A primeira-dama dos Estados Unidos Melania Trump ignorou a tradicional pré-estréia da decoração de Natal da Casa Branca nesta segunda-feira (26) e tuitou um vídeo de 56 segundos em que ela aparece vagando pelas salas totalmente decoradas, à espera do Natal. No segundo fim de ano da família Trump na Casa Branca, a primeira-dama decidiu não comparecer pessoalmente para revelar o trabalho de sua equipe e voluntários, um show que as primeiras-damas desde pelo menos Nancy Reagan fazem e que já é parte das funções oficiais na Casa Branca. Ao longo dos anos, as esposas dos presidentes norte-americanos já apareceram com broches de árvore de Natal e vestidos verde-esmeralda piscando. Em algumas ocasiões serviu-se longas mesas de buffet de queijos artesanais, cordeiro e outros pratos tradicionais nos cardápios das festas de fim de ano.

Sua porta-voz, Stephanie Grisham, disse que Trump decidiu “deixar a decoração falar por si mesma”. Os jornalistas e membros da mídia foram recebidos em uma visita autoguiada de 30 minutos através do paraíso do Natal com mais de seis mil metros de luzes e 12 mil arcos, colocados nos últimos dias com a ajuda de 225 voluntários. O tema oficial da decoração é o que está sendo chamado de “American Treasures” (tesouros americanos). E, neste contexto, a cor vermelha é a grande aposta, aparecendo em uma floresta dramática de 40 imponentes árvores e em 14 mil ornamentos.

O escritório da primeira-dama explicou o motivo da escolha do vermelho: “é um símbolo de valor e bravura”, resumiu. No entanto, o bosque não convencional de árvores vermelhas evocou uma reação imediata nas redes sociais. A decoração foi descrita com os adjetivos: ‘assustadora’, ‘corredor de assassinato do Natal’, ‘avenida de árvores vermelhas de sangue’; entre outros. Muitas montagens foram feitas comparando o corredor de árvores vermelhas com as aias do seriado O Conto da Aia, cenas do filme de suspense O iluminado e outras cenas assustadoras.

A decoração da Sala Verde celebra a colheita do país e incluí frutas, grãos e vegetais, como alcachofras e tomates, que foram artisticamente dispostos em tampos antigos de mesa.  Na Sala Vermelha, grinaldas feitas de lápis com o logotipo “Be Best”, assinado por Melania Trump, além de bolas nas árvores com a mesma inscrição, destacam a iniciativa da primeira-dama sobre problemas enfrentados por crianças, incluindo o cyberbullying.

A tradicional casa de gengibre da Casa Branca foi feita com mais de 100 quilos de massa. “Esta é uma época alegre do ano em que decoramos a Casa Branca para a época de Natal”, disse a primeira-dama em um comunicado oficial. “Nosso tema honra o coração e o espírito do povo americano. Em nome da minha família, desejamos a todos um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo.” No final da turnê de mídia, os repórteres receberam pequenas caixas verdes e vermelhas do “Hershey’s Kisses”, o símbolo oficial do Natal na Casa Branca de 2018.

A ocasião da decoração de Natal na Casa Branca se constituiu ao longo da história como um momento político. Alguns exemplos. Enfrentando repórteres em 1986, Nancy Reagan negou que ela e o presidente Ronald Reagan estivessem discutindo se o chefe do Estado-Maior Donald Regan deveria ser demitido.  Já na prévia de 1991, Helen Thomas, correspondente da United Press International na Casa Branca, perguntou a Barbara Bush como ela achava que a “depressão” econômica (uma palavra nunca pronunciada na Casa Branca) afetaria o Natal daquele ano. Ao que ela respondeu: “pense nos outros e dê mais para as pessoas necessitadas.”

No primeiro Natal dos Clintons, Hillary Clinton respondeu perguntas em frente a árvore da Sala Azul. Quando perguntada sobre uma alegação do deputado Newt Gingrich, sobre um quarto dos funcionários da Casa Branca usarem drogas antes do trabalho, ela considerou a acusação “injusta” e disse que tinha certeza que o chefe de gabinete da Casa Branca responderia.

Durante seus anos na Casa Branca, Michelle Obama apareceu na decoração do Natal revelando seus cachorros para fotos, mas não respondeu a perguntas de repórteres. No evento de mídia do ano passado, Trump em um vestido quase branco e sapatos dourados fez uma entrada dramática pelas escadas para o Grand Foyer da Casa Branca ao som da suite “Quebra-Nozes”, de Tchaikovsky, enquanto as bailarinas dançavam ao redor dela. Embora não tenha atendido repórteres, vagou pelas salas decoradas interagindo com as crianças da escola e estava disponível para sessões de fotos.