Design
Clássicos do design argentino ganham versão moderninha
Jarras pinguim em cerâmica da marca L’ago. Cores diversas, com ou sem acabamento metalizado. Fotos: Elisandro Dalcin/Divulgação | Elisandro Dalcin
Não são raras as vezes em que souvenirs trazidos de viagens se transformam em peças de decoração. Afinal, são objetos carregados de cultura e significado, além de trazerem memórias de um tempo e lugar especiais para dentro de casa.
Um passeio pelas lojas de design e antiquários de Buenos Aires – destino cada vez mais em alta entre os brasileiros – pode revelar peças autênticas.
Fileteado portenho
Arte decorativa típica da capital portenha, surgiu no final do século 19 para ornamentar as carroças de leiteiros, verdureiros e outros serviços prestados por imigrantes nos bairros de La Boca e San Telmo. Depois, passou a decorar também caminhões e linhas de ônibus da capital. Tornou-se tão popular que já foi usada até em campanhas da Nike e Coca Cola.
De estilo inconfundível, o filete portenho consiste em desenhar as letras e ornamentá-las com flores, fitas, aves, dragões e outros elementos, sempre em cores muito vivas e criando uma falsa ideia de relevo. A escolha de personagens e frases cotidianas, espirituosas ou provocativas também está na essência da arte do fileteado, tipografia que segue viva em cartazes, pôsteres, móveis e todo tipo de objeto. Em dezembro de 2015, foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Mate
Herança dos guaranis do Paraguai, tomar mate é um dos pilares da cultura argentina, onde são consumidos 256 milhões de quilos da erva por ano. Tanto que as cuias e bombas usadas para beber a infusão se tornaram populares – e lindos – objetos de design. Há as versões tradicionais, de cabaça natural e também releituras coloridas e moderninhas, em materiais que vão da cerâmica ao silicone e alumínio. Como a erva argentina é mais forte e amarga que a brasileira, as cuias são bem menores e muito charmosinhas.
Jarra pinguim
A Argentina já foi um dos maiores consumidores de vinho do mundo. Porém, antes de existir a lei de engarrafamento na origem, a bebida chegava de Mendoza até Buenos Aires em garrafões ou barris de madeira de até 200 litros. Era tarefa dos “pulperos”, os donos das mercearias e armazéns de então, fracioná-la em recipientes menores para facilitar sua venda. No final da década de 1930, imigrantes italianos muito criativos desenvolveram jarras em forma de pinguim– cujo bico facilitava despejar a bebida nas taças – e a moda pegou. Hoje, são peças kitsch e podem ser encontradas tanto nas versões originais, em antiquários, quanto em releituras, nas lojas de design.
Sifão
Assim como as jarras pinguim, os sifões também estão relacionados à bebida do Baco. No final do século 19, o grau alcoólico e de acidez dos vinhos que chegavam a Buenos Aires eram bastante elevados. Daí a ideia de misturá-los com água gaseificada utilizando sifões trazidos da Europa, para tornar o vinho mais suave ao paladar. A famosa “soda” passou a ser usada em todo tipo de bebida e está presente até hoje em nove de cada dez mesas argentinas. Como atualmente só são vendidos sifões de plástico, os antigos de vidro viraram peça de colecionador – e de decoração. Segundo o Club del Sifón de Argentina, de cada mil peças fabricadas nas “soderías” da época, a partir de 1908, 800 eram de cor verde, 150 azuis e apenas 50 rosas, já que levavam ouro em sua composição.
* especial para HAUS