Estilo & Cultura

Decoração tipicamente alemã de tradicional cantina de Curitiba corre risco de se perder

Sharon Abdalla
05/01/2018 20:21
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Fotos: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A Cantina Baviera é um desses locais que fazem os clientes voltarem no tempo. Com ares de taverna, o estabelecimento mantém, além de um cardápio tradicionalíssimo, uma decoração rústica e intimista, inspirada no estilo germânico, que há 45 anos atrai visitantes dos quatro cantos da cidade.
Um fato recente, no entanto, fez com que um ar de nostalgia começasse a pairar sobre a cantina. Cansado de tocar o negócio, o proprietário do Baviera, Giovanni Muffone, de 80 anos, colocou o estabelecimento à venda. Em entrevista ao Bom Gourmet, ele foi além e afirmou que, caso não apareçam interessados, fechará as portas. “Honestamente, tenho pena de fechar porque é uma das casas mais tradicionais e mais antigas da cidade. Mas 45 anos fazendo a mesma coisa cansa”, lamenta.

O Baviera

Inaugurada em 1972, a Cantina Baviera está localizada no número 18 da Alameda Augusto Stellfeld, na região vizinha ao centro histórico de Curitiba. O estabelecimento ocupa a parte inferior de uma casa de tom avermelhado datada de 1900, e que já esteve entre as propriedades da família Hauer.
A entrada da cantina fica onde eram a garagem e o porão da residência, o que faz com que o espaço não tenha janelas. Para dar conta da iluminação, a saída encontrada por Muffone e por Victor Siesko, seu antigo sócio e responsável pela decoração do Baviera, foi apostar na instalação de luminárias antigas. As quatro lanternas principais da entrada, por exemplo, já serviram à Catedral Metropolitana de Curitiba, como conta Muffone.
O toque final no que se refere à iluminação ficou por conta das velas. Fixadas em garrafas decoradas pelo derretimento da cera e dispostas sobre as mesas, elas reforçam o toque intimista da cantina sem comprometer a qualidade do ar no interior do ambiente.
“Eu fui o primeiro a colocar velas nas mesas aqui em Curitiba. E as nossas velas são de primeira categoria, com cera de qualidade, senão elas deixam um cheiro de cemitério”, brinca o proprietário.
Coração do restaurante, a cozinha do Baviera funciona no local que antes abrigava a cozinha destina às frituras e doces da antiga residência. O forno à lenha, por sua vez, ocupa a área destinada às lavanderias do imóvel, enquanto a “sala do fundo” a do antigo quarto dos empregados. O cinema da casa, localizado na parte superior, hoje abriga um dos salões do restaurante.

Estilo germânico

Nas paredes do salão da cantina, o destaque fica por conta das costaneiras – tábua retirada das laterais do tronco – que revestem as paredes a meia altura, das molduras de madeira em enxaimel e das gravuras do período da colonização alemã. Com inscrições em alemão e em gótico, as peças decoravam o antiquário que Muffone administrava na época da abertura do Baviera.
“Quase tudo o que tem de decoração ali saiu do antigo antiquário. Quando o fechei, trouxe essas placas para cá. A mais bonita é a que fica na sala do fundo [da cantina]”, orienta o proprietário. A balança, o filtro de água feito de pedra porosa e o grande alambique instalado praticamente no meio do salão inferior da cantina são outros dos itens remanescentes do antiquário. “O alambique é uma peça raríssima, pois é todo feito à mão”, acrescenta Muffone.
Fotos: Hugo Harada/Gazeta do Povo
Fotos: Hugo Harada/Gazeta do Povo
Toda a tradição mantida na decoração do Baviera também está presente no cardápio do estabelecimento, e é um dos segredos do seu sucesso, como destaca o proprietário. “Meu mérito, se há algum, foi o de conseguir manter a mesma qualidade nos pratos [e na decoração] da provada por quem os experimentou há 30/40 anos atrás”, completa.
A Cantina Baviera tem capacidade para 120 lugares e é aberto no jantar.

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