O design brasileiro nunca encantou tanto como hoje. E além de cada vez mais estrangeiros estarem dedicando seu olhar às criações nacionais, os designers nacionais estão cada vez mais pop em nossa própria casa. Eles fizeram por merecer, investindo em uma linguagem de mobiliário original e universal.

São mestres em trabalhar com a madeira, por exemplo: dotá-la de leveza e simplicidade sem perder a elegância, e com boas sacadas. Mas essa é apenas uma das características. “O ‘menos é mais’ nunca ficou tão em evidência. O produto que traz isso cai no agrado. É menos cansativo.

As pessoas não querem mais acumular tanta coisa, mas viver somente com o essencial”, comenta o  diretor do Prêmio Salão Design, Eduardo Nuncio. Nomes de peso do design de mobiliário nacional não perdem sua majestade. Mas a nova leva de profissionais e as soluções contemporâneas e urbanas que carregam consigo são o que melhor há para responder às grandes inquietações dos novos tempos com novos conceitos, novas práticas e novos materiais.

“Para o futuro, o desafio que se coloca aos designers é solucionar questões através do desenho de produtos que tenham uma identidade nacional, e cujos projetos, fazendo uso da melhor tecnologia disponível e de equipes multidisciplinares, busquem o incremento da qualidade de vida e a inclusão social, contemplando as questões de sustentabilidade, escassez de matéria-prima e o contexto econômico do país”, revela a diretora geral do Museu da Casa Brasileira, Miriam Lerner.

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O jovem arquiteto paulista radicado em Curitiba foi eleito pela Wallpaper um dos 20 melhores escritórios de arquitetura em ascensão do mundo e integra a seleta lista do Design Milk dos melhores estúdios que representam o design brasileiro na atualidade. O arquiteto, que já trabalhou com Marcelo Rosenbaum e Isay Weinfeld, agora realiza voo solo.

É conhecido por conferir formas atemporais à madeira e conceber produtos de linhas simples e bem resolvidos, elegantes e didáticos. Além do escritório que leva seu nome, também faz parte do time de designers da Schuster Móveis e Design.

Formado pelos irmãos mineiros Susana Bastos e Marcelo Alvarenga, o escritório se destaca pela fusão do olhar artístico e arquitetônico. Ela é artista plástica e ele é arquiteto. Daí nascem criações inusitadas com funcionalidade repensada e formas expressivas. Produtos com referências claras ao dia a dia brasileiro. Versões urbanas para atividades ou técnicas artesanais.

O arquiteto mineiro passou a se dedicar exclusivamente à criação de móveis autorais desde 2015 e hoje também mantém parcerias com indústrias do ramo moveleiro. A madeira é a protagonista no trabalho do designer, sobretudo o diálogo com outros materiais, resultado de seu domínio de diferentes técnicas construtivas em marcenaria.

Transita de linhas racionalistas a formas mais orgânicas, trabalhando de partes nobres da madeira a restos que seriam descartados, e muitas vezes, como no caso da montagem da luminária Entre e Passe, convidando o usuário a reviver o momento de criação das peças artesanais.

Sob influência dos Irmãos Campana, referência máxima do design de mobiliário brasileiro, o paulista formado em Desenho Industrial cria engenhocas que transitam entre o escultural e o funcional. São peças tratadas como obras de arte a partir do experimento da desconstrução de materiais do dia a dia. como uma cadeira de colheres e luminária de pás. Qualquer objeto pode ser matéria-prima, principalmente os produtos industrializados e pouco explorados.

Design a partir de sistemas computacionais avançados é o forte do estúdio fundado pela arquiteta paulista Andrea Macruz. São peças esculturais, orgânicas e poéticas criadas a partir de tecnologia refinada e padrões matemáticos observados no universo natural, como campos vetoriais, ramificações de fluidos achados na dissipação elétrica dos relâmpagos ou no transporte de nutrientes de plantas.

A dupla Antonia Almeida e Fabio Esteves gosta de se dedicar a traduzir conceitos da sociedade nos objetos. Buscam novos métodos de produção e preferem produzir objetos duráveis e com mensagens questionadoras. Como um pendente de traços leves e simples para contrapor à correria do dia a dia, luminárias com braços manipuláveis  que incluem o usuário na autoria, cadeira de palitos e resina para levantar a curiosidade das pessoas ao se sentarem e banco e poltrona com molas, que respondem diferentemente a cada um que utiliza o assento.

O arquiteto paulista leva a sustentabilidade a sério. Gosta de dar novo ciclo de vida a objetos descartados em caçambas ou ferros velhos. Brinca com diversos materiais: do cobre à madeira. Surpreende por formas inusitadas e lúdicas.

*Especial para Gazeta do Povo