Estilo & Cultura

Um dos últimos modernistas vivos, Lolô Cornelsen completa 96 anos com ideias para reconstruir o Haiti

HAUS
07/07/2018 20:19
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O modernista paranaense interligou nossas cidades e não descansa até ver a hidrovia do Ivaí realizada. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo/Arquivo | Gazeta do Povo

Um dos últimos modernistas brasileiros a caminhar entre nós, o curitibano Ayrton João Cornelsen, conhecido por todos como Lolô, completa 96 anos neste sábado (07). A comemoração foi caseira, seguida de uma matinê familiar do documentário Homem Asfalto, que conta toda a trajetória do arquiteto e engenheiro de pedigree, como conta o neto Patrik Cornelsen.
Depois foi presenteado pelo Atlético, time pelo qual foi tricampeão de 1943 a 1945 e que o chamou para ajudar a desenhar seu escudo, com uma camisa do clube com o número 96 nas costas, e partiu conhecer a Usina 5, novo pólo de eventos de Curitiba no coração do Vale do Pinhão.
Atualmente o arquiteto e engenheiro passa os dias pintando e projetando campos de golfe. Já soma mais de 200 projetos. E faz parte do Banco de Ideias do Instituto de Engenharia do Paraná, no qual ajuda a projetar e aprimorar casas pré-moldadas (baratas e de fácil construção) para auxiliar na reconstrução do Haiti, que ainda se recupera da destruição do terremoto de 2010.
Lolô está no panteão dos modernistas brasileiros. Decidiu se dedicar à arquitetura depois de receber a bênção do urbanista francês Alfred Agache em 1941, que viu no jovem um futuro promissor. Como diretor do DER-PR a partir de 1950, as linhas de seu lápis deram origem a mais de 400 km em estradas, entre elas, a Rodovia do Café e a Estrada da Graciosa. Ajudou ainda a projetar o Couto Pereira e a Vila Olímpica do Paraná Clube no Boqueirão.
Pela fixação com a cor vermelha, típica da gangue de modernistas, foi tachado de comunista. Tese que só ganhou força depois que Juscelino Kubitschek mandou-o a Moscou para divulgar a arquitetura brasileira.
LOLO CORNELSEN - 15 OUTUBRO 2013 - CURITIBA - PARANA - Lolo Cornelsen, arquiteto - foto Henry Milleo / Agencia de Noticias Gazeta do Povo
LOLO CORNELSEN - 15 OUTUBRO 2013 - CURITIBA - PARANA - Lolo Cornelsen, arquiteto - foto Henry Milleo / Agencia de Noticias Gazeta do Povo
Com o governo militar, vendeu tudo e migrou para a Portugal de Salazar com a esposa Cleuza Lupion e os filhos. No avião, receberam a notícia: o ditador havia falecido. Desembarcaram em um país em festa.
Lá caiu na graça dos europeus e dos africanos. Levantou diversos empreendimentos hoteleiros na Ilha da Madeira e no norte da África. Em 1976 retorna ao Brasil e cria diversas casas com influências claras da arquitetura portuguesa, como a Vila Camões, tida como o primeiro condomínio residencial da cidade.
Fotos: André Rodrigues/Gazeta do Povo
Fotos: André Rodrigues/Gazeta do Povo

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