Design

Restaurante lixo zero e outras 9 novidades do festival de design de Nova York

Júlia Ledur
18/06/2018 15:45
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Fotos: Divulgação

Em maio, Nova York foi palco pela sexta vez de uma das maiores celebrações de design e arquitetura do mundo, o NYCxDESIGN. Durante duas semanas, o festival promoveu dezenas de exposições, instalações, mesas redondas, palestras, pop-stores e lançamentos de produtos em diversos locais nos cinco grandes bairros da cidade. Os temas transitaram pelo universo da arquitetura, tecnologia, mobiliário, moda, cinema, paisagismo e, claro, do design, tanto urbano como de interiores e de produto.
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“NYCxDESIGN, uma celebração do design que ocupa a cidade, une todos os  tipos de designers e instituições para exibir o dinamismo e a importância econômica da indústria em Nova York e no
mundo”, diz a vice-prefeita de Nova York Alicia Glen. A mostra, promovida pela New York City Economic Development Corporation e por artistas locais, esbanjou pluralidade e criatividade.
HAUS conferiu o evento de perto e traz as principais tendências de conceitos e estética que predominaram no festival. Conceitualmente, alguns dos temas mais comentados foram feminismo, sustentabilidade, inclusão social e intervenções artísticas em ambientes urbanos.

O futuro (feminino) do design

Em diversas atrações do festival, artistas e designers mulheres roubaram a cena. Um deles foi o Egg Collective, um trio que organizou a exposição “Designing Women”, que exibiu trabalhos de mais de dez designers novaior-quinas. Uma parte do lucro das obras foi doada para a Girls,Inc, uma ONG feminista que luta contra o assédio sexual de mulheres.
O Chelsea foi palco para outra exposição só de trabalhos femininos, o “Room With Its Own Rules (Quarto com as suas próprias regras), organizado pela galeria Chamber. “A exposição é um exemplo do
que claramente não está acontecendo ainda”, explica a artista polonesa Matylda Krzykowski. “Ela apresenta uma realidade paralela, pós-patriarcal, em que uma exposição exclusivamente feminina é
um fenômeno normal, e não uma ‘ação afirmativa’ especialmente planejada”.
Já no Lower East Side, a loja Tictail se uniu à plataforma online de arte Absolut Art para promover o “Women x Women”, um tour pelo bairro para apresentar mulheres que são artistas locais emergentes. Além das atrações em que o tema era especificamente feminismo, o conceito ganhou força durante o festival devido ao grande número de artistas mulheres participantes.

Bom para os olhos e para o meio ambiente

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Este foi outro conceito amplamente explorado nas atrações do NYCxDESIGN. A sustentabilidade, inovação e economia colaborativa, temas que já haviam sido antecipados em um manifesto publicado pela Feira Internacional do Móvel de Milão deste ano, marcaram presença no evento novaiorquino. Uma das atrações mais comentadas foi o Zero Waste Bistro (Bistrô Desperdício Zero), um pop-up café projetado por Linda Bergroth e com co-curadoria de Harri Koskinen.
Além da estética moderna e extremamente “instagramável”, o ambiente também se destacou pelo comprometimento com o design sustentável. Todo o restaurante foi feito de materiais reutilizados, incluindo contêineres reciclados (para as paredes e arcos) e o granulado de lixo pós-industrial
chamado Durat (para as cadeiras e mesas). O Zero Waste Bistro dialogou com conceitos profundamente relevantes no universo design atualmente: sustentabilidade criativa, qualidade atemporal e
espírito de comunidade.
Outra iniciativa sustentável do festival veio da marca de roupas femininas Eileen Fisher, que apresentou o projeto DesignWork, um trabalho em conjunto entre artistas para transformar roupas usadas em tapeçaria, estofados, travesseiros, entre outros.

O que vai bombar neste ano

Luminárias em forma de galhos e estrelas

As luminárias em forma de galho, que pode brotar de bulbos arredondados, são oficialmente uma tendência. Alguns exemplos que ilustraram o trend foram a luminária “Trilogy pendant”, do estúdio australiano Articolo, a “Pris Crystalline chandelier”, do novaiorquino Pelle, e “Constellation chandelier”, que imita uma constelação de estrelas, do designer Robert Sonneman.

