Estilo & Cultura

Mais de 1,5 mil peças do acervo são encontradas sob escombros do Museu Nacional

Folhapress
10/12/2018 18:59
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Foto: Mauro Pimentel/AFP | AFP

O Museu Nacional anunciou nesta segunda-feira (10) que foram achados mais de 1,5 mil itens sob os escombros nos três meses seguintes ao incêndio que destruiu parcialmente o prédio bicentenário no Rio de Janeiro, acontecido no último 2 de setembro.
Nessa conta entram, além das peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais, fragmentos arquitetônicos e alguns objetos ainda não identificados. O número exato e a lista do que foi encontrado ainda estão sendo contabilizados.
O acervo do Museu Nacional tinha mais de 20 milhões de peças no total, incluindo o que não foi atingido pelo incêndio —as coleções de invertebrados, vertebrados e de botânica, por exemplo, estavam armazenadas em prédios anexos.
Foto: Mauro Pimentel/AFP
Foto: Mauro Pimentel/AFP
“O resgate está apenas começando. Mas os itens achados até agora nos dão esperança e alento”, afirma o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. Em outubro, ele já havia anunciado a recuperação do crânio e uma parte do fêmur de Luzia, o esqueleto humano mais antigo descoberto na América.
Os materiais foram encontrados junto aos escombros do prédio, durante o processo de remoção de entulhos e estabilização da estrutura do museu, que se iniciou há mais de dois meses e deve durar cerca de mais três meses.

As peças

Entre os itens já identificados estão minerais e peças de arqueologia e etnologia (que estuda povos e culturas), como as bonecas Karajá, cerâmicas feitas por mulheres indígenas no início do século 20 e consideradas patrimônio imaterial brasileiro. Há também pontas de flecha que ajudam a entender a metalurgia indígena e um vaso peruano pré-histórico que era da coleção de Dom Pedro II. “Para nós é muito importante resgatar as peças que eram da coleção do imperador”, diz a professora e antropóloga Claudia Carvalho, coordenadora da equipe de resgate do acervo.
Esses itens estão sendo armazenados em cerca de dez contêineres instalados ao lado do Museu Nacional. Contando com sistema de exaustão, eles garantem que as peças fiquem estáveis e evitam que a temperatura suba demais, mesmo sem a presença de aparelho de ar-condicionado.
Outros oito contêineres serão usados como laboratório, para conservar, organizar e documentar o material encontrado. Todas as peças recebem um número e uma identificação, para depois ser detalhada a partir das análises.
O trabalho de resgate é realizado por uma equipe de dez pesquisadores-coordenadores, 47 servidores e três colaboradores. Eles tentam recuperar parte das coleções de antropologia, etnografia, paleontologia, geologia, entomologia, aracnologia e malacologia que estavam no interior do palácio.
Foto: Mauro Pimentel/AFP
Foto: Mauro Pimentel/AFP

Auxílio

Além da recuperação das peças, o diretor do museu também anunciou nesta segunda-feira (10) o recebimento de uma doação feita pelo governo da Alemanha no valor de 190 mil euros (cerca de R$ 850 mil), que serão utilizados emergencialmente para comprar computadores e materiais que auxiliem no trabalho de recuperação das peças. “Se fizéssemos por licitação demoraria demais”, disse Kellner.
“A diversidade do Brasil e do mundo será preservada”, completou o cônsul-geral da Alemanha, Klaus Zillikens. Segundo ele, o governo alemão pretende doar até 1 milhão de euros (cerca de R$ 4,4 milhões) no total e vem ajudando ainda com expertise no trabalho de resgate de acervos após desastres.
Agora, o que preocupa são as chuvas de verão, já que a cobertura do museu ainda não foi concluída. O isolamento do prédio, seu escoramento e a construção dessa cobertura provisória estão sendo feitos pela Concrejato Engenharia, empresa contratada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que gere o museu, com uma verba de R$ 8,9 milhões liberada emergencialmente pelo Ministério da Educação.
Além desta verba, a instituição conseguiu junto ao Congresso Nacional, por meio de emendas parlamentares, incluir um valor de R$ 56 milhões no Orçamento da União para o ano que vem. Essa quantia deverá ser utilizada para reconstruir a infraestrutura básica do edifício, com paredes e teto definitivos.
Em outubro, Kellner chegou a estimar que, com esta verba, o museu poderia ser reaberto ao público em cerca de três anos, mas calculou que para uma reconstrução completa seriam necessários aproximadamente R$ 300 milhões.

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