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Dicas para montar sua academia em casa e projetos para se inspirar

Monique Portela, especial para HAUS
18/02/2021 16:20
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O casal Fernanda e Ênio decidiu transformar a sala de 35 m² em um espaço para treinos na pandemia. | Alexandre Mazzo/ Gazeta do Povo

O reforço à importância da saúde física e mental em tempos de pandemia fez muita gente se mexer. E como tudo o que diz respeito ao período de isolamento social, isso teve um grande impacto na configuração e uso das casas. Foi assim que a mesinha de centro abriu espaço para o tapete de ioga — ou, no caso de Fernanda Klin e Ênio Santos, para o tatami, que figura no centro da sala de 35 m², agora completamente dedicada aos exercícios físicos.
“Essa sala já foi tudo e mais um pouco. Teve uma época em que foi salão de festas, depois, um depósito. No começo da pandemia, virou meu escritório e agora é um estúdio. É a salinha da necessidade”, comenta Fernanda, que mora em um apartamento de 265 m² no Centro Cívico, em Curitiba. Ela é designer, ele, coach em treinamento físico, o que justifica a urgência com que a sala foi adaptada para se transformar em uma academia funcional, em abril de 2020. Mas não foi preciso muito. Retirados os móveis que ocupavam o espaço, o casal comprou tatamis, pintou as paredes e organizou alguns aparelhos, como bola de pilates, minicama- -elástica, halteres e kettlebells, em armários e no próprio chão. A salinha não apenas ficou funcional, mas visualmente interessante para as lives e treinamentos online que Ênio realiza no espaço. O toque especial é a parede, cuja tinta permite que ela seja toda rabiscada com giz, figurando metas e frases motivacionais; mas também as janelas amplas, que garantem a luminosidade ideal para a câmera e auxilia a ventilação, tão necessária para a prática de exercícios. “Mesmo que tudo volte ao normal, o estúdio vai permanecer. A gente gostou da ideia”, comenta Fernanda.

Do lado de fora

Quem mora em casa, apartamento térreo ou garden tem a vantagem de poder usufruir também da área externa. É o caso da arquiteta Sophia Aguiar, que mora com o pai, Valther, e o irmão, Gabriel, em uma casa em Santa Felicidade. Para ela, bastou o tapete de ioga, às vezes na varanda, outras, na sacada. Mas para Valther e Gabriel, a musculação fez falta. E foi assim que a família decidiu construir em madeira aparelhos semelhantes àqueles que usavam na academia. “Meu pai é engenheiro e sempre gostou de construir coisas em casa. Então, a gente viu como uma oportunidade de usar a criatividade”, comenta a arquiteta. “Como são grandes e pesados, nós deixamos no terraço, onde temos a churrasqueira e ganchos de rede, que acabam servindo de apoio para elástico e outros aparelhos menores”.
Um outro aparelho foi construído atrás da edícula do quintal, usando-a como base; e, ainda, um aparelho para barra fixa. Para os exercícios funcionais, colchonetes e tapetes emborrachados vão para a varanda, junto aos demais apetrechos. Apesar do espaço que dispõe, Sophia garante que não é preciso ter área externa nem dedicar um cômodo inteiro para se exercitar em casa, desde que se prefira usar o peso do corpo e alguns halteres ao invés dos grandes aparelhos. Arrastar os móveis e criar um espaço entre dois e três metros quadrados é suficiente para diversos movimentos.

Para pensar o ambiente

Além da metragem, é importante estar atento a outros detalhes na hora de escolher o melhor cômodo para adaptar à função de miniacademia. A arquiteta e design de interiores Julia Lis enfatiza a necessidade de luz difusa, seja ela natural ou artificial. “Se você for deitar para fazer um exercício, é chato ter um spot bem no seu rosto”, exemplifica. As especialistas também reforçam a necessidade de boa ventilação: o ambiente arejado é essencial para que você se sinta bem durante a prática. Assim, ventilação, iluminação e funcionalidade, além da metragem, podem ser fatores determinantes para você escolher entre o quarto ou a sala, por exemplo.
Julia também sugere que a escolha do espaço pode ser pautada pela possibilidade de somar as funções. “Se você tiver um espaço mais reduzido, é interessante que ele possa atender às duas atividades do cômodo”, aponta a arquiteta. Usar a sala de TV é um exemplo: você pode assistir o treino diretamente na televisão ou ver um filme enquanto se alonga.
Falar em ambientes passíveis de serem adaptados, é falar sobre a mobília multifuncional. Bancos que sejam baús, ganchos, prateleiras e nichos que acomodem também os apetrechos, são bons exemplos. “A pessoa pode usar os próprios móveis ou elementos decorativos para fazer os exercícios, como pesos ou apoios”, sugere Sophia.
E o contrário também é válido: ao invés de usar o que você tem em casa como acessório de ginástica, os acessórios é que podem fazer parte da decoração. Neste caso, a dica é usar as cores ao seu favor. Aparelhos grandes podem ser pintados de forma a combinar com o ambiente, halteres e kettlebells coloridos podem servir como peso de papel, elásticos podem ficar à vista em paineis ou ganchos. Tudo sempre à mão (e à vista), para você não ter desculpa para não se exercitar.

Espaço único, mas integrado

Quem está se preparando para uma reforma ou planejando sua nova morada pode aproveitar o momento para incluir um espaço específico para exercícios. E específico, é bom frisar, não precisa ser sinônimo de desintegrado. O projeto que Julia Lis desenvolveu para HAUS mostra muito bem como a academia pode fazer parte da totalidade do ambiente. “Este é um ambiente com sala, cozinha, sala de jantar e academia. Todos têm sua função própria, mas todos estão integrados, têm essa interação”, aponta.
Para dar a sensação de amplitude, o espaço partilha do mesmo piso e é demarcado por um painel de madeira no teto. Entre o forro e o painel, luzes LED permitem iluminação difusa quando a luz natural, abundante por conta das amplas janelas, não for o suficiente. A localização é estratégica: atrás da sala de TV. Assim, quem se exercita aproveita a função da sala, mas também não incomoda ninguém caso o espaço seja usado por outra pessoa, simultaneamente. Os nichos baixos, do mesmo revestimento do piso, colaboram ainda mais para a sensação de amplitude e ajudam a integrar a academia à decoração.

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