Design

Clássicos do design argentino ganham versão moderninha

Mariana Sanchez*
20/12/2016 16:05
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Jarras pinguim em cerâmica da marca L’ago. Cores diversas, com ou sem acabamento metalizado. Fotos: Elisandro Dalcin/Divulgação | Elisandro Dalcin

Não são raras as vezes em que souvenirs trazidos de viagens se transformam em peças de decoração. Afinal, são objetos carregados de cultura e significado, além de trazerem memórias de um tempo e lugar especiais para dentro de casa.
Um passeio pelas lojas de design e antiquários de Buenos Aires – destino cada vez mais em alta entre os brasileiros – pode revelar peças autênticas.

Fileteado portenho

Arte decorativa típica da capital portenha, surgiu no final do século 19 para ornamentar as carroças de leiteiros, verdureiros e outros serviços prestados por imigrantes nos bairros de La Boca e San Telmo. Depois, passou a decorar também caminhões e linhas de ônibus da capital. Tornou-se tão popular que já foi usada até em campanhas da Nike e Coca Cola.
De estilo inconfundível, o filete portenho consiste em desenhar as letras e ornamentá-las com flores, fitas, aves, dragões e outros elementos, sempre em cores muito vivas e criando uma falsa ideia de relevo. A escolha de personagens e frases cotidianas, espirituosas ou provocativas também está na essência da arte do fileteado, tipografia que segue viva em cartazes, pôsteres, móveis e todo tipo de objeto. Em dezembro de 2015, foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Mate

Mates da L’ago, em alumínio colorido.
Mates da L’ago, em alumínio colorido.
Herança dos guaranis do Paraguai, tomar mate é um dos pilares da cultura argentina, onde são consumidos 256 milhões de quilos da erva por ano. Tanto que as cuias e bombas usadas para beber a infusão se tornaram populares – e lindos – objetos de design. Há as versões tradicionais, de cabaça natural e também releituras coloridas e moderninhas, em materiais que vão da cerâmica ao silicone e alumínio. Como a erva argentina é mais forte e amarga que a brasileira, as cuias são bem menores e muito charmosinhas.

Jarra pinguim

Jarras pinguim em cerâmica da marca L’ago.
Jarras pinguim em cerâmica da marca L’ago.
A Argentina já foi um dos maiores consumidores de vinho do mundo. Porém, antes de existir a lei de engarrafamento na origem, a bebida chegava de Mendoza até Buenos Aires em garrafões ou barris de madeira de até 200 litros. Era tarefa dos “pulperos”, os donos das mercearias e armazéns de então, fracioná-la em recipientes menores para facilitar sua venda. No final da década de 1930, imigrantes italianos muito criativos desenvolveram jarras em forma de pinguim– cujo bico facilitava despejar a bebida nas taças – e a moda pegou. Hoje, são peças kitsch e podem ser encontradas tanto nas versões originais, em antiquários, quanto em releituras, nas lojas de design.

Sifão

Sifões à venda no posto de Juan Carlos Trofelli na Feira de Antiguidades de San Telmo.
Sifões à venda no posto de Juan Carlos Trofelli na Feira de Antiguidades de San Telmo.
Assim como as jarras pinguim, os sifões também estão relacionados à bebida do Baco. No final do século 19, o grau alcoólico e de acidez dos vinhos que chegavam a Buenos Aires eram bastante elevados. Daí a ideia de misturá-los com água gaseificada utilizando sifões trazidos da Europa, para tornar o vinho mais suave ao paladar. A famosa “soda” passou a ser usada em todo tipo de bebida e está presente até hoje em nove de cada dez mesas argentinas. Como atualmente só são vendidos sifões de plástico, os antigos de vidro viraram peça de colecionador – e de decoração. Segundo o Club del Sifón de Argentina, de cada mil peças fabricadas nas “soderías” da época, a partir de 1908, 800 eram de cor verde, 150 azuis e apenas 50 rosas, já que levavam ouro em sua composição.
* especial para HAUS

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