Tradicionalmente reconhecido por seu trabalho com a madeira, o design brasileiro tem em outro material natural uma de suas apostas para continuar crescendo e atraindo os olhos do mundo. Seja no granito, mármore ou quartzo, as pedras ornamentais despontam na cena criativa a partir de usos que vão muito além do revestimento de pisos, paredes e bancadas, e que fazem da tecnologia sua grande aliada para dar forma e leveza à sua grande diversidade de usos.

Prova disso está na exposição Brazilian Stones Original Design, evento realizado pela Abirochas (Associação Brasileira de Rochas Ornamentais) em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que segue até está sexta-feira (14) na Vitória Stone Fair, na capital do Espírito Santo. Em sua terceira edição, a mostra traz 21 trabalhos assinados por designers que deram vida às pedras ornamentais brasileiras em utensílios, móveis e objetos de decoração carregados de estética, funcionalidade e exclusividade — afinal, cada pedra é única –, com curadoria de Vivian Coser.

“A pedra é um elemento que inspira rigidez e durabilidade. E a tecnologia pode trazer uma percepção de maleabilidade da pedra. Isso cria um efeito não só estético, mas também sensorial, que pode encantar e ser um estímulo à demanda da pedra [como matéria-prima do design]. O espírito que norteia este projeto é o resgate do espírito desenvolvimentista que norteou a relação do design brasileiro com a indústria, sempre com a compreensão de que o design é um elemento fundamental para a modernidade, para o aprimoramento da produção industrial brasileira”, diz o presidente da Abirochas, Reinaldo Sampaio.

“O conceito maior da mostra é aproximar cada vez mais os designers do setor, fazendo com que os materiais sejam cada vez melhor apresentados, valorizados e que nós possamos compreender toda a riqueza que o Brasil tem: são mais de 1,2 mil rochas nacionais“, complementa Vivian Coser, curadora da mostra.

Em mármore, as mesas assinadas por Ana Neute e apresentadas em três tamanhos trazem também um vaso, que faz com que a solidez da pedra sirva de abrigo para uma nova vida.

A mesa lateral assinada por Arthur Casas para a Studio Básico traz três pedras sobrepostas (granito, mármore e quartzito) em pleno equilíbrio. A estrutura metálica, invisível ao observador, garante a sustentação da peça, que joga com a volumetria e o balanço estrutural.

Delicada, a mesa lateral une metal e pedra em uma proposta que presa pela delicadeza. O detalhe do furo do metal é um recurso para facilitar a pega e promover a versatilidade de usos e a mobilidade da peça, com design de Bruno Faucz.

Uma alternativa à forma mais recorrente do móvel, o mancebo assinado por Claudia Moreira Salles substitui o tradicional tripé por uma base cilíndrica em pedra natural. A coluna em madeira maciça traz pequenos sarrafos que funcionam como ganchos, enquanto a cumbuca, também em madeira, serve de porta-chaves.

A União das letras C e P, iniciais do nome da designer Claudia Prado, são a base do desenho do tampo, que remete ao símbolo do infinito e traz uma proposta contemporânea à mesa de centro.

Rigidez e durabilidade fazem da pedra um excelente material para mobiliários de área externa, defende Estevão Toledo ao explicar o conceito da cadeira. Com linhas simples e marcadas, ela traz o encosto encaixado na base.

A luminária traz uma releitura da peça assinada há 20 anos por Etel Carmona, esculpida originalmente em madeira. O resultado é uma peça sólida e elegante.

A poltrona assinada por Giorgio Bonaguro aposta nas formas minimalistas, com estrutura em pedra e assento em couro. A inspiração partiu das formas clássicas de ícones do mobiliário brasileiro e italiano.

O nome de batismo da peça da Ivan Rezende Arquitetura brinca com sua forma e função. Remetendo as cumbuca e gamelas, ela traz furos na base que aliviam o peso da peça e criam permeabilidade entre ela e o suporte.

Jorge Sant’Anna fez do reaproveitamento dos resíduos do processo de extração das rochas ornamentais a base de sua luminária. Tirando partido da translucidez da pedra, a peça é funcional e um belo item de decoração.

Planos de pedras sobrepostos que parecem flutuar marcam o desenho da mesa de centro assinada pela Lattoog. Os apoios centrais recuados contribuem para isso, trazendo balanço e fluidez à peça, que pode ser usada em composições para se adaptar a ambientes maiores.

Com linhas horizontais, o banco de Luciano Dalla Marta joga com volumes bem marcados e apoio sutil. Com silhueta que faz referência às casas modernistas brasileiras, a peça recebeu apliques de latão envelhecido.

As mesas laterais trazem apoio e tampo em linhas sinuosas e leves, que conversam com os veios e nuances naturais das rochas. Por Luciano Santelli.

Esculpida no processo de usinagem CNC, a coleção de cubas Truffles é assinada por Ludson Zampiroli. Traz linhas orgânicas a partir de um bloco específico de mármore, que garante exclusividade às peças.

Uma das formas mais elementares, o círculo, é a base do espelho assinado por Natalia Scarpati. A moldura em pedra semipreciosa vazada ou maciça confere um estilo “Maxi” às peças.

Os Jardins da Babilônia inspiraram Nino Bauti para o desenho do banco. Atuando como um pequeno oásis urbano, ele conta com pequenas floreiras em sua estrutura, para trazer o verde junto ao descanso em espaços públicos e áreas internas.

Os pés fortemente marcados são destaque na mesa de centro assinada por Noemi Saga. Tais características, aliadas ao uso da mesma pedra deles no tampo, conferem um caráter industrial e minimalista à peça.

Ricardo Freisleben buscou nos rios a inspiração para o par de mesas de apoio. Com base central em madeira, traz tampo levemente côncavo em pedra.

Leveza e movimento traduzem as formas da mesa de Roberta Banqueri, que destaca a rocha nas peças que se encaixam harmoniosamente no apoio. O tampo em vidro, discreto, contribui para destacar a base.

O centro de mesa de Rodrigo Jorge traz dois apoios e forma que remete às asas da harpia, ave de rapina em extinção.

A poltrona assinada por Rodrigo Ohtake destaca a versatilidade do trabalho em pedra ao apresentar linhas retas e curvas. Destaca-se também o braço, presente em apenas um lado da peça.