Eles fizeram parte de uma época de ouro. Vestidos rodados, ternos e chapéus eram os trajes apropriados de muitos cinemas de rua em Curitiba, que na metade do século 20 estavam em seu auge. Infelizmente, uma série de fatores fizeram com que tais locais entrassem em declínio, como novas tecnologias de reprodução de filmes e salas de cinema em shoppings.

Pouco a pouco, os estabelecimentos fecharam suas portas. Em sua grande maioria, a ótima localização fez com que eles fossem vendidos para assumir outros propósitos, ou foram abaixo para a construção de novos edifícios.

Localizado na Rua XV de Novembro, entre a Alameda Dr. Muricy e a Marechal Floriano Peixoto, o Cine Ritz foi inaugurado em 1948. Antes carregando os nomes de Cine Imperial e Cine Vitória, o Ritz teve um lançamento com pompa e circunstância, com investimento de uma empresa do ramo de São Paulo e a presença da atriz Bibi Ferreira.

Em 1962, com o alargamento da XV de Novembro, o cinema e suas adjacências foram ao chão. Mais tarde, na década de 80, a multinacional C&A adquiriu o terreno do Cine Ritz para construir sua loja — e o então prefeito Jaime Lerner propôs uma contrapartida dos empresários: que construíssem um cinema ao lado.

Assim, em 1985, iniciou-se a nova fase do cinema, sob controle da Fundação Cultural de Curitiba. Por desacordo entre a entidade e o proprietário do espaço em relação ao aluguel, o Ritz fechou suas portas permanentemente em 2005. Hoje, a entrada do Cine Ritz leva à loja Magazine Luiza, que tem fachada na Marechal Deodoro.

Localizado na Praça Zacarias, o Cine Luz foi inaugurado em 1939 em prédio construído pelo escritório Guttierrez, Paula & Munhoz. Após 22 anos e milhares de exibições, além das inundações que tomavam o prédio toda vez que chovia, o cinema foi destruído por um incêndio durante a exibição da comédia nacional “O Homem do Sputnik”.

Em acordo com o banco Citibank, que precisava de potencial construtivo para erguer sua sede na Marechal Deodoro, o Cine Luz ressurgiu em 1985, também sob domínio da Fundação Cultural de Curitiba. Localizado agora na Rua XV de Novembro, na altura da Praça Santos Andrade, o cinema ficou conhecido por ter um circuito de filmes considerados alternativos.

Após uma sessão do filme romeno “Como Sobrevivi Ao Fim do Mundo”, assistido por apenas dois espectadores, o Cine Luz fechou as portas em novembro de 2009. Atualmente, o prédio está cedido para a Bienal de Curitiba.

Inaugurado em 1964 na Praça Osório, onde seria construída a sede da Associação dos Servidores Públicos do Paraná (ASPP), o Cine Plaza nasceu de um acordo da ASPP com a empresa Unibrás, que comandou o estabelecimento por décadas. Em seus tempos áureos, o cinema chegou a ter 26 mil espectadores em uma semana — quando exibiram Robocop, em 1987.

Após um processo entre ASPP e a Unibrás, a justiça determinou reintegração de posse à direção da associação, em 1998. Sob nova direção, houve nova situação que foi à Justiça novamente, mas que terminou em acordo entre as partes.

O Cine Plaza fechou suas portas em 2006. Enfrentou um processo para reverter seu status de patrimônio tombado, a pedido dos proprietários. O local ainda abrigou um templo da Igreja Mundial, antes de ser vendido e demolido em 2013. Hoje, o terreno do cinema abriga o Campus Central da Universidade Positivo.

Inaugurado em 1977, o Cine Astor ocupava o mesmo espaço do já fechado Cine Palácio, embora sua entrada fosse outra: o Palácio tinha entrada no edifício Moreira Garcez, o primeiro arranha-céu de Curitiba, em estilo art-déco, enquanto o Astor abria suas portas na Rua Voluntários da Pátria.

O local tinha capacidade para 500 lugares e era um dos diversos cinemas que formavam a Cinelândia curitibana, na região da XV de Novembro. O Astor era propriedade da família Zonari, que chegou a ser dona de 11 cinemas na capital.

Seu último filme foi Titanic, em 1997, que bateu recordes em todo o mundo. A entrada do cinema abriga hoje uma loja de roupas, enquanto o Moreira Garcez está sob uso do grupo educacional Uninter.

Inaugurado em 1960 com o longa “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, de Michael Anderson, o Cine São João surgiu de uma sociedade entre a família Bettega e a empresa cinematográfica David Carneiro. Localizado na Rua Desembargador Westphalen, o espaço era um dos maiores e requintados cinemas de Curitiba, com mil poltronas.

Na década de 1990 a sala passou a exibir filmes de sexo explícito e começou a ser chamado de “Palácio do cinema pornô”. O fechamento do Cine São João se deu em 2006. De lá para cá abrigou templo de igreja e, atualmente, é dividido entre lojas de calçados e cosméticos.