Design

Estudante brasileira cria absorvente sustentável e ganha “Oscar” do design mundial

Luan Galani
25/09/2019 21:28
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Imagens: Rafaella de Bona/Divulgação

A estudante do terceiro ano de design de produto da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e egressa do curso de especialização em design do Centro Europeu — “Soluções de impacto para o futuro”, com curadoria do premiado Furf Design Studio –, Rafaella de Bona, 22, acaba de ser laureada com o prêmio alemão iF Design Talent Award 2019, uma versão para talentos emergentes do “Oscar” do design mundial.
A ideia coroada é de um novo absorvente interno sustentável para mulheres em situação de rua. Dos 39 vencedores de todo o mundo, a curitibana é a única brasileira a receber a premiação este ano. Ao todo foram mais de 4 mil projetos de 38 países concorrendo. Orientaram o trabalho os designers Mauricio Noronha, Rodrigo Brenner e Riorgior Ranger; o oceanógrafo Bruno Libardoni e a médica Andressa Gulin.
Imagens: Rafaella de Bona/Divulgação
Imagens: Rafaella de Bona/Divulgação
Com o projeto disruptivo, Rafaella escancara uma realidade invisível e questiona: já parou para pensar no malabarismo que as mulheres em situação de rua têm que fazer para lidar com a menstruação? Em geral, o acesso a banheiro para higiene pessoal é escasso, elas possuem apenas a roupa do corpo e nenhuma política pública ainda despertou para a necessidade da distribuição gratuita de absorventes, como é feito com camisinhas.
Só na capital paranaense, segundo o Movimento Nacional de Rua, existem cerca de 4 mil pessoas em situação de rua. De acordo com levantamento de 2016 da Fundação de Ação Social (FAS), 11% do total são mulheres, totalizando aproximadamente 440 pessoas que passam por essa dificuldade.
A ideia surgiu quando Rafaella decidiu se debruçar sobre algum problema relacionado ao primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para desenvolver seu TCC do curso no Centro Europeu.
“Escolhi a erradicação da pobreza e decidi focar em uma solução para Curitiba. Cruzei com a realidade dos moradores de rua. Fui estudar seus problemas e suas dificuldades. Muitas mulheres se fingem de loucas para não serem abusadas. Ou concordam em manter uma relação fixa com um único parceiro apenas para proteção”, relata a estudante. “Por falta de absorventes, a maioria utiliza retalho de tecidos, sacolas ou papel higiênico. E por ficarem muito tempo com o mesmo , acabam manchando a única roupa que elas têm.”
Para tornar o produto menos agressivo ao meio ambiente, Rafaella escolheu como matéria-prima a fibra de banana, material biodegradável que pode ser descartado. Os tamanhos variam e podem ser escolhidos e destacados pela própria usuária, segundo o fluxo menstrual de cada uma. Depois é só enrolar, usar a fita de segurança para fixar o formato e colocar o item de higiene.
“A intenção final é que alguma política pública considere essa necessidade, com a distribuição em postos de saúde, por exemplo, para pessoas que não podem comprar. As mulheres não escolhem menstruar, não têm culpa”, diz.
O projeto ainda não foi oficialmente apresentado para as autoridades municipais de Curitiba. “Eles não precisam usar o meu projeto. Se despertarem para a questão, já valeu a pena.”

Confira a íntegra do trabalho:

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