É considerada a mais bem sucedida obra de arte transparente. Um ícone do design mundial que conquistou todos. Todos mesmo. Hoje, com mais de 3 milhões de peças vendidas, a Louis Ghost é a cadeira mais democrática do planeta. "E em dois anos será a mais ecológica", declara o seu criador Philippe Starck, o convidado especial para a festa de 20 anos da aniversariante em uma festa memorável no Teatro Scala de Milão, que aconteceu no dia 16 de novembro. "Hoje, a Louis Ghost é feita já com 60% de policarbonato reciclado. Em 2024, a Kartell já colocará em produção a versão totalmente ecológica".

Um seleto grupo de 300 convidados pode apreciar de perto uma pequena mostra fotográfica e protótipos dispostos no templo da lírica italiana. A guru do design, Rossana Orlandi; a fundadora e curadora do Salão Satélite, Marva Griffin; os arquitetos Mario Cucinella, Patricia Urquiola e Fabio Novembre foram homenagear a criação do colega e amigo Philippe Starck. O designer francês e Claudio Luti, o CEO da Kartell, não pouparam elogios ao que eles chamam de primeira peça de design democrático do planeta que custa cerca de 110 euros.  "Digo sempre que a Louis Ghost é mais que uma peça minha. É de todos nós. Coloquei no papel o gosto e as exigências do que nós precisamos em uma cadeira", contou o designer pouco antes do evento com exclusividade para HAUS.

A escolha da comemoração de 20 anos da Louis Ghost no Teatro Scala mostrou que a cadeira de Starck pode ser popular e ao mesmo tempo elitista, sem perder a sua essência de funcionalidade e beleza. "O poder da sua longevidade é justamente sua alma transparente e funcional. É perfeita em casa, como mobília em um hotel de luxo, em um restaurante familiar, em um desfile de moda e até para recepções de autoridades", disse ele que lembrou que até o Papa Bento 16 e a  Rainha Elizabeth foram fotografados sentados na cadeira transparente.

Arrisca-se dizer que quase todo mundo já se sentou em uma Louis Ghost. Um dos pontos altos da festa foi a participação de Scala Maria Celeste Losa e Gabriele Corrado que se apresentaram em um balé coreografado por Aksinja Bellone, em que a protagonista indiscutível foi a aniversariante.

O projeto da Louis Ghost começou a ser concebido por Philippe Starck em 1998, a pedido do restaurante francês Kong. "A inspiração foi na clássica cadeira Luís XV e com Claudio Luti da Kartell trabalhamos muito na criação e produção. Queríamos algo com um estilo inconfundível", relembra o designer. Em 2002, nasce a Louis Ghost: robusta e frágil ao mesmo tempo, transparência sedutora e um valor de mercado acessível. "Explicar porque ela é tão atual e ainda hoje arrasta milhares de fãs: é uma peça que faz parte da memória coletiva. É um modelo que inconscientemente conhecemos", conta rindo o francês com seu bom humor durante a entrevista.

Nestes 20 anos, a Louis Ghost foi vestida pela grife Missoni, decorada com néon pelo designer Piero Lissoni, tatuada pelo artista Nuku e ganhou uma versão Barbie feita exclusivamente para o público infantil. "Eu digo sempre que isso é design democrático", comenta Starck, que acredita que o bom design, a tecnologia e uso de materiais sustentáveis é o caminho para o futuro.

A diva em policarbonato, como foi chamada durante anos, prova a teoria do francês de que o uso do plástico é uma alternativa ecológica principalmente se fabricado com material bio e reciclado. Defensor acirrado do slogan "menos é mais'', ele não esconde que em suas casas adota uma decoração democrática. E é claro, a Louis Ghost tem lugar privilegiado.

"Na minha casa em Sintra, temos uma no nosso quarto customizada pela artista plástica Joana Vasconcelos", revela o designer olhando para a mulher Jasmine Abdellatif Starck que prontamente declara em um ótimo português "É a minha favorita".