Estilo & Cultura

Palacete dos Leões está sem seus famosos felinos; descubra onde eles foram parar

Stephanie D'Ornelas*
05/02/2018 21:10
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Obras foram feitas em um material considerado frágil, a louça. Foto: Ivonaldo Alexandre / Arquivo Gazeta do Povo (esquerda) e RPC / Reprodução (direita).

Se na arquitetura os ornamentos de leões são símbolos de proteção, o Palacete dos Leões está bem defendido contra possíveis ameaças. O charmoso edifício curitibano, símbolo do ciclo da erva-mate no Paraná, tem adornos dos grandes felinos em vários pontos de sua arquitetura de estilo eclético. Os dois maiores e mais icônicos leões do casarão, porém, não fazem mais a guarda do imóvel desde o início do ano passado, período a partir do qual o imóvel passou por uma ampla reforma da parte externa encomendada pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), atual proprietário do palacete.
Obras foram feitas em um material considerado frágil, a louça. Foto: Ivonaldo Alexandre / Arquivo Gazeta do Povo (esquerda) e RPC / Reprodução (direita).
Obras foram feitas em um material considerado frágil, a louça. Foto: Ivonaldo Alexandre / Arquivo Gazeta do Povo (esquerda) e RPC / Reprodução (direita).
A resposta para o “desaparecimento” dos felinos é simples: apesar do espaço cultural ter sido reaberto ao público no último mês de agosto, até o fim do ano passado as duas estátuas ainda estavam sendo restauradas. Após análises técnicas que indicaram a fragilidade das peças, a restauradora responsável, Ângela Damiani, orientou que as estátuas não deveriam mais permanecer em local aberto para que fossem evitados novos desgastes.
“Há muita variação climática em Curitiba e as peças devem permanecer em temperatura ambiente. Apesar de todo o tempo em que eles ficaram expostos, os leões nunca haviam sido limpos por dentro e estavam muito frágeis”, afirma Ângela. Além das avarias externas, a parte interior das estátuas, produzidas em louça, tinha a presença de fungos. O processo de recuperação envolveu a inserção dos leões em um forno com altas temperaturas, o que tornou as esculturas ainda mais delicadas.
Detalhe em uma das portas da propriedade. Foto: Ivonaldo Alexandre / Arquivo Gazeta do Povo.
Detalhe em uma das portas da propriedade. Foto: Ivonaldo Alexandre / Arquivo Gazeta do Povo.
O chefe de gabinete da diretoria do BRDE, Paulo Cesar Starke, informa que está sendo feito um estudo para a produção de réplicas. “A ideia é que os leões originais sejam guardados dentro do palacete, onde serão expostos ao público, para evitar danos causados pelo tempo”, expõe. A proposta foi aprovada pela Secretaria de Estado da Cultura e, agora, o BRDE está fazendo análises orçamentárias para a contratação das empresas que farão as réplicas e a montagem da nova sala expositiva. Segundo Starke, ainda não há previsão para a conclusão deste processo.
Em 2017, a fachada do Palacete dos Leões recebeu um vibrante tom de anil. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana - AGP
Em 2017, a fachada do Palacete dos Leões recebeu um vibrante tom de anil. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana - AGP
Para Sérgio Krieger, chefe da Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC) da Secretaria de Estado da Cultura, este cuidado com as obras originais será benéfico também para protegê-las do vandalismo, que, de acordo com ele, é comum na área em dias de jogos de futebol.

Leões históricos

Leão vigilante em 2016, quando o palacete ainda não tinha passado por sua última restauração. Foto: Ivonaldo Alexandre / Arquivo Gazeta do Povo.
Leão vigilante em 2016, quando o palacete ainda não tinha passado por sua última restauração. Foto: Ivonaldo Alexandre / Arquivo Gazeta do Povo.
O Palacete dos Leões, concluído em 1902, serviu de moradia da família e descendentes do ervateiro e industrial Agostinho Ermelino de Leão. Os leões já eram de propriedade da família antes mesmo da construção do imóvel, que é tombado pelo patrimônio histórico estadual e integra a lista das Unidades de Interesse de Preservação (UIPs) do município. Ângela defende a importância das estátuas: “São peças centenárias que a Fábrica de Louça de Santo António, no Porto, já não produz mais. Existem poucos leões desse tipo remanescentes. Essas peças ficaram ligadas à família Leão e àquela localidade. É algo que faz parte da cidade de Curitiba, e essa importância histórica precisa ser mantida e divulgada”, opina a restauradora.
*Especial para a Gazeta do Povo.

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