Estilo & Cultura

Planalto e Alvorada devolvem 48 obras de arte ao Museu Nacional de Belas Artes do RJ

HAUS
28/12/2016 20:30
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O salão de estado do Palácio da Alvorada conta com várias obras, entre elas quadros de Djanira da Mota e Alfredo Volpi. Foto: Ichiro Guerra/Divulgação | Ichiro Guerra

A partir desta semana, 48 obras de arte que estão nos acervos do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada serão devolvidas ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (MnBA). O empréstimo começou em 1956, no início do governo de Juscelino Kubitschek e ano em que Brasília começou a ser construída para virar capital do país. Terminou em 1991 e foi prorrogado até o fim deste ano.
Acertada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e pela Diretoria de Documentação Histórica (DDH) do gabinete da Presidência da República e autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a decisão moverá a seu lugar de origem relíquias de Cândido Portinari, Djanira da Mota, Alberto da Veiga Guignard, Arcângelo Ianelli, Eliseu Visconti, Maria Leontina, Rodolfo Amoedo e Henri Nicolas Vinet. Até o fim desta semana, 34 pinturas e seis objetos do acervo de arte decorativa serão devolvidos. Em janeiro, quando está prevista a segunda leva da operação, voltarão ao Rio oito peças de mobiliário.
Em nota publicada nesta quinta-feira (29) pelo Ibram, a “devolução faz parte de um processo administrativo interinstitucional comum e se dá visando, principalmente, à conservação e preservação desse acervo.” Ainda de acordo com a instituição, as obras são patrimônio da União, já que o MnBA (para onde elas serão devolvidas) pertence ao Ibram e este, por sua vez, é uma autarquia vinculada ao Ministério da Cultura. Ainda segundo a nota, após o retorno ao Rio de Janeiro, as obras serão restauradas e higienizadas para, depois, serem integradas a ações de circulação, em exposições no próprio MnBA, em museus ligados ao Instituto, ou mesmo instituições nacionais e internacionais.
Tapeçaria de Di Cavalcanti e três mapas antigos emoldurados: mapa da América do Sul (1645), carta geográfica do Brasil (sem data) e mapa do Brasil com as capitanias gerais (1656)Foto: Ichiro Guerra/PR.
Tapeçaria de Di Cavalcanti e três mapas antigos emoldurados: mapa da América do Sul (1645), carta geográfica do Brasil (sem data) e mapa do Brasil com as capitanias gerais (1656)Foto: Ichiro Guerra/PR.
Mezanino do Palácio da Alvorada. Ao fundo, tapeçaria Múmias, de Di Cavalcanti, urnas mortuárias Marajoara e duas estatuetas de Alfredo Ceschiatti. Foto: Ichiro Guerra/Divulgação
Mezanino do Palácio da Alvorada. Ao fundo, tapeçaria Múmias, de Di Cavalcanti, urnas mortuárias Marajoara e duas estatuetas de Alfredo Ceschiatti. Foto: Ichiro Guerra/Divulgação
A atitude está causando revolta entre especialistas em arte. Em entrevista concedida ao jornal Correio Braziliense nesta quarta-feira (28), Rogério Carvalho, que foi curador do Palácio da Alvorada durante quase 10 anos, afirmou que a decisão prejudica o patrimônio cultural de Brasília, já que vai alterar a ambientação de edifícios importantes. De acordo com ele, as obras ajudavam na representação das relações das pessoas que passaram por ali durante todo o tempo em que estiveram expostas.
Também em entrevista ao CB, o curador do Museu Nacional da República, crítico de arte e artista plástico, Wagner Barja, concorda. Ele afirmou não entender como as obras foram pegas de volta sendo que faziam referência à história do Brasil e de Brasília e estavam localizadas na capital do país.
Um dos ambientes do salão nobre do Palácio da Alvorada: duas esculturas de Victor Brecheret e móveis de Mies van der Rohe. Foto: Ichiro Guerra/Divulgação
Um dos ambientes do salão nobre do Palácio da Alvorada: duas esculturas de Victor Brecheret e móveis de Mies van der Rohe. Foto: Ichiro Guerra/Divulgação
Para Marcelo Mari, professor de História da Arte do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília (UnB), as peças eram adequadas ao patrimônio arquitetônico da cidade, além de ajudar a construir sua imagem e a contar a história de sua fundação para os visitantes.
De acordo com matéria publicada pelo Correio Braziliense, a assessoria da Presidência da República defende a devolução argumentando motivos de preservação, já que as obras passariam por uma limpeza profunda e seriam expostas de forma adequada. Além disso, apontam que a atitude devolverá os trabalhos ao grande público. Boa parte das peças ficavam à disposição para visitação nos dois palácios.
A sala de espera do Palácio da Alvorada é decorada com uma tapeçaria de Concessa Colaço, com o título de “Manhã de cores”, dois quadros de Vicente do Rego Monteiro e uma obra de Carlos Scliar. Foto: Ichiro Guerra/Divulgação
A sala de espera do Palácio da Alvorada é decorada com uma tapeçaria de Concessa Colaço, com o título de “Manhã de cores”, dois quadros de Vicente do Rego Monteiro e uma obra de Carlos Scliar. Foto: Ichiro Guerra/Divulgação
A substituição das obras também causou discórdias. Na entrevista para o CB, Carvalho afirmou que a diretora do MnBA, Mônica Xexéo, já havia feito ofertas de troca durante o mandato de Dilma Rousseff. Segundo ele, Mônica teria oferecido o descarte do museu para substituir as obras. Ela também teria oferecido um quadro de Romero Britto em troca de um de Eliseu Visconti.

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