Arredondados!

O boom da mobília escandinava parece estar sendo sutilmente substituído por móveis arredondados. O estúdio Objects of Common Interest, com o designer Falke Svatun, exibiu a poltrona marshmallow. Outros incluem a cadeira tubular de aço “The Neotenic Louge”, do Jumbo, a coleção de móveis do Oöd Studio, e as luminárias de cerâmica e puffs da designer Eny Lee Parker.

Cor, muita cor!

Além dos tons pastéis, os ambientes megacoloridos também chamaram atenção no NYCxDESIGN. Uma das atrações mais comentadas foi a Raquel Dream’s House, a “casa dos sonhos” da designer Raquel Cayre, montada no SoHo. Uma escada, uma luminária, uma sala de estar e diversas obras de arte multicoloridas fizeram da atração queridinha dos instagrammers.

Tons pastel

Paleta de cores dos millennials, os tons pastel estão com tudo. Os pigmentos leitosos e terrosos marcaram presença em diversos elementos de festival: o sofá “Eda-Mame” da B&B Italia, desenhado
por Piero Lissoni; os papéis de parede da Oceania; e as cadeiras da Emeco desenhadas por Jasper Morrison são alguns exemplos.

Experiências interativas

Além das tendências de conceito e estética, vale mencionar outras atrações interativas do festival que foram bastante comentadas pela crítica. Uma delas foi a instalação Spirit of the City, criada pelo estúdio novaiorquino A/D/O. Composta por uma série de espelhos giratórios que constantemente transformam a percepção do público, a instalação explora a reação física e emocional vivenciada pelas pessoas quando transitam por ambientes urbanos.
A instalação Reverse Room, criada por James Wines, do estúdio SITE, em parceria com sua filha Suzan Wines, também foi muito aplaudida pelo público. A obra exibe novos conceitos de iluminação inspirados em itens do dia a dia, como lâmpadas, velas e plantas. Mas o que chama a atenção é a disposição dos elementos da instalação: todos foram colocados de cabeça para baixo!
Uma das atrações com maior repercussão na mídia foi David Bowie Is, uma exposição sobre o cantor inglês que é considerado um ícone da moda e do design. A atração, em cartaz até julho no Brooklyn Museum, inclui objetos, cenários de palco e figurinos do cantor, além de vídeos com entrevistas e áudios interativos. O resultado é uma jornada visual e sensorial pela carreira multifacetária de Bowie.

O espaço da arte no espaço urbano

A artista Camille Walala colocou em foco o debate sobre a arte como forma de intervenção no espaço urbano. Walala, que já deixou seus traços inconfundíveis por vários países, pintou seu maior mural até hoje, que cobre a fachada de um prédio histórico de sete andares no Brooklyn.
Encomendado pela Wanted Design, a obra da artista brinca com a distorção da percepção do prédio e do
entorno urbano. A paleta de cores rosa, amarela, vermelha e azul traça as molduras das janelas do edifício, tornando-o um ponto convidativo para cliques. Com um ar divertido e energético, o mural foi muito aclamado pela crítica e certamente se torna um marco para os artistas e criativos que chamam o Brooklyn de cidade industrial, além, é claro, de uma declaração de que a rua homenageia a comunidade criativa que a ocupa.

Projetar com, e não para

Em uma palestra durante o festival, o fundador do Inclusive Collective, Liz Jackson, argumentou que é preciso fazer design com, e não para pessoas portadoras de deficiências. No evento, Jackson afirmou que elas são “criativas por natureza”, e afirmou que quando incluídas em times de designers, criariam
projetos que são melhores não só para elas, mas para todos. Após a palestra, ocorreu o lançamento da With, um programa de três meses que emprega “talentos criativos portadores de deficiência nos melhores dez estúdios de design de Nova York”.

O futuro é agora

A tecnologia não ficou de fora da programação do NYCxDESIGN. Algumas tendências mostradas pelo evento foram as luminárias impressas em 3D e acessórios do estúdio polonês UAU Project.

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