Design

Estudante brasileira ganha prêmio de design com mobiliário urbano para evitar suicídio

Luan Galani
28/01/2020 22:53
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Imagens: Luisa Urfali/Divulgação

A estudante Luisa Urfali, que cursa o segundo ano de Design na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e é egressa do curso de especialização em design do Centro Europeu — “Soluções de impacto para o futuro”, com curadoria do premiadíssimo Furf Design Studio –, foi laureada com o prêmio chinês de novos talentos Shenzhen Design Award for Young Talents pelo mobiliário urbano “Fala”, que instiga o encontro das pessoas em regiões movimentadas das grandes cidades e ajuda a evitar a ansiedade, a depressão e o suicídio.
Entre os dez premiados da categoria revelação, Luisa é a única representante das Américas e de um país ocidental, ao lado dos italianos de Turim Raffaele Passaro e Sara Ceraolo. Ao todo foram 428 projetos inscritos. Além do reconhecimento, a estudante curitibana ganha R$ 10 mil e foi convidada para ir à China em abril para participar da cerimônia de entrega dos prêmios. Orientaram o trabalho os designers Mauricio Noronha, Rodrigo Brenner e Riorgior Ranger.
A ideia surgiu de uma estatística gritante: o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo, segundo dados atualizados da Organização Mundial da Saúde. São aproximadamente 800 mil que tiram suas vidas todos os anos pelo globo.
No Brasil, o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens da mesma faixa etária, totalizando 11 mil perdas por ano, o equivalente a 31 mortes por dia, de acordo com dados de 2016 do Ministério da Saúde.
“Antes de optar pelo design como profissão, eu queria ser psicóloga. Segui o caminho do meu avô e do meu pai, que são designers também, mas mantive o interesse pelo bem-estar das pessoas“, justifica a estudante sobre a escolha corajosa de ajudar a pensar em uma solução para o problema.
A pesquisa de Luisa baseou-se em diversos estudos-referência de psicólogos, neurocientistas, ginecologistas, entre outros especialistas, que mostram que o quarteto responsável pela felicidade humana são os hormônios dopamina, serotonina, oxitocina e endorfina, e que existem maneiras de ativá-los intencionalmente.
“Potencializar a produção desses hormônios é chave para as pessoas se sentirem melhor. E eles podem ser ativados conversando, abraçando, dançando. Explorei isso”, explica a jovem designer.
As atividades que aumentam a produção desses hormônios foram a base para a criação do mobiliário, que pode ser utilizado de diferentes formas, permitindo que as pessoas se sentem, se encostem e até se deitem, como preferirem. Ele foi concebido, então, para se tornar um ponto de interação e permanência nos principais locais das grandes cidades, capaz de atrair a atenção e curiosidade de quem passar por ele.
O desenho é abstrato, remetendo ao sinal gráfico do batimento cardíaco e à onda da voz humana, e rende homenagem à identidade arquitetônica de Curitiba, de estruturas metálicas tubulares brancas – como é o caso do Jardim Botânico, da Rua 24 horas, da Ópera de Arame. Neste caso, o banco seria produzido a partir de aço galvanizado, material resistente, usual e reciclável.
Construídas em metal e vidro, Ópera de Arame, Jardim Botânico e Rua 24 Horas deram a cara da Curitiba moderna. Foto: Hugo Arada/Gazeta do Povo.
Construídas em metal e vidro, Ópera de Arame, Jardim Botânico e Rua 24 Horas deram a cara da Curitiba moderna. Foto: Hugo Arada/Gazeta do Povo.
O projeto deve ser apresentado ainda neste ano para investidores e representantes da Prefeitura de Curitiba, que podem aproveitar a oportunidade para integrar a invenção ao mobiliário urbano já existente.
“O suicídio pode ser prevenido na maioria das vezes. O primeiro passo é falar, desmistificar e deixar essa dor mais leve”, defende a futura designer.

Confira a íntegra do trabalho:

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