SP Arte 2022

Design

11 destaques em design, arte e mobiliário da maior feira de arte da América Latina

Luan Galani
08/04/2022 17:30
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SP Arte 2022 acontece no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo | Divulgação

A 18ª edição da SP Arte Festival Internacional de Arte de São Paulo –, um dos mais importantes eventos do mercado global, acontece até domingo (10) no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Com participação maciça dos atores do setor, a feira reúne 100 galerias de arte, 30 galerias de design e 14 editoras.
Confira o que pintou de novidade lá nos pavilhões de design e mobiliário, e arte!

Coleção Rituais

10 objetos monolíticos, que exploram a pureza das formas e que brincam com formatos derivados da esfera, integram a coleção Rituais, de Leandro Garcia
10 objetos monolíticos, que exploram a pureza das formas e que brincam com formatos derivados da esfera, integram a coleção Rituais, de Leandro Garcia
O arquiteto e designer Leandro Garcia, paulista radicado em Curitiba, lança na SP Arte a coleção Rituais, um conjunto de 10 objetos monolíticos do dia a dia, carregado de valores simbólicos. São vasos, incensários, castiçais, pesos de papel e aparadores de livros, todos produzidos a partir de símbolos que se mantém desde os rituais dos povos tradicionais e originários.
Incensário da coleção Rituais, de Leandro Garcia
Incensário da coleção Rituais, de Leandro Garcia
O objetivo é de resgatar os rituais domésticos para parar, observar, criar tempo, conectar-se com o íntimo, experimentar a clareza e silêncio do mergulho em si mesmo.
Peso de papel assinado por Leandro Garcia.
Peso de papel assinado por Leandro Garcia.
Os objetos são feitos de mármore e exploram processos de cortes, intersecções, subtrações sobre a elementaridade da esfera, guiados pelas formas, proporções e expressões dos materiais. São formas sintetizadas, monolíticas, sem soluções complexas de detalhe, suscitando reflexões sobre a pureza formal e composição.
Aparadores de livros da coleção Rituais, de Leandro Garcia
Aparadores de livros da coleção Rituais, de Leandro Garcia

Couro mais sustentável

A +55design reutiliza em suas peças o couro natural desperdiçado pelo abate bovino da indústria de alimentos. Anualmente, segundo a marca, são descartados no mundo 10,2 bilhões de quilos de pele de boi, o equivalente a uma pilha de material correspondente a 1 milhão de vezes a Torre Eiffel.
Peças da +55design usam couro reutilizado de abates bovinos da indústria alimentícia
Peças da +55design usam couro reutilizado de abates bovinos da indústria alimentícia
O desperdício de couro gerado na produção das peças também é reaproveitado para fabricar ração animal e colágeno. E para assegurar que a pele não venha de rebanhos ilegais, a matéria-prima é rastreada via satélites, o que garante que a criação do rebanho não venha de áreas de reserva indígena, proteção ambiental ou desmatadas.
O espaço conta com móveis do portfólio da +55 acompanhados pela obra 'Otono', de Heloisa Crocco, feita de sobras de couro da produção de mobiliário
O espaço conta com móveis do portfólio da +55 acompanhados pela obra 'Otono', de Heloisa Crocco, feita de sobras de couro da produção de mobiliário

