Adaptações em casa deixam a vida do idoso mais confortável

Mariana Domakoski*
16/10/2016 11:47
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Aparatos de segurança no banheiro, altura de armários e atenção para o chão são alguns dos pontos a serem levados em conta para adaptar a casa para idosos. Fotos: Jeff Beck Photography/ReproduçãoHouzz (esq.) e Pixabay (dir.)

Com o passar dos anos, várias mudanças acontecem no corpo das pessoas, e muitas delas dificultam ou impedem a realização de atividades que antes eram corriqueiras. Em alguns casos, o idoso precisa de atenção constante, mas em outros é possível manter a independência com algumas mudanças simples na casa. Elas melhoram a qualidade de vida, facilitando tarefas do dia a dia e até mesmo evitando acidentes. “A casa deve se adaptar ao indivíduo, e não o contrário”, atesta a professora do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Taiuani Marquine Raymundo, que desenvolve projetos voltados à terceira idade na instituição.
De acordo com Márcia Sena, especialista em qualidade de vida na terceira idade e fundadora e proprietária da Senior Concierge, de São Paulo, que oferece serviços para a terceira idade, entre os lugares nos quais mais acontecem acidentes com idosos dentro de casa estão a cozinha e o banheiro, por serem áreas consideradas úmidas. Em todos os ambientes, as portas devem ter, no mínimo, 80 cm de largura, para possibilitar a passagem de andadores e cadeiras de rodas. No caso de maçanetas das portas, as do tipo alavanca são as melhores, porque facilitam na hora de abrir. Os famosos pesos de porta não são aconselhados, porque podem gerar tropeços e quedas. No lugar deles, instale um prendedor daqueles que ficam na própria porta e no piso.
Foto: Reprodução/Pinterest
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Para quem tem área externa, uma cobertura é bem-vinda, para evitar que fique molhada e escorregadia com a chuva. Se for possível, instalar um piso mais áspero, que evite escorregões. O piso, aliás, é um ponto que deve ter muita atenção em todos os cômodos, segundo Taiuani. Ela explica que o indicado é que seja sempre de cor clara. “Deixa mais fácil perceber se há algum objeto no chão, evitando tropeços”, explica.
Ainda de acordo com a professora, tapetes são um dos objetos de decoração menos indicados mas, se a opção é mantê-los, devem ter cerdas curtas, contrastar muito com o piso, além de serem fixados com fita antiderrapante.
Escadas devem ter corrimão dos dois lado, assim como corredores extensos. Isso porque a parede não é um bom apoio, já que não permite que o idoso se segure.

Cozinha e área de serviço

Para um idoso, a cozinha precisa ser muito mais iluminada. O ideal é chamar um eletricista para fazer a adequação. A altura dos armários também deve ser repensada, ficando mais embaixo. “Muitas vezes a pessoa mora há 30, 40 anos na mesma casa. Os artigos precisam acompanhar a sua postura, que vai mudando, por conta da perda de massa e de dores”, afirma Márcia.
Foto: Reprodução/Pinterest
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Se a adaptação da altura não é possível, o indicado é transferir os itens mais usados para locais de alcance mais fácil, por exemplo, segundo Taiuani. Se o armário for muito profundo, deixe os artigos somente à frente. “Mudanças simples podem evitar que o idoso se sinta dependente dos outros. Desta forma, ele consegue alcançar a panela e os ingredientes para fazer a própria comida, sem precisar pedir ajuda”, explica ela.
Passadeiras não são recomendadas, porque podem gerar quedas, alerta Márcia. Mas, se a preferência for por tê-las, a especialista diz que é necessário fixá-las ao chão com fita antiderrapante específica para tapetes.
Além disso, é importante prestar atenção aos botões de acendimento do fogão: devem estar localizados em cima, e não nas laterais, para evitar que o idoso esbarre e se machuque. Taiuani alerta que o ideal é manter a tampa sempre aberta, para não haver risco de estourar o vidro. “Muitas pessoas esquecem que ela está fechada e acendem o fogão”, explica. Melhor ainda se for possível trocar o fogão a gás pelo elétrico, como afirma ela.
Na área de serviço, o varal de roupas também deve passar por uma avaliação. Trocar o de teto por uma opção de chão, mais ao alcance das mãos, pode ser uma alternativa.

