Decoração

Sete quartos infantis para estimular a organização e imaginação das crianças

Priscila Bueno*
06/04/2018 20:30
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No quarto de Pietro, 2 anos, a mãe Giuliana Caliceti quis um espaço que o acompanhe por vários anos. Os elementos lúdicos e que estimulam a organização estão em vários elementos. Foto: Leticia Akemi / Gazeta do Povo | Leticia Akemi

O pequeno Pietro Calicetti Sgardi, de pouco mais de dois anos, tem o seu próprio mundo desde maio. Foi quando ele ganhou o seu novo quarto. Pensado para uma criança da idade dele, mas com planejamento para ser usado no futuro, o espaço tem bastante lugar para guardar brinquedos, livros à mão e um imenso mapa múndi para estimular a imaginação. A mãe, Giuliana Calicetti, diz que ele ficou muito mais independente. “Ele está mais seguro para pegar um brinquedo e para subir e descer da cama sem a minha ajuda”, comenta. “Ele adora o mapa e sempre fala sobre os países e os animais. O mapa acabou tendo a função de ensinar também.”
Pietro interage com o quarto onde a pintura de um mapa mundi fez toda a diferença.<br>Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Pietro interage com o quarto onde a pintura de um mapa mundi fez toda a diferença.<br>Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Para Felipe Magela Batista e David, 7 anos, e agora Antonio Joaquim Batista e David, 3 anos, o quarto inspirado no Lego deu mais autonomia. O principal motivo é a escada que leva ao mezanino, no qual ficam a tevê, espaço para brincar e até local para dormir, caso Felipe (o dono do quarto) assim deseje. “A mãe deles nos disse que a escada foi motivo de preocupação. Mas hoje até o menor sobe e desce tranquilamente”, conta a decoradora de interiores Mônica Pajewski, que concebeu o quarto. “Isso incentivou a independência deles”, completa.
Um quarto infantil não precisa ser apenas colorido. Ele pode ajudar a criança a se desenvolver. Livros e brinquedos de fácil acesso, parede lousa para ela rabiscar bastante e caixas identificadas com cores facilitam o aprendizado sobre organização e até cabaninhas ajudam a estimular a imaginação. É o uso da arquitetura como artifício para ensinar e estimular.
Projeto das arquitetas Bianca Decker e Nanda Bagatin. Fotos: Eduardo Macarios
Projeto das arquitetas Bianca Decker e Nanda Bagatin. Fotos: Eduardo Macarios
Em um ambiente que é só seu — um quarto ou brinquedoteca em casa — a criança pode aprender de diversas formas. “Quando a arquitetura permite que a criança se aproprie do espaço como seu, ela desfruta do ambiente tornando-o um lugar seguro e um refúgio”, avaliam os arquitetos Marcia Campetti e Tiago Campetti, do Estúdio Campetti, de Curitiba. Eles acrescentam que o ambiente pode estimular até mesmo o convívio e facilitar a socialização com outras crianças. Que pai e mãe não gostam que seus filhos brinquem com os amigos em casa?
O convívio pode — e deve — ser estimulado entre irmãos. Foi o caso do quarto projetado pelas arquitetas Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso, da Olesko e Lorusso Arquitetura e Interiores, de Curitiba, para dois irmãos de quatro e seis anos. “A cliente optou por deixar os dois filhos no mesmo quarto e no outro fazer um espaço multiuso de brinquedoteca e sala de estudos. Ela preferiu deixar os filhos desta forma para eles aprenderem a dividir os espaços e estarem juntos em todos os momentos”, explicam as profissionais.

