Estilo & Cultura

Ícones do “orgulho curitibano” foram bem representados pela Nenê de Vila Matilde, avalia arquiteto

Daliane Nogueira
26/02/2017 20:09
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Ícones da Curitiba dos anos 1990, o Jardim botânico e Ópera de Arame foram retratadas no mesmo carro alegórico. Foto: Alan Morici / Reprodução Globo.

Do Memorial Ucraniano ao Jardim Botânico, passando por igrejas italianas, Poty e Leminski. Não faltaram representações de pontos turísticos e símbolos de Curitiba no desfile que a Nenê de Vila Matilde fez na madrugada deste domingo (26) no sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Com o enredo Ópera de Todos os Povos, Terra de Todas as Gentes, Curitiba de Todos os Sonhos, a escola de samba contou a história de Curitiba desde a sua formação. “Viu-se um trabalho de pesquisa bastante representativo e, como curitibanos, devemos nos orgulhar”, relata o arquiteto Fábio Domingos Batista.
Formação da cidade foi retratada nas primeiras alegorias da escola de samba.<br>Foto: Alan Morici / Reprodução Globo.
Formação da cidade foi retratada nas primeiras alegorias da escola de samba.<br>Foto: Alan Morici / Reprodução Globo.
Para ele, a cidade retratada na avenida, é a que está no imaginário brasileiro. Organizada, limpa e com transporte público de qualidade. E, essa cidade, não se fez somente no discurso. “Nenhuma cidade se concretiza somente no imaginário. E Curitiba tem os elementos que a tornam real”, aponta sem negar a existência de problemas urbanos que se acentuam ano a ano.
Coautor do livro  Curitiba e seus olhos:relatos urbanos  onde entrevistou curitibanos e turistas, dentro da Linha Turismo,  sobre as impressões que têm da cidade, Batista explica que o planejamento da cidade e os ícones arquitetônicos dos anos 1990 ainda são muito fortes e fazem parte deste imaginário urbano para quem nos vê de fora e para os que vivem Curitiba diariamente. “Os parques étnicos, o conceito de transporte, a continuidade urbana que Curitiba ainda tem e que não se vê na maioria das grandes cidades brasileiras, tudo isso é real e por isso virou referência”, diz.
Memorial Ucraniano, detalhes de Santa Felicidade e outras marcas dos imigrantes em Curitiba foram destacados no desfile da Nenê de Vila Matilde.<br>Destaque para presença de dona Flora Madalosso no carro.<br>Foto: Alan Morici / Reprodução Globo
Memorial Ucraniano, detalhes de Santa Felicidade e outras marcas dos imigrantes em Curitiba foram destacados no desfile da Nenê de Vila Matilde.<br>Destaque para presença de dona Flora Madalosso no carro.<br>Foto: Alan Morici / Reprodução Globo
O papel dos imigrantes na formação cultural e arquitetônica de Curitiba, na avaliação de Batista, foi muito bem retratado. “Esqueceram dos poloneses, mas demonstraram a riqueza que a chegada dos imigrantes trouxe para a cultura e as marcas que existem na cidade”, resume.
Talvez o principal problema dos últimos anos, o transporte coletivo, é visto por Batista como uma situação em que há um problema de gestão, não de conceito. “O modelo continua sendo referência em qualquer estudo de planejamento urbano, mas é preciso administrá-lo corretamente”, critica.
Ícones da Curitiba dos anos 1990, o Jardim botânico e Ópera de Arame foram retratadas no mesmo carro alegórico.<br>Foto: Alan Morici / Reprodução Globo.
Ícones da Curitiba dos anos 1990, o Jardim botânico e Ópera de Arame foram retratadas no mesmo carro alegórico.<br>Foto: Alan Morici / Reprodução Globo.

Crise criativa

Na avaliação do profissional a principal tradição de Curitiba é a criatividade, ostentando pessoas que pensam a cidade para o futuro. “Perdemos esse fôlego nos últimos tempos e é preciso retomar, criar novos ícones e inovar. É o nosso desafio urbano”, completa lembrando que os nomes importantes para a formação da cidade como a conhecemos hoje estão vivos, pensando outras cidades pelo mundo e não são devidamente reconhecidos aqui.
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