Banheiro

É um espaço que deve ser muito bem iluminado, para evitar confusões entre a parede e o piso, que dever ser antiderrapante também, já que é uma área úmida. Barras de apoio devem estar presentes em todo o espaço, mas, principalmente, no box e perto do vaso sanitário. Existe a opção de assento elevado com alturas diferentes, de acordo com a necessidade. “Com a idade, pode ficar mais difícil de sentar e levantar. Esse assento ajuda nessa questão”, explica Márcia.
Foto: Jeff Beck Photography/Reprodução Houzz
Foto: Jeff Beck Photography/Reprodução Houzz
Ela também chama a atenção para o lixinho ao lado do vaso. Quanto mais simples de tirar a tampa, melhor. O ideal, segundo ela, é que tenha abertura e fechamento automáticos. Aqueles com acionamento com o pé não são uma boa opção, porque podem causar desequilíbrio.
No box, o ideal é que não exista degrau para entrar e que o piso também seja antiderrapante. O desnível máximo indicado é de 1,5 cm. Se for superior a isso, deve-se fazer uma rampa. Barras de apoio podem ser complementadas por uma cadeira higiênica, que permitem que a pessoa tome banho sentada. A porta deve ser de material firme, como acrílico ou vidro. As cortinas de box não são indicadas, porque podem enroscar na perna da pessoa além de deixarem a água sair com facilidade, molhando o banheiro e gerando um ambiente propício a quedas, como explica Tauani.

Quarto

Márcia é enfática quanto a esse ambiente: “Deve-se deixar tudo o mais simples possível”. Poucos elementos e muita área de circulação são as palavras de ordem para o quarto de um idoso. Entre a cama e a parede ou um móvel deve existir bastante espaço, para a movimentação. A cama deve ter uma altura que permita que a pessoa encoste completamente os pés no chão quando estiver sentada e que a deixe com as pernas formando um ângulo de 90º.
Ao lado, a mesa de cabeceira é importante e deve ter a mesma altura da cama, além de ser firme, feita com material forte. “Assim, o idoso pode usá-la para se apoiar”, explica Márcia. Um abajur ou outra fonte de luz deve estar nesse criado-mudo, com botão de liga/desliga ao alcance das mãos. Melhor ainda se houver iluminação com sensor de presença. “Muitas vezes eles acordam no escuro, para ir ao banheiro, e não ascendem a luz. É uma armadilha. Com o interruptor à mão, esse risco não existe”, explica.
Foto: Reprodução/Pinterest
Foto: Reprodução/Pinterest
Sapatos devem estar sempre guardados, para que o idoso não tropece, alerta Taiuani. Roupas e outros artigos mais usados deve estar nas prateleiras mais acessíveis. Cuidado extra com a colcha, para que ela não arraste no piso.

Sala

Ambiente que geralmente concentra grande quantidade de tapetes, a sala pode ser um ambiente perigoso. Para evitar acidentes, o ideal é que eles sejam sempre de cerdas curtas e fixados no chão com fita antiderrapante. Fios expostos de aparelhos de televisão, ventilador, som, entre outros, também devem ser evitados. Enrole e prenda os fios na parede com fita adesiva, ou use os espirais que agrupam.
Taiuani aponta para a importância de se ter um lugar fixo para organizar os controle remotos. Móveis de formas arredondadas são os mais indicados por não terem cantos, nos quais o idoso possa esbarrar e se machucar. Outra solução para isso são os protetores de quinas. No sofá, evite o uso de mantas, porque podem arrastar no chão e gerar quedas.
Foto: Reprodução/Pinterest
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*Especial para a Gazeta do Povo

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