É fato. Para criar e desenvolver um móvel é preciso muita criatividade. Afinal, de tudo já foi feito e, quando se tem uma grande ideia, há muito mais trabalho pela frente. Mas há quem não ligue muito para o tamanho do desafio. É o caso das três jovens designers: Camila Accioly, Tatiemi Iwamoto e Juliana Bello Schlichting. As três já começaram a carreira, mesmo que despretensiosamente, com prêmios e reconhecimento. Conheça a história de cada uma delas.
Camila Accioly, 30 anos
Sua primeira formação foi em arquitetura, em 2008. Então, Camila Accioly ganhou experiência trabalhando em um escritório, antes de abrir o seu, um ano depois. Foi trabalhando com design de interiores que surgiu a curiosidade em desenhar mobiliário. “Comecei o curso de design de móveis no Senai em 2013. Eu já desenhava mobiliário na arquitetura, mas ganhei mais experiência com o estudo”, conta. E no projeto de conclusão de curso, Camila desenvolveu uma série de cadeiras infantis com a ajuda da amiga de curso, Camila Neves.
As cadeiras Tom Tom (cavalo), Hippo (hipopótamo) e Gigi (girafa) são feitas de material 100% reciclável. As peças são de fácil montagem, basta fazer alguns encaixes. “Elas são feitas em Valchromat, uma espécie de MDF que tem tingimento com tinta atóxica”, explica a designer. O projeto foi tão bem-sucedido que ganhou, em 2013, o prêmio IDEA/Brasil. “A ideia agora é abrir uma empresa só para desenhar as peças e continuar com o projeto. Ainda estou desenvolvendo a marca, mas pretendo aumentar o número de bichinhos e ir na contramão da tecnologia, com peças lúdicas em madeira, para trazer a interação dos pais com os filhos.”
Juliana Bello Schlichting, 30 anos
A alma de inventor de seu pai, que está construindo um avião nos fundos de casa, inspirou a historiadora Juliana Bello Schlichting a se desviar um pouco dos livros para criar no campo do design de mobiliário. “Acabei fazendo pós em história da arte na Belas Artes (Embap) e foi ali que aflorou a vontade de colocar a mão na massa”, diz Juliana. Há mais ou menos um ano, a jovem criou o Guria Marcenaria, um projeto em que ela desenvolve produtos originais feitos à mão.
Com pensamento crítico e bagagem que veio com sua formação, Juliana vem experimentando criar móveis diferentes e funcionais. Uma de suas criações, o Gabinete Voilà, foi um dos finalistas do prêmio Salão Design deste ano. “Foi um grande incentivo para mim, que estou apenas começando. Além de ser uma grande honra expor ao lado de grandes designers como Bruno Faucz, Bel Lobo, Gustavo Bittencourt, Paulo Alvez, Renata Moura, entre tantos outros”, comemora. Ela acredita que o seu caminho no design ainda é longo e que tem muito a aprender. Em março, algumas de suas criações devem ser lançadas no mercado.
Tatiemi Iwamoto, 27 anos
Ela foi o único 10 na banca final em 17 anos do curso de Design de Produto da Universidade Federal do Paraná (UFPR). E para Tatiemi Iwamoto, de 27 anos, o reconhecimento acadêmico é só o começo. Logo após terminar o curso, em 2013, a profissional continuou trabalhando no núcleo de design e sustentabilidade da universidade. “As pesquisas que fazemos no núcleo de design, trabalhando junto de empresas no Brasil, deixa o ensino pau a pau com a Europa”, exalta.
Em 2014, Tatiemi resolveu se inscrever no prêmio da Tok & Stok. “Quando abriu o concurso, fiquei dois terços do tempo pesquisando referências, pensando em mais de 80 alternativas de banco”, conta a designer. O resultado foi um móvel de traços limpos, a Bantrona de Balanço. Como o tema do concurso era banco, Tatiemi se esforçou em criar “um banco com menos cara de banco”. “A ideia era surpreender, pegar coisas simples do cotidiano e tirar dessa zona de conforto sob nova perspectiva”, explica. Vencedora, a designer comemora a conquista e aguarda a comercialização de sua primeira peça, que deverá ser vendida nas lojas Tok & Stok de todo o país ainda este ano.