Estreia da Galeria Zilda Fraletti

A reconhecida galeria curitibana de Zilda Fraletti e Carlos Cavet marca sua estreia na SP Arte com obras de grande elenco de artistas, paranaenses, paulistas, mineiros e baianos. O espaço conta com fotografias de German Lorca, um expoente da experimentação fotográfica que explora nuances da vida cotidiana.
Entre os destaques, o artista multifacetado Alexandre Frangioni vem com as obras da série Êxido, em que ele usa o porquinho-cofrinho como símbolo para falar da movimentação dos valores, não somente monetários, mas também valores éticos, estéticos e morais. As obras de Frangioni questionam a real importância do ser humano. Os porquinhos são impressos em impressora 3D e a disposição deles simula um movimento em grupo, como nas migrações humanas.
Obra de Alexandre Frangioni: base tabuleiro de xadrez em madeira, peças pretas Cofrinhos de material ABS feitos em impressão 3D, moedas de real, dólar, euro e cédulas de dólar e libra esterlina. Peças brancas Miniaturas de obras Duchamp, em gesso pintado com porcelana liquida, “Porta Garrafas” em metal pintado, ”Roda de bicicleta” em madeira e metal pintado, “nu descendo escada” em fotografia impressa e madeira, “o grande vidro” em madeira e acetato impresso e “L.H.O.O.Q” em madeira, acetato e fotografia impressa
Obra de Alexandre Frangioni: base tabuleiro de xadrez em madeira, peças pretas Cofrinhos de material ABS feitos em impressão 3D, moedas de real, dólar, euro e cédulas de dólar e libra esterlina. Peças brancas Miniaturas de obras Duchamp, em gesso pintado com porcelana liquida, “Porta Garrafas” em metal pintado, ”Roda de bicicleta” em madeira e metal pintado, “nu descendo escada” em fotografia impressa e madeira, “o grande vidro” em madeira e acetato impresso e “L.H.O.O.Q” em madeira, acetato e fotografia impressa
A galeria de Curitiba traz ainda obras do promissor artista curitibano André Mendes, que inaugurou recentemente sua primeira exposição individual no Museu Oscar Niemeyer (MON), com curadoria de Nei Vargas.
Um tipo de pop-barroco chama atenção nas obras de Iuri Sarmento, que enaltecem técnicas de confecção de porcelanas, azulejos e bordados, alguns estampados com a imagem da azulejaria azul e branca do barroco português ou com fragmentos pictóricos de ícones da pintura universal. Suas pinturas são verdadeiras colagens e suas composições pop-barroco elogiam o excesso e a saturação.
Obra de  Iuri Sarmento explora a temática pop-barroco
Obra de Iuri Sarmento explora a temática pop-barroco
Já o artista visual Eduardo Custódio apresenta um mundo sensível e particular em suas obras, alternando entre desenhos, gravuras e esculturas. Ele explora um universo contemporâneo e surrealista que dá vazão ao seu modo inusitado de ver a vida e de instigar a imaginação.
Menina com balão, de Eduardo Custódio.
Menina com balão, de Eduardo Custódio.

Mobiliário escolar e corporativo contemporâneo

A Maqmóveis assina a produção de toda a estrutura de móveis que atende a feira, desde revisteiros e displays até balcão e expositores. A empresa paulista também apresenta sua colaboração de móveis com o estúdio Novidário, em uma linha exclusiva intitulada Parte, aliando sua expertise e qualidade de quase 40 anos ao design de ponta do renomado escritório, mirando no segmento corporativo.
A linha apresenta assentos e mesas auxiliares que podem se combinar de diferentes maneiras, formando móveis customizados - ou seja, nos diferentes tamanhos e layouts à escolha do cliente. Os módulos ainda permitem a adição de mais pés ou mais assentos, e diversas opções de cores para os assentos estofados e superfícies de laminado melamínico.

Design onírico

Sempre levando poesia e referências lúdicas para as suas criações, Cristiana Bertolucci traz um espaço etéreo que é capaz de representar com maestria a habilidade subjetiva da designer. O Jardim Onírico é a proposta de Cris, uma instalação que busca representar um mundo da fantasia e do sonho, com os lançamentos flutuando em alturas diferentes, em uma linguagem leve e suave. Destaque para os pendentes Costume, que lembram estruturas aramadas de saias dos vestidos antigos.
Pendentes Costume por Cris Bertolucci
Pendentes Costume por Cris Bertolucci
Pendentes Campana por Cris Bertolucci
Pendentes Campana por Cris Bertolucci
Luminárias Lanterna por Cris Bertolucci
Luminárias Lanterna por Cris Bertolucci

Tapeçarias escultóricas

O artista e designer têxtil Alex Rocca lança a coleção Pele. Tecidas à mão, com fibras e tingimentos especiais, são 11 tapeçarias escultóricas, em diferentes dimensões, formas e texturas.
De caráter intimista, a imersão artística nasce da incansável busca pela própria identidade, seu espaço, seu corpo e etnia. Em um processo intuitivo, Rocca expressa sua própria individualidade para revelar a fragilidade da pele, órgão sensível que pode ser ferido. De forma curativa, trata as fissuras e reconstrói a estética por meio de suturas expostas. Na riqueza cromática da derme, traz o calor tátil e sensual.

Esculturas funcionais de madeira

O designer Hugo França, conhecido por reaproveitar resíduos florestais para a produção de esculturas mobiliárias únicas, traz peças grandiosas. Entre os destaques, o banco Una e o aparador Bará, em madeira baraúna.

