Estilo & Cultura

Visitar a Casa da Memória é uma viagem no tempo que todo curitibano deveria fazer

Roberta Braga*
17/12/2018 09:52
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Casa da Memória, no Centro Histórico de Curitiba reúne um grande acervo que ajuda a remontar a história do Paraná. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo | Leticia Akemi

Mais de 87.200 documentos fazem parte do acervo da Casa da Memória, que fica no Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba. São itens gerais e obras raras, como manuscritos, mapas, plantas, periódicos, registros, folhetins, livros, cartazes, caricaturas, rótulos e chapas de vidro, que ajudam a recontar a história da cidade. Somado a isso, o local guarda, ainda, mais de 14 mil cartazes e mais de 500 mil imagens de famílias, dos bairros e de construções da cidade em diferentes épocas.
Todo esse acervo está disponível para consulta do público que fica, dessa forma, a um e-mail ou a uma visita de distância dos mais de 300 anos de história desde a fundação de Curitiba, em 1693. “A Casa da Memória exerce um papel fundamental para Curitiba, pois guarda boa parte de nossa documentação e fotografias antigas. É o depositário da memória e da história da cidade”, opina Marcelo Sutil, diretor do Patrimônio Cultural, da Fundação Cultural de Curitiba.
A coleção com cerca de 1800 projetos arquitetônicos do final do século 18 e início do 19 mostram uma Curitiba que não existe mais. Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
A coleção com cerca de 1800 projetos arquitetônicos do final do século 18 e início do 19 mostram uma Curitiba que não existe mais. Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
O que hoje é a Casa da Memória começou com a fundação da Casa Romário Martins, em 1973. Foi ali que aconteceram as primeiras exposições históricas e onde teve início o trabalho de recolher e agrupar documentos antigos e fotografias. “Antes, esses documentos ficavam espalhados: em órgãos da prefeitura, em outras entidades ou mesmo guardados com famílias da cidade”, diz Sutil.
Em 1981, com o crescimento do acervo e da procura pelo público, foi criada, oficialmente e com esse nome, a Casa da Memória. O órgão passou por três sedes até que, no ano 2000, mudou-se, em definitivo, para o prédio que ocupa hoje. “Toda a parte de acervo, pesquisa e a biblioteca para o público passaram a ser de responsabilidade da Casa da Memória”, explica Sutil.

Acervo para consulta

No prédio vermelho que abriga a Casa da Memória ficam a biblioteca, que é o local com espaço para receber o público para as pesquisas; o setor de pesquisas e a reserva técnica – espaço onde ficam acondicionadas, em condições especiais, as obras raras. Estudantes, mestrandos, doutorandos, historiadores, arquitetos, engenheiros, escritores, além da imprensa nacional e estrangeira estão entre o público que costuma recorrer à Casa da Memória para informações. “A cada ano, o local recebe cerca de mil pedidos de pesquisa”, estima Sutil.
Retrato mostra a chegada dos Voluntários da Pátria – vindos da Guerra do Paraguai – em frente à Igreja Matriz (hoje Catedral Metropolitana de Curitiba), em abril de 1870. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
Retrato mostra a chegada dos Voluntários da Pátria – vindos da Guerra do Paraguai – em frente à Igreja Matriz (hoje Catedral Metropolitana de Curitiba), em abril de 1870. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
O acervo da casa guarda documentos importantes para entender nossa história: de mapas do século 17 a plantas arquitetônicas dos séculos 18 e 19, passando também pela embalagem original das balas Zequinha e por cartazes de peças de teatro e de campanhas de vacinação. O documento mais raro e importante que fica no local é o Livro Tombo, que traz a assinatura dos fundadores da cidade, em 1693. Outro item histórico que faz parte do acervo é o manuscrito com os provimentos de correção do Ouvidor Raphael Pardinho, que data do ano de 1723.
Marcelo Sutil, diretor do Patrimônio Cultural, da Fundação Cultural de Curitiba
Marcelo Sutil, diretor do Patrimônio Cultural, da Fundação Cultural de Curitiba
Além do acervo e da biblioteca, a Casa da Memória também sedia pelo menos duas grandes exposições históricas por ano. “O curitibano valoriza sua história, ele comparece às exposições, se interessa, busca mais informações”, observa Sutil. Outro destaque na produção da Casa é a coleção de boletins impressos – que hoje contempla quase 150 volumes e se tornou uma das principais formas de alimentar o acervo. “Os boletins são materiais periódicos que, desde 1974, trazem diversos recortes dentro do universo histórico da cidade, com temas que vão da arquitetura a elementos culturais”, explica.

Nossas memórias em boas mãos

Grupo de  funcionários da Casa da Memória. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Grupo de funcionários da Casa da Memória. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
A relação dos colaboradores com a Casa da Memória vai além do trabalho, estabelecendo uma ligação emocional e afetiva. São profissionais de diferentes formações que exercem o ofício com o carinho de quem cuida de um álbum com retratos antigos de família. É o caso, por exemplo, de Filomena N. Hammerschmidt, Maria Teresa Gonçalves e Roberson Mauricio Caldeira Nunes, que acumulam décadas de dedicação ao local. “Toda a equipe atua com um grande cuidado com o acervo e sempre buscando uma troca de informação e aproximação com o público. A Casa traz um serviço que é um direito do cidadão, que é o de ter a história de sua cidade preservada e acessível”, diz Filomena, opinião é reforçada por seus colegas.

Veja outros documentos antigos disponíveis na Casa da Memória

Página 32 do Livro Tombo, que data de 1693: assinaturas dos fundadores da cidade. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
Página 32 do Livro Tombo, que data de 1693: assinaturas dos fundadores da cidade. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
Mapas do século XVII estão entre as relíquias abrigadas na Casa da Memória. Na foto, mapa de Curitiba de 1862. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
Mapas do século XVII estão entre as relíquias abrigadas na Casa da Memória. Na foto, mapa de Curitiba de 1862. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
Manuscrito com os provimentos de correção do Ouvidor Raphael Pardinho, que data do ano de 1723. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
Manuscrito com os provimentos de correção do Ouvidor Raphael Pardinho, que data do ano de 1723. Foto: Reprodução/ Acervo Casa da Memória
Itens diversos como obras de artes, caricaturas e rótulos antigos também fazem parte do acervo. Na foto, caricatura de Eloy (pseudônimo de Alceu Chichorro). Reprodução Acervo Casa da Memória
Itens diversos como obras de artes, caricaturas e rótulos antigos também fazem parte do acervo. Na foto, caricatura de Eloy (pseudônimo de Alceu Chichorro). Reprodução Acervo Casa da Memória
*Especial para a HAUS

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