Estilo & Cultura

Visita guiada ao Cemitério Municipal de Curitiba é uma aula de arquitetura e história

HAUS*
15/04/2017 19:21
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Grupo de visitantes se reúnem onde era a antiga capela do Cemitério Municipal de Curitiba. Fotos: André Eduardo dos Santos Filho/Gazeta do Povo

Uma aula de arquitetura e história. Durante três horas e sob um sol escaldante, cerca de 40 pessoas participaram da visita guiada no Cemitério São Francisco de Paula, ou Cemitério Municipal de Curitiba, para celebrar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que acontece na próxima terça-feira, dia 18.
Como afirma a guia do evento Clarissa Grassi, também pesquisadora e presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, o intuito do passeio é sensibilizar os moradores para que vejam o cemitério como um patrimônio da cidade. “Não só historicamente e por sua arquitetura, mas como um local a ser visitado, um espaço de história e informação”, diz a guia.
Pequeno túmulo próximo à pedra fundamental do cemitério é considerado uma das primeiras construções do local. Ali, está enterrado o Pe. João Sotto Maior, que dá o nome da praça em frente ao Cemitério Municipal de Curitiba.
Pequeno túmulo próximo à pedra fundamental do cemitério é considerado uma das primeiras construções do local. Ali, está enterrado o Pe. João Sotto Maior, que dá o nome da praça em frente ao Cemitério Municipal de Curitiba.
O primeiro cemitério de Curitiba tem 163 anos e o surgimento está ligado à criação da Província do Paraná, em 1853. O local, que teve ao longo das décadas diversas ampliações, possui uma área com mais de 50 mil m², onde estão 5,7 mil túmulos e mais de 80 mil pessoas sepultadas.
Clarissa, ao longo do trajeto, conta que é possível estabelecer camadas sociais a partir de regiões do cemitério e da arquitetura empregada, que também diz muito sobre a época em que os templos foram construídos. No fim do século 19, prevalecem as construções de mausoléus e túmulos extremamente adornados com motivos religiosos – também pelo fato de que pessoas não-católicas não eram enterradas no cemitério até por volta de 1903.
Túmulo da família Pedroso, sobrenome do "Rei dos Tapetes", é considerado um dos marcos de arquitetura modernista dentro do cemitério, com uso de linhas simples, metal, vidro e concreto aparente.
Túmulo da família Pedroso, sobrenome do "Rei dos Tapetes", é considerado um dos marcos de arquitetura modernista dentro do cemitério, com uso de linhas simples, metal, vidro e concreto aparente.
Os mausoléus e jazigos-monumentos, duas das sete tipologias arquitetônicas que podem ser encontradas dentro do cemitério, são em sua maioria verdadeiras obras de arte. E isso graças aos imigrantes italianos, que segundo a guia, trouxeram a “arte tumular” para Curitiba. No fim do século 21, com um pensamento mais racional sobre a morte, os túmulos adquirem linhas mais retas e se tornam construções verticalizadas. “A função se sobrepõe à forma”, diz Clarissa.
O encontro reuniu curiosos de todas as idades. As professoras Silvana Schuindt e Jane Lis Langue Achender souberam do passeio guiado pela internet e, como interessadas por assuntos históricos, resolveram participar. “O cemitério conta a história do Paraná”, declara Silvana, que nunca havia entrado no local.
Mausoléu da família Stenghel é repleto de referências paranistas, com araucárias entalhadas nas paredes.
Mausoléu da família Stenghel é repleto de referências paranistas, com araucárias entalhadas nas paredes.
Para participar de uma das visitas guiadas ao cemitério, que são temáticas, envie um e-mail para visitaguiada@smma.curitiba.pr.gov.br ou visite a página do serviço no Facebook.
Confira mais fotos da visita:

*Colaborou André Eduardo dos Santos Filho.

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