30 anos de ,Ovo

Em 2022, os designers Luciana Martins e Gerson de Oliveira completam 30 anos à frente da ,Ovo. A apresentação da poltrona Compasso, da linha Equador, e da série de cadeiras Quadros, juntamente com as porcelanas, em colaboração com a ceramista Nydia Rocha, marca o início das comemorações.
Nas palavras da historiadora de design e curadora Adélia Borges: “Sem cair na assepsia do modernismo tal como foi lido por tantos, como um grilhão a impedir voos e poesia, os móveis e objetos desenvolvidos por Luciana e Gerson têm clareza de pensamento e de construção; buscam a forma justa, sintética e depurada da criação divina que escolheram para dar nome a seu estúdio, como uma profissão de fé: ovo. Como haicais, concisos e surpreendentes, comunicam a contemporaneidade e, simultaneamente, parecem-me predestinados a transcender o tempo em que foram feitos."

Vidro soprado

A designer e artista Jacqueline Terpins concebeu nove esculturas que brincam com o delicado equilíbrio entre a massa vítrea ainda em estado sólido e o vidro soprado. É a coleção Instante.

Quartzito vermelho

A mesa Quadrícula, de Lucas Recchia, para Firma Casa, prima pelo contraste entre leveza e peso, luz e sombra. Ela é feita em quartzito vermelho do Maranhão com vários recortes quadrados que recebem peças de vidro fundido. Esses quadradinhos filtram a luz e formam um tapete de cores.

Brasil+Portugal+Espanha

Após quase dois anos de reclusão e conexões digitais, a Etel aposta em uma exposição sensorial e as relações entre Brasil, Portugal e Espanha na SP Arte. Com peças expostas pela primeira vez no Brasil e assinadas por Patricia Urquiola, Joaquim Tenreiro e Daciano da Costa, a galeria apresenta o elo entre passado e presente.
Trata-se de um conjunto de reedições originais e edições atuais desenhadas por importantes precursores do design moderno em contraponto com criações do hoje, e os desafios deste tempo.
Joaquim Tenreiro, pai do design moderno brasileiro, e Daciano da Costa, reconhecido patrono do design moderno Português - ambos portugueses de nascença - participam do momento passado, e manifestam as diferentes conexões com suas influências e identidades.
Desde meados do século 20, Tenreiro apresenta de forma desafiadora, e única, criações condizentes com a realidade brasileira da época, distante da possibilidade de industrialização, com madeiras tipicamente brasileiras, e clima quente, o que o fez desafiar os limites da leveza na sua construção. Já Daciano, em contraponto, traz criações alinhadas com o modernismo europeu, buscando o bom desenho, aliado à função, mas também em íntima conexão com a arquitetura de sua época.
Já no presente momento em que vivemos, Patricia Urquiola em parceria com a Etel, desenvolve criações que materializam novas formas de conexão, revisitando a tipologia dos carrinhos marcantes na história do design brasileiro, unindo às preciosas madeiras brasileiras, mas em uma estética atual, e que trata com sensibilidade os desafios ambientais deste nosso tempo.
A primeira experimentação resultou na criação do material Plasma, idealizado por Lissa Carmona, diretora e curadora da Etel, para a linha Cascas, composta pelo Carrinho de chá, Contenitore e Mesa lateral. O resultado foi consolidado graças a parceria com a Vallvé, que possibilitou a união desse composto feito 80% de fontes renováveis, de cavacos de madeira da produção junto com polímero de fonte vegetal e 20% de resinas minerais.
O segundo material sustentável é nomeado como Marwoolus, feito com resíduos de mármore e uma reminiscência de lã da indústria da moda, desenhado na Itália por Marco Guazzini. A inovadora solução é utilizada na produção das peças da linha Raízes de Patricia Urquiola, composta pela Mesa central, Aparador e a inédita Mesa Lateral Raízes, essa última exposta no Pavilhão da Bienal.

Serviço

18ª SP Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo
Data:
06–10 abril de 2022
Local: Pavilhão da Bienal, Parque Ibirapuera, Portão 3, São Paulo
Entrada
R$ 50,00 (geral) | R$ 25,00 (meia-entrada)
Compra de ingressos
www.bilheteria.sp-arte.com

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