi desenhada por volta de 1970. Ela é feita em madeira prensada laqueada e couro e pode custar até R$ 140 mil. É a cadeira mais cara do acervo da Câmara. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Parceria entre Oscar Niemeyer e sua filha, Anna Maria Niemeyer, a Poltrona Paris foi desenhada por volta de 1970. Ela é feita em madeira prensada laqueada e couro e pode custar até R$ 140 mil. É a cadeira mais cara do acervo da Câmara. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Parceria entre Oscar Niemeyer e sua filha, Anna Maria Niemeyer, a Poltrona Paris foi desenhada por volta de 1970. Ela é feita em madeira prensada laqueada e couro e pode custar até R$ 140 mil. É a cadeira mais cara do acervo da Câmara. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Poltrona Senior

O arquiteto polonês naturalizado brasileiro Jorge Zalszupin desenhou a Poltrona Senior na década de 1960. Feita em madeira e material sintético, ela pode custar R$ 14 mil, de acordo com Cristiano Ross. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
O arquiteto polonês naturalizado brasileiro Jorge Zalszupin desenhou a Poltrona Senior na década de 1960. Feita em madeira e material sintético, ela pode custar R$ 14 mil, de acordo com Cristiano Ross. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
O arquiteto polonês naturalizado brasileiro Jorge Zalszupin desenhou a Poltrona Senior na década de 1960. Feita em madeira e material sintético, ela pode custar R$ 14 mil, de acordo com Cristiano Ross. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Cadeira de Plenário

De autor desconhecido, esta cadeira data de 1926 e pertenceu ao Palácio Tiradentes, antiga sede da Câmara no Rio de Janeiro. Devido a seu valor histórico, pode custar entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
De autor desconhecido, esta cadeira data de 1926 e pertenceu ao Palácio Tiradentes, antiga sede da Câmara no Rio de Janeiro. Devido a seu valor histórico, pode custar entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
De autor desconhecido, esta cadeira data de 1926 e pertenceu ao Palácio Tiradentes, antiga sede da Câmara no Rio de Janeiro. Devido a seu valor histórico, pode custar entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Cadeira Tião

A Cadeira Tião tem design de Sérgio Rodrigues, que começou a trabalhar com arquitetura por meio do<br>projeto do Centro Cívico de Curitiba. A peça é de 1959 e seu valor pode atingir os R$ 3 mil a unidade. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
A Cadeira Tião tem design de Sérgio Rodrigues, que começou a trabalhar com arquitetura por meio do<br>projeto do Centro Cívico de Curitiba. A peça é de 1959 e seu valor pode atingir os R$ 3 mil a unidade. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
A Cadeira Tião tem design de Sérgio Rodrigues, que começou a trabalhar com arquitetura por meio do projeto do Centro Cívico de Curitiba. A peça é de 1959 e seu valor pode atingir os R$ 3 mil a unidade. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Sling Loung Chair

Charles Pollock foi o criador da famosa "Executive Chair". A Câmara tem em seu acervo a Sling Lounge Chair, criada pelo designer em 1960. O preço? R$ 12 mil.<br>Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Charles Pollock foi o criador da famosa "Executive Chair". A Câmara tem em seu acervo a Sling Lounge Chair, criada pelo designer em 1960. O preço? R$ 12 mil.<br>Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Charles Pollock foi o criador da famosa “Executive Chair”. A Câmara tem em seu acervo a Sling Lounge Chair, criada pelo designer em 1960. O preço? R$ 12 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Parallel Bar System Lounge Chair

De nome comprido, a Parallel Bar System Lounge Chair foi desenhada pela arquiteta Florence Schust Knoll em 1955. Ela tinha como mentor Ludwig Mies van der Rohe, que assina outro item de propriedade da Câmara. O preço da Parallel chega a atingir os R$ 7 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
De nome comprido, a Parallel Bar System Lounge Chair foi desenhada pela arquiteta Florence Schust Knoll em 1955. Ela tinha como mentor Ludwig Mies van der Rohe, que assina outro item de propriedade da Câmara. O preço da Parallel chega a atingir os R$ 7 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
De nome comprido, a Parallel Bar System Lounge Chair foi desenhada pela arquiteta Florence Schust Knoll em 1955. Ela tinha como mentor Ludwig Mies van der Rohe, que assina outro item de propriedade da Câmara. O preço da Parallel chega a atingir os R$ 7 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Poltrona Leve Beto

A Poltrona Leve Beto é outra obra de Sérgio Rodrigues que compõe o acervo da casa. Desenhada em 1958, hoje ela vale R$ 16 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
A Poltrona Leve Beto é outra obra de Sérgio Rodrigues que compõe o acervo da casa. Desenhada em 1958, hoje ela vale R$ 16 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
A Poltrona Leve Beto é outra obra de Sérgio Rodrigues que compõe o acervo da casa. Desenhada em 1958, hoje ela vale R$ 16 mil. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Poltrona Basculante

Ninguém menos que o suíço naturalizado francês Le Corbousier é o responsável pela Poltrona Basculante, de 1928. Atualmente, ela custa R$ 8 mil no mercado. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Ninguém menos que o suíço naturalizado francês Le Corbousier é o responsável pela Poltrona Basculante, de 1928. Atualmente, ela custa R$ 8 mil no mercado. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Ninguém menos que o suíço naturalizado francês Le Corbousier é o responsável pela Poltrona Basculante, de 1928. Atualmente, ela custa R$ 8 mil no mercado. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!