Velha guarda do Ippuc discute problemas urbanos de Curitiba

Daliane Nogueira
17/03/2016 19:48
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Abrão Assad, Osvaldo Navaro e Alan Cannell (todos no sofá) durante evento No Sofá da Haus, que foi conduzido por Larissa Jedyn, editora da Haus e pelo repórter Luan Galani. Fotos: Pedro Serápio / Gazeta do Povo. | Gazeta do Povo

O primeiro evento No Sofá da Haus de 2016 reuniu três importantes nomes na história do planejamento urbano de Curitiba na noite desta quarta-feira (16), no teatro do complexo cultural A Fábrika. O engenheiro civil Alan Cannell e os arquitetos Abrão Assad e Osvaldo Navaro fazem parte da “velha guarda” do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Juntos, eles foram responsáveis por importantes mudanças e projetos na paisagem de Curitiba e demonstraram opiniões contundentes sobre o atual panorama da cidade e seu futuro.
Cannell é um dos principais nomes internacionais quando o assunto é transportes e trânsito, Assad foi responsável pelo fechamento da Rua XV e pelo projeto das Estações Tubo, e Navaro foi quem encabeçou diversas mudanças e vanguardismos adotados pela cidade.
A plateia com mais de 100 pessoas ouviu atenta as histórias de bastidores dos momentos importantes que o trio viveu junto a diferentes governos da capital. Além disso, eles fizeram considerações sobre a possível implantação do metrô em Curitiba, as ciclofaixas, área calma, lobby político no desenvolvimento de projetos e as mudanças implantadas pela atual gestão da Prefeitura de Curitiba.
Metrô
O ponto alto da discussão foi o debate sobre o metrô. Todos são contra o uso do modal na cidade, entendendo que há vários entraves para a implantação. “Se tivermos que enterrar alguma coisa em Curitiba que seja os postes e fios de luz, que deixam a cidade feia e poluída visualmente”, disse Abrão Assad.
Na opinião de Navaro, o subsídio municipal, em uma cidade com o porte de Curitiba, é inviável para manter um sistema de metrô. “Seriam necessários aproximadamente R$ 20 milhões por mês para o funcionamento do sistema. Para uma prefeitura conseguir todo esse aporte é quase impossível. Em outras partes do mundo, os metrôs são subsidiados com recursos dos governos estaduais ou federais”, afirmou.
Outro ponto discutível, na opinião dos convidados, é o fato de o novo modal atrapalhar o que já existe na capital, como as canaletas por onde passam os biarticulados. “Trata-se de uma obra custosa e demorada. São pelo menos 10 anos de construção. Vale mais a pena ampliar o que se tem, lembrando que a demanda por passageiros cai ano a ano. O sistema não entrou em colapso, não está esgotado. Ele precisa de melhorias para atender os passageiros a contento”, defende Cannell.
Trânsito
A plateia pode fazer perguntas para os convidados. E entre os temas abordados entrou o trânsito, especialmente a área calma e as novas ciclofaixas e ciclorrotas. “A área calma pode estar ajudando, mas a lógica dos semáforos ainda atende ao limite de 60 km/h, o que induz o motorista a acelerar. É preciso ter dados mais transparentes e mostrar se realmente diminuiu o número de acidentes e atropelamentos”, enfatiza Cannell.
Responsáveis pelas primeiras ciclovias de Curitiba, Navaro e Cannell entendem que, ainda que a atual administração tenha ampliado a atenção para quem usa a bicicleta como meio de transporte em Curitiba, falta um projeto mais bem estruturado para atender a real necessidade de quem pedala diariamente.
Veja algumas pessoas que acompanharam o No Sofá da Haus.
Abrão Assad, Osvaldo Navaro e Alan Cannell.
Abrão Assad, Osvaldo Navaro e Alan Cannell.
Plateia lotou o teatro do complexo cultural A Fábrika.
Plateia lotou o teatro do complexo cultural A Fábrika.
Eduardo Sinegaglia, Thamires Pamplona e Maria Clara Schafaschik, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.
Eduardo Sinegaglia, Thamires Pamplona e Maria Clara Schafaschik, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.
A arquiteta Maylin Ling e o economista Marcelo Ling.
A arquiteta Maylin Ling e o economista Marcelo Ling.
A designer Mariana Hermanson.
A designer Mariana Hermanson.
A fotógrafa Alessandra Moretti.
A fotógrafa Alessandra Moretti.
Aline Skodowski e Clever Dias, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.
Aline Skodowski e Clever Dias, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.
Rosangela Müller e Cristiane Soiffi, estudantes de Engenharia Industrial da UFPR.
Rosangela Müller e Cristiane Soiffi, estudantes de Engenharia Industrial da UFPR.
Camille Seleme e Roberto Melo, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.
Camille Seleme e Roberto Melo, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.
No Sofá da Haus recebeu um público de aproximadamente 100 pessoas que puderam ouvir e conversar sobre o futuro de Curitiba.
No Sofá da Haus recebeu um público de aproximadamente 100 pessoas que puderam ouvir e conversar sobre o futuro de Curitiba.
Veja o vídeo:

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