Estilo & Cultura

Quatro caixas d’água de Curitiba que são referência na paisagem e símbolos históricos

HAUS
16/09/2017 13:00
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No Batel, o antigo reservatório de água ganhou um painel do artista André Mendes. Foto: Ike Sthalke/Sanepar

Reservatórios de água podem não ser pontos turísticos comuns, mas na capital paranaense alguns deles merecem um olhar especial. Há os com mais de 100 anos e que seguem em funcionamento, patrimônios tombados e os que têm painel de artistas locais.
O coordenador de Patrimônio Histórico da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Junio Ferreira Lima, ressalta quatro reservatórios de água históricos: Carvalho, Alto São Francisco, Batel e Cajuru. Todos, com exceção do Cajuru, seguem ativos. O reservatório do Carvalho tem capacidade para 800 mil m³ de água, o do Alto São Francisco para 6 mil m³ e o do Batel tem capacidade para 16 milhões m³. Além de funcionais, cada um deles tem características arquitetônicas que convidam a um olhar mais atento.

Alto São Francisco

O reservatório São Francisco, inaugurado em 1908, foi tombado como patrimônio cultura do Paraná. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
O reservatório São Francisco, inaugurado em 1908, foi tombado como patrimônio cultura do Paraná. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Uma caminhada pela região do Centro Histórico de Curitiba permite conhecer o maior reservatório de água da cidade. A construção foi tombada em 1990 e é cercada por jardins com desenho de inspiração art noveau. No local também há um chafariz e um característico edifício que abriga a antiga casa de máquinas. O reservatório propriamente dito é subterrâneo, com pilares de fundação e teto de abóbodas e arcos.
Álvaro de Menezes e Octaviano Machado de Oliveira foram os dois engenheiros responsáveis por projetar o sistema, inaugurado em 1908. Em uma ponta do sistema está o conjunto dos Mananciais da Serra, que compreendia 17 caixas coletoras localizadas nas bacias do Rio Caiguava e Litorânea e o reservatório do Carvalho. Na outra ponta, está o reservatório do Alto São Francisco que recebia o líquido vindo do reservatório do Carvalho depois de percorrer os 38 quilômetros de adutoras que ligavam as duas construções. A água vinda do reservatório do Carvalho e armazenada no reservatório do Alto São Francisco abastecia a Curitiba do início do século 20 com cerca de 35 mil habitantes.
“Esse reservatório também tem importância estratégica para o abastecimento da cidade”, comenta o coordenador de Patrimônio Histórico da Sanepar. O Alto São Francisco é responsável por levar água para toda a região central de Curitiba e outros 16 bairros do entorno, abastecendo cerca de 600 mil pessoas.

Carvalho

O reservatório do Carvalho integra o primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba e é aberto para visitação do público. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
O reservatório do Carvalho integra o primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba e é aberto para visitação do público. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Parte do primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba, o reservatório do Carvalho tem beleza histórica, construído com pedras exclusivas da região. Localizado aos pés da Serra do Mar, o local conta com paisagem natural e possibilidade de visitação pública, organizada uma vez por mês pela Sanepar.
Em 1950, o reservatório do Carvalho deixou de funcionar em sua totalidade. Das 17 caixas coletoras, apenas uma, a do Rio Carvalhinho ainda alimenta o Reservatório do Carvalho.
Atualmente, esse reservatório abastece uma aldeia indígena nas proximidades e o restante da água é incorporada na barragem do Piraquara que ajuda a abastecer Curitiba e a região metropolitana.

Batel

No Batel, o antigo reservatório de água ganhou um painel do artista André Mendes. Foto: Ike Sthalke/Sanepar
No Batel, o antigo reservatório de água ganhou um painel do artista André Mendes. Foto: Ike Sthalke/Sanepar
Até 1908, o sistema composto pelo reservatório do Carvalho e do Alto São Francisco conseguia abastecer toda a população de Curitiba, mas no final da década de 1920 o poder público começou a estudar sua ampliação. Inaugurado em 1928, o reservatório de água do Batel não conta com apelo arquitetônico como o do Alto São Francisco e seu belo jardim. “Ele é mais funcional”, opina Lima. O reservatório atende principalmente a região do Batel, Bigorrilho, Campina do Siqueira e São Braz.
Em 2003, foi construído um anexo, um reservatório maior, e colocado um painel do artista curitibano André Mendes que traz um apelo estético à construção histórica.

Cajuru

Mesmo desativado, o reservatório do Alto da XV serve como ponto de referência para os moradores de Curitiba. Foto: Brunno Covello/Sanepar
Mesmo desativado, o reservatório do Alto da XV serve como ponto de referência para os moradores de Curitiba. Foto: Brunno Covello/Sanepar
Desativo entre 1999 e 2000, o reservatório elevado que fica no Alto da XV (chamado oficialmente de Cajuru) foi construído em um estilo art déco, com linhas retas e sem muitos detalhes. “Observamos o uso de linhas mais retas, sem tanta beleza arquitetônica e mais funcional”, comenta Lima.
O reservatório do Cajuru também foi construído quando os mananciais da serra passaram a não ser suficientes para o abastecimento de Curitiba. Na década de 1940, iniciou-se o estudo para ampliação do sistema Tarumã, composto pela captação no rio Iraí, a estação de tratamento de água Tarumã e o reservatório que hoje é conhecido como “caixa da água do Alto da XV”.

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