Design

Hotéis apelam a arte local para competir com Airbnb e outros serviços populares

The New York Times
22/07/2017 14:19
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(Emon Hassan/The New York Times) | NYT

Com a intenção de apelar para o desejo que os hóspedes têm de vivenciar experiências novas e buscando se destacar em um mercado competitivo, os gerentes de cadeias de hotéis andam vasculhando as comunidades artísticas da região onde estão estabelecidos para encontrar inspirações e instalações.
“Acho que os turistas de hoje estão expostos a mais coisas. Quando viajam, querem ter experiências para contar, para trazer de volta e compartilhar”, diz Dan Vinh, vice-presidente para o mercado global do portfolio de estilo de vida do Marriott.
Mesmo os jovens que procuram um lugar barato para ficar e os executivos que desejam um quarto para recarregar as energias e seus equipamentos durante a noite têm expectativas maiores.
A evolução de como os gerentes veem as peças de arte de um hotel hoje é parecida com a apresentação de mais ingredientes locais nos restaurantes desses empreendimentos, conta Vinh. Os hotéis, diz ele, estão lutando para criar um ambiente em seus restaurantes que se torne parte da comunidade local, e agora isso está acontecendo com a ambientação em geral.
“Acho que tudo é parte do mesmo movimento para ajudar os hóspedes a experimentar uma coisa nova”, afirma Vinh.
O Renaissance New York Midtown Hotel, por exemplo, abriu em março e mostra trabalhos de artistas da cidade de Nova York que seguem a tônica do distrito onde o hotel se encontra, voltada para o vestuário. O artista Andre Woolery criou um trabalho com botões vermelhos arranjados em uma tela formando um desenho abstrato que evoca uma grande escultura local de uma agulha costurando um botão.
Outras cadeias grandes também estão transformando a arte regional em um elemento importante. Quando abriu em 2011, o Omni Dallas Hotel era considerado uma anomalia com suas 6.500 peças de arte originais, incluindo trabalhos de 150 artistas locais. Dois anos depois, a marca repetiu a iniciativa, apesar de ter diminuído a escala, quando inaugurou o Omni Nashville Hotel. Agora, planeja fazer o mesmo com os hotéis que serão lançados nos próximos dois anos em Atlanta e Louisville, no Kentucky.
“As pessoas realmente querem colecionar essas experiências. Eles estão procurando imergir na cultura local”, explica Jonathan Frolich, vice-presidente de marcas globais da Andaz, pertencente ao Hyatt Hotel.
O foco na arte local está entremeado com a imagem do Andaz. O Hotel Andaz Fifth Avenue de Nova York fez uma competição para estudantes de arte da cidade para selecionar os trabalhos que iriam decorar os corredores dos quartos dos hóspedes. E no Andaz de Savana, na Geórgia, algumas peças em exposição são o trabalho de um dos anfitriões do restaurante do hotel, o pintor de figuras abstratas e de pop-art Jor Smith Michel.
Os hóspedes do hotel frequentemente perguntam sobre as obras, diz Michel, algumas vezes sem se dar conta de que ele é o artista.
Desde que o Andaz começou a mostrar seus trabalhos no começo do ano, Michel estima que vendeu mais de 40 peças para os clientes do hotel. “Ao saber que sou um artista local e passarem a me conhecer melhor, ficam mais interessados”, conta.
Matthew Whitaker, diretor do Canvas Art Consultants, que faz curadoria de coleções de arte que refletem a cultura local para hotéis em todo o mundo, diz que os hóspedes parecem ter grandes expectativas para suas estadias.
“À medida que a sociedade se torna mais e mais global, as pessoas querem apreciar e se conectar com o que é local. Ajuda a trazer as coisas para uma escala mais humana”, explica ele.
Especialistas dizem que as raízes dessa tendência – uma preferência maior por experiências do que por objetos, uma queda por usar as redes sociais para marcar lugares onde se esteve e se gabar – começou com os integrantes da geração Y. Mas turistas de todas as gerações estão escrevendo e ostentando on-line para seus amigos.
“As pessoas querem colocar no Instagram. Querem fazer um tuíte sobre o assunto”, conta Gavi Wolf, fundador do Indiewalls, um mercado on-line que age como intermediário entre artistas independentes e uma clientela cada vez maior de gerentes de marcas de hotéis e designers, incluindo a Renaissance e a AC do Marriott.
“Rising Stays "de Abby Goodman, exibido no sétimo andar do Renaissance New York Midtown Hotel (Emon Hassan / The New York Times)
“Rising Stays "de Abby Goodman, exibido no sétimo andar do Renaissance New York Midtown Hotel (Emon Hassan / The New York Times)
Apesar de boa parte dos hotéis que investem em arte regional estar no topo do espectro, cadeias de preços mais baixos não ignoraram a tendência. A Graduate Hotels, uma cadeia de seis estabelecimentos que começou em 2014 e cujo mercado alvo são cidades universitárias, usa a arte local para se destacar de competidores da mesma faixa de preço, como o Best Western e o Quality Inn.
Ari Grazi, sócio de Wolf, afirma que arte original é uma boa maneira para os hoteleiros fazerem com que a decoração fique bonita sem gastar muito dinheiro. “As peças de arte são uma maneira relativamente barata de causar um grande impacto”, explica.
A metafórica escultura do elefante na sala é o Airbnb e outros serviços populares que deixam os viajantes alugarem espaços na casa das pessoas. Desde que os turistas passaram a possuir alternativas a um quarto padrão, os hotéis estão percebendo que precisam entregar mais do que o mesmo design de costa a costa.
“Ao invés de coisas que são produzidas em massa e parecem sem inspiração, as pessoas estão procurando ideias que lhes digam algo enquanto indivíduos”, explica Ave Bradley, vice-presidente sênior de design e diretora criativa do Kimpton Hotels and Restaurants.
Ave diz que os clientes do Kimpton frequentemente querem saber sobre a arte regional exposta nas propriedades, alguns até perguntam onde podem comprar peças parecidas.
E Wolf complementa que mais hotéis hoje encaram o design e a decoração como parte de sua imagem de marca.
“Vimos uma grande mudança na maneira como o mercado da hospitalidade vem realmente pensando sobre o design de seu espaço. Eles precisam criar marcas fortes em torno de quem são para se diferenciar dos outros”, afirma.
Feito sob medida por Leo Villareal, o teto com 22.000 luzes de LED da entrada do Art Hotel, em Denver.
Feito sob medida por Leo Villareal, o teto com 22.000 luzes de LED da entrada do Art Hotel, em Denver.
O The Art, por exemplo, é um hotel independente que abriu em Denver no ano passado com foco em arte contemporânea, como uma instalação de 22 mil luzes de LED na entrada. O gerente geral do hotel, David Bodette, espera que o compromisso do empreendimento com a arte local cresça no futuro.
“Quanto mais sofisticado o viajante, mais sofisticados precisamos ser”, diz ele.
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