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Decoração

Projeto usa madeira na decoração para remeter à casa de infância do proprietário

Monique Portela, especial para HAUS
13/08/2021 14:43
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A cozinha integra o ambiente da sala de estar e jantar a partir de uma ilha. Destaca-se o uso da pedra vulcânica em preto, conversando com o estilo sóbrio e arrojado do apartamento, e as ripas de madeira. | Tonietto Fotografia/Divulgação

Quem entra no apartamento VK é arrebatado pelo aconchego trazido pela madeira, principal pedido do proprietário para o projeto. Isso porque ela remete a uma doce memória afetiva: a casa em que morava na infância. Assim, o desafio da Melão Arquitetos, responsável por dar vida ao apartamento de 130 m² localizado em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, foi trazer o elemento em todos os cômodos e, ao mesmo tempo, prezar pela boa iluminação.
Uma ampla sala integrada é o principal cômodo da casa. O mobiliário é majoritariamente em madeira, que também está presente nas ripas na cozinha, churrasqueira e bar.
Uma ampla sala integrada é o principal cômodo da casa. O mobiliário é majoritariamente em madeira, que também está presente nas ripas na cozinha, churrasqueira e bar.

Luz nos detalhes

Foi assim que o projeto luminotécnico se tornou não apenas um desafio, mas um propulsor de criatividade para os jovens arquitetos Caio H. Mehl, Lucas A. de Castro e Selton Drasler. Usando poucas peças de iluminação e muita técnica, eles criaram peças artísticas exclusivas.
A luminária foi uma criação da Melão Arquitetos com o artista plástico Jean Tomedi. São 16 metros de fio que formam um desenho na parede até chegarem em cima da mesa de jantar.
A luminária foi uma criação da Melão Arquitetos com o artista plástico Jean Tomedi. São 16 metros de fio que formam um desenho na parede até chegarem em cima da mesa de jantar.
O destaque é para a luminária da sala integrada. “A gente poderia resolver com um lustre em cima da mesa. Mas por que não tentar algo artístico? Sair do convencional?”, questiona Selton. Assim, os arquitetos criaram uma luminária que contém três cabos de 16 metros que saem da parede do corredor formando um desenho e chegam, pendentes, acima da mesa. “Entra a parte de estudo, do desenho, da forma, da quantidade e da adaptação. Nas lojas, os fios têm no máximo 5 metros”, conta.
Conjugada à sala de jantar está a sala de estar com destaque para o projeto luminotécnico do bar.
Conjugada à sala de jantar está a sala de estar com destaque para o projeto luminotécnico do bar.
Além disso, a iluminação precisaria servir para diferentes funções em um mesmo espaço. “O proprietário não queria usar dimmer. Então, a gente precisou criar cenas dentro de um mesmo espaço de iluminação”, conta Caio. Assim, cada tecla do interruptor ilumina um conjunto de luzes que formam uma cena. “No jantar, conseguimos efeito de luz de velas. Quando os pendentes da mesa de jantar acendem com o painel, você tem a mesma intensidade e luminância de uma vela”, explica. “Mas se você usar a iluminação geral junto, ela não tem esse destaque. É só quando o cliente quer”.
A iluminação foi pensada em detalhes. A suíte master possui uma série de combinações que permitem iluminar apenas os móveis, por exemplo.
A iluminação foi pensada em detalhes. A suíte master possui uma série de combinações que permitem iluminar apenas os móveis, por exemplo.
O mesmo acontece na suíte master, que conta com diferentes combinações de luz. “Você tem uma penumbra, uma luz geral, outra que detalha apenas os móveis. Cada situação exige uma iluminação diferente”, comenta Selton.
O painel metálico é o grande destaque do apartamento. É tanto uma peça de arte quanto um blackout para a janela. Com uma ilustração de mapa-múndi, tem em dourado os países já visitados pelo proprietário.
O painel metálico é o grande destaque do apartamento. É tanto uma peça de arte quanto um blackout para a janela. Com uma ilustração de mapa-múndi, tem em dourado os países já visitados pelo proprietário.

Arte funcional

Outro destaque é o painel móvel de metal da sala, separado em cinco chapas independentes, cujo trilho abarca quase a totalidade da parede de 12 metros de comprimento. A peça, exclusiva, também foi criada pelos arquitetos em parceria com o artista plástico Jean Tomedi. Ao mesmo tempo em que é uma obra de arte, assume o papel de cortina, podendo ser deslocada para frente da janela conforme o desejo do proprietário.
“O painel é dividido em cinco folhas de mais ou menos 74 centímetros cada e que podem andar juntas ou separadas. Elas não encostam totalmente, então ainda passaria luz. O que fizemos, então, foi pegar o ângulo em que o sol bate na janela durante a tarde e angular de forma contrária, para ter um blackout e realmente funcionar como cortina”, explica Caio. “Fizemos muitos testes. Ela é praticamente um protótipo e o produto final, realmente desenvolvido do zero”, completa Selton.
Detalhe do painel metálico que além de funcionar como cortina compõe a decoração do ambiente.
Detalhe do painel metálico que além de funcionar como cortina compõe a decoração do ambiente.
No painel pintado de preto fosco está um mapa-múndi. Em dourado, os países visitados pelo proprietário, que adora viajar. Caso ele desbrave um novo local, Tomedi disponibilizou a tinta e o ensinou a pintar de forma simples, para que ele tenha autonomia na hora de atualizar o painel. “O painel é o xodó do apartamento”, conta Selton.
O trabalho de Tomedi não está apenas no painel. O artista foi responsável por criar quase uma dezena de quadros e esculturas que conferem unidade em cada detalhe da decoração, somando-se à madeira e aos tons escuros.

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