Crescimento

As soluções para as crianças também devem prever que, obviamente, elas crescem. E um quarto bem pensado deve levar isso em consideração. As arquitetas Keyla Kinder e Fernanda Viero, do escritório Kids Arquitetura para Pequenos, lançaram mão de algumas ideias que acompanham o crescimento das crianças.
Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso fizeram uma área de estudos nesse projeto. Foto: Divulgação
Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso fizeram uma área de estudos nesse projeto. Foto: Divulgação
Um exemplo é colocar uma escrivaninha baixa, da altura da criança, embaixo de uma bancada de madeira que mais tarde servirá de local de estudos. Um painel que hoje recebe fotos e desenhos pode ser preparado para receber uma TV no futuro. Outra dica é usar uma cama auxiliar embaixo da cama padrão que eventualmente pode ser usada pelos pais quando a criança ainda exige a presença deles, mas que mais tarde pode servir de cama para amiguinhos que venham dormir em casa.
Outra recomendação é quanto às cores. Um quarto colorido é mais divertido. Mas Luciana e Maria Fernanda, da Olesko e Lorusso Arquitetura e Interiores, dizem que a cartela de cores deve ser pensada com calma. “Se for uma criança muito agitada é interessante tomar partido de cores mais calmas e tranquilas para não estimular demais. Algo que tomamos cuidado é de não fazer nada exagerado. Colocamos cores geralmente atrás da cama, onde a criança não fica olhando o tempo todo na hora de dormir”, ensinam.

Confira detalhes de 7 projetos de quartos de criança

Uma brinquedoteca espacial

Com a ajuda da arquitetura, os espaços infantis podem ajudar no desenvolvimento da criança. Foto: Divulgação
Com a ajuda da arquitetura, os espaços infantis podem ajudar no desenvolvimento da criança. Foto: Divulgação
Um quarto de brincar que fosse neutro — sem ser muito feminino ou masculino — e que focasse no tema espacial. Esse foi o pedido dos pais da menina de oito anos e do menino de dois para Mariana Moraes e Mariana Marx, do Nina Moraes Design Infantil, do Rio de Janeiro. “A partir disso, pensamos em criar uma cabaninha em forma de foguete, no qual a criança pudesse se sentir fazendo uma viagem ao espaço”, explicam. Junto a isso, na parede dos planetas (é uma parede pintada de preto com adesivos de planetas, foguetes e estrelas que brilham no escuro) uma portinha se torna teatro, com uma cortininha para a criança brincar.
Ao lado da cabana, estantes com livros. Outra estante de fácil acesso fica acima da escrivaninha. Embaixo dela, uma mesa com bobina de papel para eles rabiscarem. Abaixo do sofá, dois gavetões identificados guardam as fantasias das crianças. Para reforçar o conceito de espaço, o teto tem um móbile com o sistema solar, cujos planetas foram feitos em crochê.

Legoland

Fotos: Hugo Harada /Gazeta Do Povo
Fotos: Hugo Harada /Gazeta Do Povo
A paixão pelo brinquedo Lego foi o ponto de partida para Mônica Pajewski criar o quarto de Felipe. Para aproveitar o espa- ço e o pé-direito alto, ela fez um mezanino de ferro, onde ficam espaço para brincar e até dormir, além da tevê. Embaixo, quadro lousa para rabiscar, uma mesa para leitura e estudos, estantes para livros e a cama. Os armários com formato de Lego, portanto identificáveis para facilitar a organização, são para guardar os brinquedos. “Colocamos a tela no mezanino por questão de segurança mesmo. Mas reforçamos a estrutura para que os amigos e até os pais possam subir”, explica a profissional.

Para usar até crescer

Fotos: Eduardo Macarios
Fotos: Eduardo Macarios
No projeto do quarto da Laura, 5 anos, o espaço foi bem aproveitado e idealizado para ser usado até a adolescência. “A mãe queria uma cor alegre e um espaço para estimular a imaginação”, conta Bianca Decker, que assina o conceito junto com Nanda Bagatin.
A casa estante ao lado da cama apresenta vários nichos que hoje recebem brinquedos, mas que podem ser usados para guardar livros e objetos mais tarde. A tevê também tem um espaço próprio. Embaixo, dois gavetões ajudam na organização. O papel de parede tem desenhos coloridos, mas não chega a ser infantil.
A escrivaninha tem local para livros e painel para fotos e desenhos. “O espaço deve ser propício a brincadeiras, mas também deve ser ergonômico”, acrescenta Bianca.

