Impressão 3D

Design

Empresários de Curitiba pedem doações para produzir máscaras gratuitas em impressão 3D

Luan Galani
24/03/2020 19:57
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Equipe do Samu recebe as máscaras doadas pelos empresários e designers. Foto: Arquivo Pessoal/Michelli Andrade

Nos últimos dias, empresários de Curitiba e 'makers' que vivem da impressão 3D para criar protótipos industriais ou móveis e objetos de decoração têm se dedicado de forma voluntária a produzir máscaras contra a Covid-19 para os profissionais de saúde da capital paranaense e da Região Metropolitana de Curitiba.
Esse esforço surgiu depois que médicos e enfermeiros de todo o Brasil protestaram nas redes sociais contra a falta de máscaras e luvas frente ao avanço do coronavírus. A partir dessa demanda, empresários do setor, escritórios de design, autoridades municipais, membros do Ministério Público e interessados em ajudar criaram um grupo no WhattsApp que já passa de 100 membros e uma rede interligada com mais de 40 impressoras 3D atuando simultaneamente, como conta o designer de produto Nelson Toba, sócio fundador da Projemec e integrante da associação Prodesign>PR.
Toba reforça que todo o trabalho está sendo feito de forma voluntária e gratuita, com o objetivo de distribuir as máscaras apenas para profissionais da saúde.
Estrutura impressa em 3D que segura a viseira de acetato e que forma a máscara gratuita fabricada por empresários de Curitiba e Região. Foto: Nelson Toba/Divulgação
Estrutura impressa em 3D que segura a viseira de acetato e que forma a máscara gratuita fabricada por empresários de Curitiba e Região. Foto: Nelson Toba/Divulgação
"A máscara conhecida como escudo facial foi o modelo adotado por ser aprovado pela autoridades médicas e Anvisa, e por estar disponível em open source por uma empresa da República Tcheca", explica. Ela consiste em uma armação imprimível e viseiras que podem ser de acetato, PVC e PETG, por exemplo."
Até a tarde desta terça-feira (24), já foram requisitadas 3 mil máscaras. Segundo Toba, uma bobina de filamento, que tem um quilo, consegue produzir até 200 armações. "Para atingir essa demanda, seriam necessárias 15 bobinas. Por isso toda doação é bem vinda", desabafa.
Quantias monetárias também podem ser doadas. No mercado, o preço médio das bobinas de filamento variam de R$ 50 a R$ 100, dependendo da qualidade do material. Em caso de doações em dinheiro, depósitos ou transferências, os empresários pretendem comprar os filamentos.
Depois de prontas, um grupo vai reunir as criações, fazer assepsia primária e despachar para os hospitais cadastrados.
 O FabLab da Rua da Cidadania do Cajuru também vai começar a produzir as máscaras em impressão 3D para profissionais de saúde. Foto: Prefeitura de Curitiba/Divulgação
O FabLab da Rua da Cidadania do Cajuru também vai começar a produzir as máscaras em impressão 3D para profissionais de saúde. Foto: Prefeitura de Curitiba/Divulgação
A empresária Michelli Andrade, que é diretora de casting da Forum Model e tem uma empresa familiar de vasos para decoração, também faz parte do grupo que começou a produzir as máscaras de acrílico para doar às unidades de saúde públicas e privadas.
"Já entregamos em uma UPA de São José dos Pinhais, no Hospital de Clínicas, algumas para o Samu e algumas unidades de pediatria", relata a empresária.
Hoje a empresa dela já tem mais de 800 pedidos de máscaras e vários interessados em ajudar cederam mais impressoras e material.
 Profissionais de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com as máscaras produzidas pelo grupo paranaense. Foto: Arquivo Pessoal/Michelli Andrade
Profissionais de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com as máscaras produzidas pelo grupo paranaense. Foto: Arquivo Pessoal/Michelli Andrade
Participam também representantes de diversas instituições de ensino, como Márcio Carboni, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que está imprimindo peças com máquinas e filamentos do Departamento de Expressão Gráfica e Engenharia Mecânica.
"Eu trouxe 3 impressoras do nosso departamento para minha casa para poder imprimir aqui. Estou conseguindo imprimir 20 unidades por dia", diz o professor.
Ação do poder público
A Prefeitura de Curitiba também entrou para o grupo. A partir de quinta-feira (26), as 21 impressoras 3D dos Faróis do Saber e Inovação da capital paranaense serão transferidas para o FabLab, na Rua da Cidadania do Cajuru, e começarão a fabricar as máscaras 3D. A expectativa é produzir 220 máscaras por dia.
A prefeitura também pede ajuda da população. Será preciso um grande volume de filamentos poliméricos, a matéria-prima de fabricação.“As empresas e mesmo pessoas que tenham a impressora 3D podem se unir a este grande esforço de toda a cidade e doar filamentos para a produção da estrutura das máscaras. Toda ajuda é muito importante para contermos a pandemia do coronavírus”, diz Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento."
Válvulas para respiradores criado por jovem engenheiro italiano. Foto: divulgação
Válvulas para respiradores criado por jovem engenheiro italiano. Foto: divulgação
A próxima etapa, dependendo da situação da pandemia em Curitiba, é a produção de ventiladores pulmonares. Porém, como alerta Toba, a fabricação é bem mais complexa. Por enquanto, apenas a Catalunha, na Espanha, consegue produzir os ventiladores, depois que uma parceria público-privada desenvolveu um protótipo que foi validado por médicos e que pode ser fabricado em escala industrial.
O novo aparelho foi desenhado para ser fácil de montar e usar, e pode ser essencial para aquela ajuda mais imediata, quando não existam ventiladores mais complexos disponíveis para todos os pacientes em estado grave.
Na Itália, o jovem engenheiro Cristian Fracassi começou a imprimir em 3D as pequenas válvulas que ligam os ventiladores às reservas de oxigênio. “Soube das faltas, contatei o hospital no mesmo minuto, imprimi alguns protótipos, o hospital testou e comprovou que funcionavam”, disse Fracassi à Reuters.
Contatos dos empresários para doações ou colaborações:
Marcio Carboni: mhcarboni@gmail.com
Michelli Andrade: (41) 99773-6552.
Nelson Toba: (41) 99603-2621

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