Uma explosão de cores e formas que convidam a uma casa acolhedora e carregada de personalidade, sem deixar de lado o calor e aconchego que um lar deve oferecer. Esta é a mensagem que fica da 58ª edição do Salão Internacional do Móvel de Milão, realizado na Itália no último mês de abril.

No trabalho dos nomes estrelados ou dos jovens designers, dos móveis que remetem ao retrô aos que trazem uma proposta contemporânea (quase futurista), era nítida a intenção de fazer das peças mais do que um objeto de desejo e contemplação, mas um item capaz de aliar funcionalidade a uma estética que convida ao bem-estar.

A reportagem de HAUS esteve em Milão e lista 11 macrotendências por onde o design caminhará. Dá para explorar muito nos ambientes. Aproveite!

Dizer que as cores invadiram o Salão do Móvel de Milão não é exagero. Depois de anos com predominância dos tons de cinza e de um flerte com verdes, azuis e vermelhos mais fechados, as marcas se despiram da sobriedade e trouxeram um colorido vibrante para peças que vão do quarto à cozinha. Para agradar aos mais discretos ou menos ousados, as tonalidades pastel foram a aposta, assim como os tons terrosos, quentes e aconchegantes.

Vidro, couro, madeira, tecido, metal e o que mais a imaginação (e o desenho) permitirem. A mistura de materiais foi uma constante no mobiliário e resulta em peças com estética instigante e texturas diversas, que compõem bem em diferentes estilos de decoração.

Junto com as cores, as formas orgânicas brilharam nos estandes do Salão do Móvel. O adeus aos cantos, que já era forte na edição 2018 do evento, se consolidou trazendo as linhas arredondadas na assinatura de grandes estrelas do design mundial, como Patricia Urquiola, Tom Dixon, Jasper Morrison, Paola Lenti, entre outros. Com uma pegada que remete ao estilo oitentista, elas aparecem nos estofados, mesas e até nas camas.

As formas de morar vêm mudando e é claro que as marcas estão atentas a este movimento. Dos nomes mais tradicionais aos mais novos e descolados, o que se viu em Milão foi a aposta em peças com dimensões enxutas e que fazem da multifuncionalidade uma aliada dos espaços pequenos. Porém, isto não significa o abandono dos volumes suntuosos e robustos, que mantêm o seu posto e aparecem princi-
palmente nos estofados generosos, que promovem conforto ao mesmo tempo em que se tornam o ponto focal dos ambientes mais amplos.

Ela é uma unanimidade quando o assunto é proporcionar aconchego aos ambientes, e no Salão do Móvel manteve sua majestade. Em tonalidades claras, escuras e naturais, a madeira reinou soberana tanto sozinha como em composições com o metal ou outros materiais, que a fazem transitar do clássico ao moderno.

Há tempos o design brasileiro marca presença na Semana do Móvel de Milão. Neste ano não foi diferente. De estandes no pavilhão 20, principal da Rho Fiera, que abriga o evento oficial, a mostras
inteiras no Fuorisalone, os profissionais e peças com DNA brazuca foram exaltados neste que é o maior e mais tradicional evento do setor do mundo.

O acabamento laqueado, com aspecto bem liso – brilhoso ou fosco –, reinou nas marcas, especialmente as de móveis planejados, por muito tempo. Nas últimas três edições do Salão de Milão o produto tinha praticamente sumido e agora volta a aparecer em algumas marcas, quase sempre acompanhado das cores. Essa, com certeza, é uma tendência que facilmente passará a ser usada nos projetos por aqui.

Outro material que vai e volta nos produtos de design, especialmente os estofados, é o couro. Em 2019 Milão entregou sofás e poltronas com padronagens de couro mais lisas e em tonalidades diversas, mas com um peso maior para os tons sóbrios, variando do bege ao verde.

Tampos e fechamentos de móveis com espessuras menores, além de bases com menos material foram constantes nos lançamentos apresentados. O design limpo, flertando com linhas arquitetônicas, teve presença especial.

Embora a feira gravite em direção ao mundo do design, muitos arquitetos renomados participaram da exposição, apresentando peças com apuro estético. O conhecimento em formas e estruturas, além da marca dos escritórios nos prédios propostos, fica evidente no resultado dos móveis.

Uma influencia a outra e ambas influenciam o design. É assim que tecnologia, sustentabilidade e design caminham juntos para pensar o futuro do consumo e do morar. Nesta esteira surgem produtos feitos com bioplástico, móveis hiperconectados e luminárias inteligentes. A cada edição Milão reafirma essa perspectiva de forma mais clara.