Em um centro cultural abandonado no meio da Vila Nossa Senhora da Luz, na Cidade Industrial de Curitiba, artistas da cidade – e do país – encontraram o espaço que precisavam para colar os lambes (desenhos, serigrafia, fotomontagem e fotografias) do Circuito de Grudes 2016.
De Curitiba, foram selecionados 10 artistas, que montaram “seus grudes” a partir do tema “democracia”, mas a exposição tem também as peças de grupos e coletivos de outras 16 cidades do Brasil.
Ocupação e restauração
O espaço abandonado conseguiu unir dois discursos em um só. Além da discussão política através dos desenhos, o grupo Anima CIC e os articuladores do grude fizeram uma pequena revitalização no terreno baldio.
Com a ajuda de carrinhos de mão, luvas de proteção e boas ideias, eles abriram na terra um caminho da entrada até a área central do terreno, onde os lambes foram colados.
“A ideia é mostrar para a população que o espaço está abandonado, mas que também pode ser ocupado por elas mesmas. Não é preciso uma ação do poder público para que essa área, que deveria ser um centro de cultura, tenha arte e cultura”, diz Alex Otto, diretor de teatro e presidente do grupo Anima CIC.
Interação
O grupo também identificou algumas plantas frutíferas e montou uma proteção ao redor delas. “Esse é um espaço que poderia estar ocupado, que os moradores poderiam aproveitar mais. A nossa ideia é essa: mesmo o pouco que possamos fazer pela comunidade, a gente faz, e esperamos que o pessoal use mais e não tenha tanto medo do local, que é conhecido de usuários de drogas”, diz Kety Cristians da Silva, moradora do bairro, diarista e participante do grupo Anima CIC.
Lambes
Os desenhos e fotografias foram colados, estrategicamente, nas paredes que dão vista à rua Davi Xavier da Silva, para que quem passe por ali (a rua é uma das mais movimentadas do bairro) consiga ver de longe as mensagens.
“A pré-produção do circuito começou há dois meses, com a escolha dos 10 artistas locais. Olhamos para artistas que já produziam lambes, mas também para quem poderia ou quem queria e fosse de outra área”, explica Elenize Dezgeniski, uma das articuladoras do grude.
Depois de feita a seleção, os desenhos e montagens dos artistas curitibanos foram encaminhados para os coletivos de outras 16 cidades, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Velho, Salvador e Porto Alegre. Os desenhos deveriam ter até um metro quadrado por artista, e as colagens foram feitas simultaneamente entre todos as cidades participantes.
Participam desta edição: Newton Goto, Faetusa Tezelli, Elenize Dezgeniski, Tuca Tucacatu, Salmonela Performática, Lúcia Helena Martins, Vivaldo Vieira Neto, Ricardo Corona, Eliana Borges, Ricardo De Campos Leinig, Sueli Araujo e Marcia Moraes.