Mais do que metragem quadrada e padrão dos acabamentos, o nome de um edifício pode garantir o sucesso ou o fracasso de um empreendimento imobiliário. E isso não diz respeito somente aos edifícios novos, mas também aos antigos, que podem ficar com “má fama” se tiverem sido batizados com nomes que não agradem aos moradores e vizinhos.

Quem garante são os incorporadores e especialistas em marketing. Segundo eles, mesmo não sendo possível provar de forma estatística, como ocorre com os primeiros atributos, o nome interfere, sim, na identificação que o morador ou futuro comprador tem com o imóvel.

“O nome pode diferenciar o empreendimento positiva ou negativamente, e esta é uma questão muito comportamental. Ele não pode estar ligado a coisas negativas, mesmo que em outros idiomas, e tem que ser bem pensado para que seja inconfundível“, explica Douglas Zela, consultor de marketing, professor universitário e coordenador das áreas de Marketing e Comunicação da FAE Business School.

Por isso, cada vez mais as construtoras têm investido em estratégias para a escolha de nomes que identifiquem os empreendimentos de acordo com suas características e público-alvo a que se destinam, o que é uma espécie de “fórmula” para o sucesso.

Na construtora Thá, uma das mais tradicionais de Curitiba, a seleção do nome é resultado de um trabalho realizado em parceria com a agência de publicidade contratada para este fim. “O nome geralmente está relacionado à localização e aos traços arquitetônicos do projeto, para o qual a agência sugere de três a cinco opções, em média”, explica Marcello Thá, diretor de incorporação do Grupo Thá.

Assim foram batizados, por exemplo, os dois recentes lançamentos da construtora: Maison 29 (com linha arquitetônica francesa e localização próxima à Praça 29 de Março) e o Rio Rhône (empreendimento de alto padrão cujo nome faz referência a um rio francês).

Mais do que isso, a linha “Rio” é quase uma marca registrada da Thá e está presente em mais de 30 empreendimentos espalhados pela cidade, sendo o primeiro deles o Rio Araguaia, entregue em 1981.

“A linha ‘Rio’ refere-se aos empreendimentos de alta metragem e especificação de acabamentos com arquitetura atemporal. Foi ela quem fez com que o jargão ‘qualidade Thá’ surgisse, na década de 1980″, lembra Marcello.

Outra empresa que vê no nome uma forma de agregar valor ao produto e que conta com o apoio das agências de publicidade neste processo é a Cyrela. A gerente de incorporação da construtora, Silvia Fernandes, conta que houve um caso em que o nome do produto – que ainda não foi lançado – fez com que empresa alterasse o paisagismo e a decoração condominial do projeto para que eles ficassem em sintonia.

“Em 2012, lançamos o Le Chateau e um segundo empreendimento, que não teve o mesmo [desempenho] do primeiro. Então, retiramos este produto do mercado, mudamos a campanha e o nome – ele passou a se chamar Grand Vert – e o relançamos dois anos depois. Foi um sucesso”, conta ao exemplificar a influência que o nome tem sobre os empreendimentos, especialmente em Curitiba. “Em São Paulo, as pessoas falam que moram na rua tal. Aqui, muita gente fala ‘moro no Grand Vert‘, ‘moro no Maison Classique‘. O curitibano usa muito o nome do empreendimento”, acrescenta.

Se você não aprecia o nome do condomínio onde mora, saiba que é possível alterá-lo. Para isso, no entanto, é necessário que a mudança e a definição do novo nome sejam aprovadas por todos os proprietários de imóveis do empreendimento (inquilinos não votam), como explica Arthur Henrique de Pontes, advogado do Sindicato da Habitação e Condomínio do Paraná (Secovi-PR).

“Depois de a mudança ser aprovada em assembleia, o próximo passo é alterar a convenção do condomínio, para a inserção do novo nome, e registrá-la em cartório. Com base nela é que a alteração será feita nos outros órgãos”, acrescenta. Ou seja, o novo nome deverá ser atualizado em todos os documentos oficiais do empreendimento e nos contratos das empresas com quem o condomínio mantém relações, como concessionárias de água e energia e registros trabalhistas.
Tal burocracia pode ser um dos motivos pelo qual, mesmo sendo possível, a mudança de nome dos empreendimentos não seja algo comum, como lembra Pontes.