Clássico não precisa ser sinônimo de antiquado. Na hora de planejar um ambiente de interiores, os móveis antigos muitas vezes não têm espaço dentro de projetos contemporâneos, mas a combinação pode dar muito certo. Foi na busca de equilíbrio que Diego Miranda Leite e Zeh Pantarolli, do Estúdio Pantarolli Miranda, pensaram um espaço que transita entre o clássico e o inovador. O projeto foi desenvolvido a partir do restauro de móveis e a inovação veio por meio da decoração contemporânea e do uso de dispositivos inteligentes.

Localizado na região central da cidade, no icônico Edifício Diário do Paraná, e construído na década de 1970, o apartamento possui o piso tradicional de tacos de madeira e vigas no teto, que foram mantidos e restaurados. As características originais da arquitetura do prédio foram preservadas a fim de acentuar um estilo clássico na ampla sala de jantar, ambientada com mobiliário histórico da herança da família dos clientes, com tonalidades de madeira harmonizando com a estrutura arquitetônica.

Para compor o estilo clássico, foram utilizados ainda tapetes persas antigos na sala e sob a mesa de jantar, além do lustre fixo sobre a mesa, também herança da família. Mas a proposta do projeto foi investir em um ambiente equilibrado, que aliasse a linguagem sóbria junto a expressões de modernidade. Para isso, o Estúdio apostou na decoração e na pontuação de cores primárias para suavizar a atmosfera carregada dos móveis de madeira maciça.

Na sala social, o que se destaca é o azul, utilizado tanto nos itens de estilo mais clássico, como tapetes, cristaleira, abajures, como em peças mais modernas: poltronas, vasos chineses e na obra abstrata em destaque. Por meio da cor, o projeto buscou uma unidade no ambiente, destaca o designer generalista Diego Miranda. “O azul traz um toque de modernidade, então tem o clássico dos tapetes persas, por exemplo, que são bem antigos e mais pesados, junto com uma obra mais contemporânea e abstrata, para trazer uma leveza aos elementos clássicos”.

O estúdio propôs uma paleta de cores para os clientes que, além do azul, passa pelo bege, cinza, branco e vermelho, de modo que sempre possam atualizar a decoração e manter a essência do projeto. Criar uma gama de cores harmônicas confere liberdade para mudanças sem o risco de errar. “Gostamos de pontuar cores em peças que sejam mais dinâmicas para que o cliente não fique engessado muito tempo em uma única cor se enjoar”, explica Miranda. Como os clientes desse projeto são do ramo do turismo, boa parte dos itens decorativos foram adquiridos em viagens a lugares como Tailândia e Estados Unidos, que além de conferirem o estilo moderno, conversam com as cores definidas para o ambiente.

Na cozinha e copa, a ideia inicial dos clientes era um estilo americano, que remetesse a uma casa que possuem nos Estados Unidos. Assim, o projeto adquiriu uma linguagem mais contemporânea. “Escolhemos superfícies lisas, puxadores mais discretos, trazendo um pouco do branco nos móveis junto com os eletrodomésticos, um ar mais moderno, com cores sóbrias e lisas”, detalha o arquiteto e urbanista Zeh Pantarolli. Os revestimentos de madeira que compõem a coluna na copa e na parede da pia, o aparador ao lado da mesa e os tons de bege e cinza são elementos que pontuam a transição e harmonia entre a área íntima e social.

Apesar do estilo clássico ser marcante nos ambientes, o projeto não tem nada de antiquado. A iluminação da sala é feita com lâmpadas inteligentes, controladas pelo assistente virtual Google Home, conectado também com todos os dispositivos tecnológicos em funções por comandos de voz ou remoto pelo celular, detalhe que insere o conceito de casa inteligente de forma discreta no projeto.

Na área social, a iluminação foi planejada com um único ponto de luz no teto, no lustre fixo sobre a mesa de jantar. Para iluminar o restante do ambiente foram utilizadas luzes indiretas, com uso de LED nas cortinas e abajures, garantindo uma atmosfera aconchegante na sala, tanto para relaxar quanto para reunir pessoas no jantar.

Já na copa também há a presença de um lustre fixo sobre a mesa, porém contemporâneo, trazido dos Estados Unidos pela família. Na cozinha, o projeto de iluminação aposta na mistura de tonalidades de luzes. O teto possui tanto luz amarela quanto branca, para diferentes usos. “Temos a possibilidade de ligar uma separada da outra, deixando um tom mais amarelo e aconchegante quando estiver recebendo alguém, ou, quando for hora de cozinhar ou limpar a cozinha, ligar os perfis brancos para trazer uma iluminação mais aberta”, explica Miranda.