Design

Unir artesanato e tecnologia é o caminho para o design

Luan Galani
20/09/2016 19:55
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Fotos: Arturo Limon/Divulgação

Filho de mãe austríaca e de pai mexicano, o jovem designer de produto David Pompa cresceu entre os dois países. E hoje, com apenas 29 anos, é conhecido nos dois cantos do mundo. Seu nome foi um dos destaques da primeira feira Maison & Objet América, que aconteceu este ano em Miami. Considerado um talento em ascensão, suas peças encantam pelo encaixe perfeito entre tradição e inovação. Ele reinterpreta o artesanato mexicano de uma maneira genuína, indo além do óbvio. Combina materiais tradicionais com técnicas modernas e ideias novas.
Abaixo, confira a entrevista exclusiva de HAUS em que o designer conta um pouco sobre o trabalho que desenvolve.
O que o levou ao design de produto?
A solução de problemas. Desde garoto, eu adorava os processos criativos. E sempre me interessei pela possibilidade de trabalhar com diversas pessoas de diferentes áreas.
Até que ponto suas raízes mexicanas e austríacas influenciam a sua estética?
Não tenho certeza sobre a estética, mas o trabalho que fazemos é fortemente influenciado pela cultura mexicana. Várias pessoas dizem que veem muito da “disciplina austríaca” na nossa maneira de trabalhar, mas não tenho certeza se isso é algo legitimamente austríaco.
Seu comprometimento com a cultura mexicana é claro. É difícil reinterpretar o artesanato do México?
Na verdade, foi bem fácil brincar com materiais e técnicas. O desafiador é estabelecer a infraestrutura da qual os artesãos precisam. Porém, trabalhar com eles é, de longe, mais fácil do que trabalhar com a indústria.
Qual é a chave para combinar tradição e inovação de forma apropriada e com sucesso?
A mistura eclética entre herança e tecnologia é uma grande parte da nossa essência. São elementos que nunca foram conjugados no México antes. Agora é que as pessoas começam a entender que o México é um país culturalmente rico, com diversas facetas que podem ser utilizadas no design contemporâneo. Vejo nosso trabalho como um caminho para essa combinação.
Para quem ainda não conhece o seu trabalho, como você o descreveria?
Sempre pensamos em um projeto para cada produto. Desenhar outra cadeira ou lâmpada não é nossa intenção final. Nós desenvolvemos novos métodos de produção e até conceitos socioeconômicos.
Então, a ideia de design costuma vir antes?
Não há regra. Alguns produtos começam com um novo processo, outros com um desafio de design. Mas, na maioria de nossos últimos produtos, começamos a partir de um novo material ou de um novo processo.
Que materiais você prefere?
Trabalhamos com tantos materiais que é difícil precisar. Começamos nossa jornada no México com o barro negro e acho que sempre teremos uma relação forte com esse material e seus artesãos.
Como você avalia o design contemporâneo?
Acho arriscado tratar o design como um mero mundo de tendências. Mas nunca houve tamanha qualidade, dedicação à perfeição e implementação da tecnologia no mundo do design. Não digo isso apenas pela tecnologia, mas por causa das mudanças sociais que o design produz.
E como deveria ser o design contemporâneo na sua visão? Inclusivo, como mais um elemento para desenvolver mudanças sociais, ou mais focado na estética e na funcionalidade?
O design é infinito e há espaço para os dois caminhos. Jovens designers aprendem bastante sobre os aspectos sociais e culturais. A grande questão é se a indústria está aberta para seguir essa mesma direção.

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