Estímulo ao convívio

Foto: divulgação
Foto: divulgação
É fato que irmãos se amam, mas eventualmente há briguinhas. Para incentivar o convívio, os pais de dois meninos resolveram colocá-los em um mesmo quarto. O outro quarto transformou-se em um ambiente de brincadeiras e sala de estudos pelas mãos das arquitetas Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso, da Olesko e Lorusso Arquitetura e Interiores, de Curitiba.
No quarto de dormir, as cores mais fortes ficaram restritas a roupa de cama e alguns objetos de decoração. Atrás da cama, papel de parede que imita tijolos e as iniciais de cada um. Na brinquedoteca, de um lado, um armário para guardar os brinquedos, pufes e um tapete com desenho de pista de corrida para interação entre os irmãos. Do outro lado, um armário para dispor mais brinquedos e duas bancadas de estudo para cada um deles. O papel de parede repete a pista de corrida do tapete.

Com direito à leitura

Foto: divulgação
Foto: divulgação
As cores primárias foram usadas neste espaço de leitura e brincadeira para uma menina de cinco anos e um menino de sete. O projeto é das arquitetas Mariana Stockler e Carolina Posanske.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
O uso do papel de parede com letras tem o intuito de incentivar a leitura. O armário para guardar todos os brinquedos tem as iniciais de cada criança – o que auxilia na organização. O espaço para os livros fica à mão e dessa forma também organizado. Também há uma tevê para desenhos e videogame. “Os clientes queriam um espaço para que os dois filhos pudessem brincar juntos e tivessem onde guardar os brinquedos, que são muitos. Ou seja, a ideia de ter uma brinquedoteca à parte era para facilitar a organização e estimular o convívio dos irmãos”, explicam as arquitetas.

Uma casa de bonecas

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
No quarto criado pelos arquitetos Marcia Campetti e Tiago Campetti, do Estúdio Campetti, o mobiliário assinado pelo estúdio é a atração. Para que a menina de quatro anos pudesse brincar, dormir, cumprir as tarefas escolares e receber as amigas, o local recebeu uma cama com gavetões, um mezanino com guarda corpo de metal e uma casinha com penteadeira e quadronegro que se transforma em mesa de desenho.
Foto: Divulgação
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Os arquitetos também pensaram no futuro e quando ela crescer, através de uma intervenção, o quarto ganhará uma bancada de estudo. “Os pais deixaram claro que era o espaço dela, que era para ela se sentir parte do seu quarto”, acrescentam. O papel de parede florido é atemporal.

O mundo no quarto

Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
O quarto de Pietro (com a mãe, Giuliana Caliceti) foi criado pelas arquitetas Keyla Kinder e Fernanda Viero, do escritório Kids Arquitetura para Pequenos. Embaixo da bancada que vai de fora a fora do quarto, três caixas “Lego”. Duas delas são baús com rodinha para guardar brinquedos e a outra tem gavetas. O módulo branco no qual ficam hoje os brinquedos pode ser retirado, dando lugar a uma futura escrivaninha. A bancada ainda dispõe de portas para guardar roupas e objetos no espaço onde fica o closet (atrás do painel da tevê).
Também chama a atenção o imenso mapa múndi na parede. “O mapa tem uma paleta de cores legal que lembra o aquarelado. É muito lúdico”, afirmam. A mesinha e cadeirinha eram do antigo quarto, mas permaneceram por se adequarem ao tamanho dele. O local dos livros também é acessível a Pietro. A cama tem formato de casa e protetor para evitar que ele caia.
*Especial para a Gazeta do Povo.

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