Design
Galeria do São Francisco recebe projeto que destaca design com madeira
Foto: Lucilia Guimarães/SMCS | LUCILIA GUIMARAES
Madeira e design. Design e madeira. A ordem não importa. O fato é que a matéria-prima, em especial a que carrega um viés sustentável, é o eixo central do projeto “Madeira nas Arcadas”, que será lançado nesta quinta-feira (19) com o objetivo de valorizar e dar visibilidade ao material natural e ao trabalho de artesãos curitibanos que têm nele seu protagonista.
Resultado de um trabalho colaborativo, e de uma ideia que teve dois meses entre sua concepção e realização, o projeto une entidades públicas — Prefeitura de Curitiba, Instituto Municipal de Turismo, URBS (Urbanização de Curitiba) e Embrapa Floresta –, designers e artesãos que planejam fazer das Arcadas de São Francisco (galeria vizinha às Ruínas de São Francisco e ao Belvedere) o novo endereço do design em madeira da capital.
“Temos um objetivo duplo: fazer dele um produto turístico de Curitiba para, junto com a reinauguração do Belvedere [marcada também para esta quinta-feira (19)], revitalizar as Arcadas e trazer o público para cá ao mesmo tempo em que promovemos a qualificação e o incentivo ao artesão e ao design“, destaca Tatiana Neves, coordenadora do espaço. Segundo ela, ainda está sendo desenvolvido junto à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e à Secretaria Municipal do Meio Ambiente um projeto voltado à utilização de madeiras oriundas de podas e resíduos urbanos como matéria-prima para a produção das peças.
“Nosso objetivo é dar sobrevida ao material que já foi descartado pelo homem ou pela natureza [do tombamento de árvores ou de galhos encontrados em leitos de rios, por exemplo]. A poda urbana é justamente isso: valorizar cada detalhe, fazer a economia circular girar”, aponta Ugo Guttierrez Filho, fundador da Boulle. “O que nos une é o pó de serra”, complementa Yeda Maria Malheiros de Oliveira, pesquisadora da Embrapa Florestas.
O espaço
A abertura do “Madeira nas Arcadas” conta com a participação de nove marcas que irão comercializar seus produtos, distribuídas em três lojas, além de um espaço de exposição. Tatiana destaca, no entanto, que o projeto está aberto à participação de novos designers, que passam por um processo de curadoria para ter seus produtos entre os contemplados pelo espaço.
“Estamos buscando mais expositores. Quem quiser participar pode entrar em contato com o Instituto de Turismo que nós passamos as informações”, destaca a coordenadora.
Os produtos à venda, por sua vez, vão de joias, brinquedos e cadernos com capa em marchetaria a móveis, utensílios de cozinha e itens de decoração, todos produzidos a partir de madeira de reaproveitamento.
“A intenção é mostrar que a madeira tem uma segunda vida. Que a madeira resultante da poda de um ipê da cidade, e que iria para um lixão, por exemplo, pode ser aproveitada e transformada em um novo produto. Temos peças produzidas a partir de troncos abandonados, galhos retorcidos e outras madeiras que seriam descartadas”, explica Roni Sebben, designer e proprietário da Ideas Design. “Nossa proposta é a de passar um novo olhar sobre a madeira, uma vez que ela é a única matéria-prima que pode ser plantada. Se você respeitar o tempo de crescimento de uma árvore, o ciclo dela, pode usar madeira eternamente”, acrescenta.
Sebben ilustra a questão com o número de podas realizadas em Curitiba que, segundo ele, chegam a média de 14 mil por ano. “A maioria delas são de ipês, canelas, madeiras que podem ser reaproveitadas, e replantadas. Precisamos desmistificar e esclarecer o uso da madeira”, diz.
Outro ponto positivo do projeto, do ponto de vista dos artesãos participantes, é a força e a visibilidade que trará ao trabalho desenvolvido por eles, que tem como base o uso consciente da matéria-prima. “Será um avanço muito grande para todos nós e uma divulgação do belo trabalho em madeira realizado em Curitiba”, completa a artesã Yara Malheiros de Oliveira, da Craft n’Creations.