Design

Operários criam móveis de resíduos da construção em parceria com coletivo de design

Daliane Nogueira
09/08/2019 14:31
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Produtos feitos com descarte de obras são fruto da parceria entre o Coletivo Ôda e o Instituto A.Yoshii. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação | eduardo braganca

As palavras reaproveitar e ressignificar entraram para o dicionário do design há algum tempo. Enxergar nos resíduos um novo uso e uma forma de expressão artística é um exercício contínuo dos criativos que se preocupam com o planeta que deixaremos para as outras gerações. Nesta esteira surge a parceria entre o Instituto A.Yoshii, braço de responsabilidade social da incorporadora e construtora A.Yoshii e o coletivo Ôda, formado por profissionais de design, arquitetura e artes de Curitiba e São Paulo.
Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
Batizado de Obra & Arte, o projeto teve seu primeiro esboço em novembro de 2018 e na última quinta-feira (8) apresentou, em evento em Curitiba, suas primeiras peças finalizadas: duas poltronas e uma escultura.
Workshop integrou operários das obras, designers, arquitetos e artistas. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
Workshop integrou operários das obras, designers, arquitetos e artistas. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
O processo contemplou uma série de workshops que aconteceram a partir de junho de 2019 com a integração entre designers e operários das obras da construtora em Curitiba. O núcleo foi formado por 12 profissionais voluntários, entre carpinteiro, pintor, pedreiro, ajudante de pedreiro, armador e o coletivo Ôda.
“No primeiro encontro interagimos com a apresentação de vídeos sobre design e arte em seus diversos formatos. Criamos uma conexão, uma sinergia, uma identidade de grupo, um pertencimento”, diz a coordenadora do projeto Ticiana Martinez.
Designer Léo Capote e o pedreiro Roniy Silva Santos trocam informações e experiências durante encontro do projeto Obra & Arte. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
Designer Léo Capote e o pedreiro Roniy Silva Santos trocam informações e experiências durante encontro do projeto Obra & Arte. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
Para ela, a troca foi rica para todos os envolvidos. “Não houve uma relação vertical, cada um contribuiu com sua vivência. O conhecimento da prática, do dia a dia se soma ao formal, adquirido na universidade e em cursos de design. Essa mistura tão rica aparece nos produtos apresentados”, completa.
Entre o material produzido há luminárias, mesa de centro, poltronas e esculturas. Além das peças produzidas pelos voluntários, o coletivo Ôda fará a prototipagem e produção de outras dez, todas criadas a partir do reuso de descarte da construção.
Produtos feitos com vergalhão de aço cuidadosamente unidos e pintados. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
Produtos feitos com vergalhão de aço cuidadosamente unidos e pintados. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
O designer Alberth Diego explica a complexidade de um projeto que nasce a partir da matéria-prima disponível e da multidisciplinaridade “Uma das poltronas criadas foi feita de vergalhão de aço. A peça tem uma estética leve, mas é super-resistente e com um design bem contemporâneo. O produto foi desenvolvido quase simultaneamente à execução”, aponta.
Além de Ticiana e Alberth, o coletivo Ôda é formado ainda por Aline Volpato, Consuelo Cornelsen, Eduardo Bragança e pelo designer paulista Leo Capote, que foi especialmente convidado para participar do Obra & Arte.

Mudança e envolvimento

O pedreiro Roniy da Silva Santos é um dos funcionários envolvidos no projeto. Ele relata que o olhar e o cuidado que ele terá para com os materiais que antes eram vistos como um simples descarte será diferente a partir de agora. “Foi uma oportunidade muito boa para todos nós. Aprendemos muito”, resume.
Cadeira feita de bobina e canos de PVC. O projeto é todo assinado pelos operários da A. Yoshii. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
Cadeira feita de bobina e canos de PVC. O projeto é todo assinado pelos operários da A. Yoshii. Foto: Eduardo Bragança / Divulgação
É justamente essa mudança que Ticiana vê como mais positiva. “Esse movimento de fazer com que esses profissionais cuidem do que seria simplesmente descartado e disseminem o conhecimento é o grande ganho do projeto.”
A previsão é que a produção de todas as peças – do grupo de voluntários e do coletivo – siga o cronograma nos próximos meses e sejam apresentadas em uma mostra prevista para acontecer em novembro de 2019, em Curitiba.

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